Chino Moreno explica por que destratou Metallica e bandas de nu metal em 2003

Deftones se juntou aos gigantes do thrash, além de Limp Bizkit, Linkin Park e Mudvayne na Summer Sanitarium Tour

O site Stereogum entrevistou Chino Moreno para a série “We’ve Got a File on You” – “Temos um arquivo seu”, em uma tradução livre. O tema que mais rendeu foi uma entrevista de 20 anos atrás, quando o Deftones participou da turnê Summer Sanitarium. Organizada pelo Metallica, a excursão ainda trazia Limp Bizkit, Linkin Park e Mudvayne.

O que Chino Moreno disse na ocasião

A conversa de 2003 foi conduzida pela revista Revolver. O vocalista não se fez de rogado e deixou claro seu descontentamento com a posição do grupo na ordem de atrações, sendo o segundo show dos cinco. Ele disse:

“Um grande problema para mim foi abrir para Limp Bizkit e Linkin Park, duas bandas que não existiriam se não fosse por mim, na verdade! Mas no final estou muito energizado e não vou lá para fazer amigos e me divertir. Estou lá para deixar as pessoas de queixo caído.”

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Sobrou até uma crítica para os donos da festa.

“O Metallica tem um vasto catálogo. Mas ao vivo? Os filhos da p*ta ficam lá parados tocando. Nós vamos arrasar com a merda deles. Nós vamos explodir esses filhos da p*ta.”

Mesmo a turma do nu metal que não estava na tour acabou levando umas cutucadas.

“Honestamente, não acho que o Korn fez um bom último disco [à época ‘Untouchables’]. E o Papa Roach gravou um bem chato [‘Lovehatetragedy.] No caso do Korn, parece que tentaram ser mais comerciais e perderam a energia. Os antigos tinham muita intensidade. À medida que avançam, é a mesma coisa – infâncias ruins e mães más. Envelhece depois de um tempo. Quantos anos tem Jonathan? 30? Há quanto tempo ele não mora com os pais? Tente ir para outro lugar. Se você é genuíno e escreve sobre o que quer que esteja despertando a emoção agora, não pode se deixar levar.”

Reflexão posterior

Duas décadas mais tarde, Chino Moreno refletiu sobre a situação. E confessou ter sido motivado pelo ato de ser contrariado pela própria banda.

“Aquilo foi péssimo. Lembro que quando publicaram, usaram uma foto em que eu estava fazendo uma careta. Estava bravo porque realmente não queria fazer aquela turnê. Não foi por causa do Metallica. Eu amo o Metallica, mas na época tinha o Limp Bizkit e o Linkin Park, que eu também não desprezo. Mas ainda estávamos tentando manter distância do nu metal. E era basicamente o Metallica com todas as bandas do movimento na época. Acho que o Mudvayne também participou.

Não queria fazer aquela turnê, mas era o único contrário na banda. Poderia ter sido uma explosão. E foi, na maior parte. Mas foi uma daquelas decisões difíceis que eu simplesmente não queria tomar. Não acho que foi a melhor coisa para nós como banda naquele momento em que você está tocando cedo em um estádio que comporta 70 mil pessoas e ele está praticamente vazio.

Em um espaço tão grande você fica desconectado das pessoas. Era uma grande oportunidade e não quero parecer ingrato, mas não queria participar. Então, quando me perguntaram sobre isso, apenas dei minha opinião de que não estava realmente interessado nisso. E saiu como se eu estivesse apenas sendo um idiota.”

Moreno foi então questionado sobre a decisão do Deftones de se afastar do nu metal como um todo, algo que mantém até hoje. O cantor citou um momento ocorrido no festival “Sick New World”, que contou com várias atrações do período.

“O show foi divertido, sinto que já passou algum tempo. Mesmo assim, depois que acabou, fomos abordados pelo The New York Times. Eles queriam escrever um artigo sobre isso, mas eu não quis falar. Quer dizer, daria uma ótima repercussão, certo? Mas então, com certeza, quando a reportagem saiu, eu li e era tudo sobre a volta do nu metal e blá, blá, blá.

Novamente, eu meio que tive que me esquivar de algumas dessas coisas. Sim, nós participamos disso, mas também não quero que isso pareça uma tentativa de lucrar com a volta do nu metal, entende o que quero dizer? Então é tipo, sim, nós fizemos parte disso, mas ainda temos que estar conscientes de certas coisas como essa.”

O frontman finaliza deixando claro não querer mais briga com ninguém. Porém, também pede que a imprensa reflita sobre a maneira como transcreve suas declarações.

“A imprensa sempre quer vender algum drama ou sujeira. Alguém me pergunta: ‘O que você acha do Papa Roach?’ Bem, eu não sei. Eu não ouço Papa Roach. Mas não quero dizer nada de ruim sobre a banda. Cara, eles são os garotos mais legais, também da região de Sacramento. Quando eram crianças, às vezes eu saía pela porta da frente e o baterista estava no meu gramado, tipo, ‘Ei, e aí, cara?’ São amigáveis, ótimos garotos. Fiquei muito feliz com o sucesso deles. Mas se não tivesse nada de positivo para dizer imediatamente seria como se estivesse falando m*rda.

Então, obviamente, há algumas músicas que eu não gosto muito, mas procuro não falar nada negativo. Anos atrás, me fizeram esse tipo de pergunta e, estupidamente, eu disse: ‘Eu realmente não entendo o Coldplay. Sempre que toca, não me comove de forma alguma.’ Disse apenas isso e as pessoas entenderam ‘Chino odeia Coldplay’. Eu não odeio Coldplay. Você sabe o que eu quero dizer? Eu realmente não odeio nenhuma música ou algo assim, mas há algumas coisas que eu não escuto.”

Crosses e Deftones atualmente

Na última sexta-feira (13), Chino Moreno lançou “Goodnight, God Bless, I Love U, Delete.”, novo álbum do projeto Crosses.

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O Deftones promete um novo disco para 2024. “Ohms”, o mais recente, saiu em 2020. O trabalho chegou ao Top 10 em 12 paradas nacionais, com destaque para o 5º lugar nos Estados Unidos, marca repetida no Reino Unido.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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