Atenção: este texto é apenas sobre o show de Bruno Mars neste domingo (3) de The Town. Clique aqui para conferir artigo com a cobertura completa do site, com outras apresentações e experiência geral.
Bruno Mars fez não apenas o show mais aguardado desta edição inaugural de The Town. Sua apresentação era talvez a mais esperada de todos os eventos de Roberto Medina desde a volta do Rock in Rio ao Brasil, em 2011. Não à toa, foi o único headliner entre tais festivais a fechar duas datas na programação — exceção feita a Maroon 5 tendo que substituir uma enferma Lady Gaga às pressas, esta foi a primeira vez que isso aconteceu desde 1991.
A expectativa foi correspondida, apesar de nuances precisarem ser destacadas. Deixo claro, antes de tudo, que uma apresentação tecnicamente impecável foi oferecida por Mars e sua banda de apoio composta por Luke Kennedy Aiono (guitarra), Jamareo Artis (baixo), Eric Hernandez (bateria), John Fossit (teclados), Kameron Whalum (trombone e backing vocals), James “Jimmy” King (trompete e backing vocals), Dwayne Dugger (saxofone) e Philip Lawrence (backing vocals).
Bruno, além de um senhor vocalista, é um performer completo — dança, se comunica e tem carisma raro entre popstars contemporâneos. Como bom multi-instrumentista que é, fez questão de se cercar de músicos incríveis. Vale destacar que a rotatividade em seu grupo de apoio é bem baixa, com vários integrantes permanecendo ao lado dele desde o início, um indicativo de que ele também é um bom chefe.
Porém — e este é um “porém” bem pequeno, já que isso não atrapalhou a experiência de modo geral —, seu espetáculo atual parece ter sido desenhado para as apresentações como residente que tem realizado em Las Vegas. Espaços grandes, todavia, mais intimistas que Interlagos para 100 mil pessoas.
Isso pode ser notado em algumas escolhas de repertório que deixaram o público ligeiramente aéreo em certos momentos. Alguns exemplos de números que funcionam melhor em seu espetáculo como residente nos EUA do que em um superfestival como o The Town:
- a altamente noventista “Calling All My Lovelies” (apesar do momento de puro carisma com Bruno falando “quero você gatinha” e se chamando de Bruninho);
- a jam estendida na segunda metade de “Billionaire” (canção muito conhecida no país após ter ganho versão em português de, veja só, Claudia Leitte);
- a enroladíssima interação “vocês estão muito quietos, vamos ficar quietos também” de “Runaway Baby”;
- o compilado de hits encurtados no teclado iniciando em “F*ck You” (de CeeLo Green, mas coescrita e coproduzida por Mars) e terminando na extremamente cantada pela plateia “Leave the Door Open” — valeria a pena, inclusive, tocar na íntegra algumas das canções deste medley, até porque muitos fãs adorariam ouvir um pouco mais de Silk Sonic, projeto do astro com Anderson Paak.
É caçar pelo em ovo, há de se reconhecer. Todo o resto beirou a perfeição. 99% é muita coisa. Nota 9,9 em 10, exceção feita a programas de auditório da TV Globo, vale demais.
Mars, é importante observar, adapta a máxima “você é o que você come” para a audição: ele “é” o que escuta por toda a vida. Seu som transpira Motown e especialmente R&B noventista, lado este assumido ainda mais a partir de seu álbum solo mais recente, “24K Magic” (2016). É meio brega — e é exatamente por isso que é muito bom. A fórmula já conhecida ganha nova roupagem e até alguns contornos reggae aqui, pop contemporâneo acolá de um músico que está entre os melhores do planeta no que faz. Como cereja de bolo, um já mencionado carisma que o levou a até quebrar seu protocolo e atender a um pedido dos fãs brasileiros para tocar “It Will Rain”, fora do repertório atual. Não tem como dar errado.
Alguns momentos de destaque se deram durante a fofa “Treasure”, o blues-reggae “Liquor Store Blues” (ainda que apenas um trecho), as demonstrações de potência no gogó em “Versace on the Floor”, o trecho de “Evidências” (Chitãozinho e Xororó) executado pelo tecladista John Fossitt e o acionamento final da metralhadora de hits com “When I Was Your Man”, “Locked Out of Heaven”, “Just the Way You Are” e “Uptown Funk”. Mas a apresentação inteira é um deleite para quem ama música independentemente de gêneros.
Faz muito bem ter alguém como Mars entre os maiores popstars do planeta. Seu show se diferencia por ser 100% ao vivo e apostar muito mais na performance musical do que no visual, como figurinos elaborados ou artes cinematográficas em telão. Temos Bruno, seus músicos de apoio, iluminação caprichada, um pouco de fumaça e é isso. Precisa de mais?
Repertório — Bruno Mars no The Town
- 24K Magic
- Finesse
- Treasure
- Liquor Store Blues (trecho)
- Billionaire
- Calling All My Lovelies / Wake Up in the Sky
- That’s What I Like
- Please Me
- Pure Imagination (instrumental)
- Versace on the Floor
- It Will Rain
- Marry You
- Runaway Baby
- F*ck You / Young Wild and Free / Grenade / Talking to the Moon / Nothin’ on You / Leave the Door Open
- When I Was Your Man
- Evidências / Still D.R.E
(instrumental) - Locked Out of Heaven
- Just the Way You Are
Bis:
- Uptown Funk
Atenção: este texto é apenas sobre o show de Bruno Mars neste domingo (3) de The Town. Clique aqui para conferir artigo com a cobertura completa do site, com outras apresentações e experiência geral.
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Foi a análise mais sincera e acertada! O show foi 99% incrível! rs