John Lennon não era uma figura de muitas cerimônias na hora de criticar qualquer coisa que o incomodasse. A situação se estendia até mesmo ao próprio trabalho. Sendo assim, não é exatamente uma surpresa descobrir que ele não tinha palavras muito entusiasmadas para com o álbum que delimitou o fim da parceria entre os Beatles.
Durante entrevista à Rolling Stone em 1970, resgatada pelo Showbiz Cheatsheet, o líder do grupo deixou registradas suas impressões sobre “Abbey Road”, 11º disco do Fab Four. E ao contrário do que pensavam os colegas, ele não gostava do play. Especialmente em sua parte mais elogiada.
“Aprecio o lado A, mas não curti aquele estilo pop opera do outro. Talvez justamente porque parece um monte de retalhos costurados, ao invés de canções completas.”
Posteriormente, Lennon se mostrou meio confuso em relação à adoração da qual o disco gozava entre fãs e críticos.
“Todo mundo elogia muito ‘Abbey Road’. Mas nenhuma das músicas tinha nada a ver umas com as outras. Nenhum fio condutor, apenas o fato de que as juntamos.”
O favorito de John Lennon
Em outra entrevista, desta vez à Penthouse, John Lennon exaltou o seu preferido: “The Beatles”, o popular White Album.
“Paul estava sempre chateado com o Álbum Branco. Ele nunca gostou porque, naquele, eu fiz minha música, ele fez a dele e George fez a sua. E primeiro, ele não gostava que George tivesse tantas faixas. Ele queria que fosse mais uma coisa de grupo, o que realmente significa mais Paul. Então ele nunca gostou daquele álbum, e eu sempre o preferi a todos os outros, inclusive ‘Sgt. Pepper’, porque achava que a música era melhor. O mito do Pepper é maior, mas a música do Álbum Branco é muito superior, eu acho.”
Beatles e “Abbey Road”
Lançado em 26 de setembro de 1969, “Abbey Road” não foi o último lançado, mas marcou a derradeira reunião dos quatro músicos em estúdio. A proposta era resgatar o clima dos primeiros anos, após as malfadadas sessões de “Let It Be”, que a médio prazo acabariam por causar a implosão da banda.
A sonoridade intensifica a aproximação com o rock progressivo, além de experimentos como o feito por Paul McCartney no medley que encerra o tracklist.
Abbey Road vendeu mais de 31 milhões de cópias em todo o mundo. Chegou ao topo de várias paradas, incluindo as dos Estados Unidos e Reino Unido.
A capa foi feita em uma sessão com o fotógrafo britânico Ian MacMillan. Como resultado, até hoje ninguém mais atravessa aquela rua de forma convencional. Também é a única em que o nome da banda e do álbum não aparecem.
“Abbey Road” considero uma obra prima, da primeira à última faixa, incluindo a de abertura do próprio Lennon que se indspôs com a sequência super criativa do lado b, que denota o nível de criatividade originalidade e capacidade de produção artística da banda! Para mim, só deve ao “Revolver” e “Sgt. Pepper’s…” em resultado final.