Empresário do Guns N’ Roses nos anos dourados, Alan Niven acompanhou toda a ascensão do grupo. Trabalhou com Axl Rose (voz), Slash (guitarra solo), Izzy Stradlin (guitarra rítmica), Duff McKagan (baixo) e Steven Adler (bateria) entre 1986 e 1991, estando presente enquanto era desenvolvido o histórico álbum “Appetite for Destruction” (1987).
Ainda que os músicos pudessem parecer “perdidos” diante do público, em função de seus vícios, havia grandes ambições por trás. Niven percebeu logo de cara.
Em entrevista à Classic Rock, o empresário e produtor musical revelou como a expectativa de Slash com o sucesso da banda mostrou que ele era um guitarrista diferenciado.
“Logo de início achei que ele poderia estar acima da média quando lhe perguntei o que ele queria da banda, de sua forma de tocar… ele disse: ‘eu quero ser reconhecível’. Ele não estava se referindo a uma cartola, ao visual. Ele estava falando sobre desenvolver um estilo pessoal na música que pudesse ser identificável.”
Para ilustrar melhor o ponto de vista, Niven citou alguns guitarristas que, em sua opinião, conseguiram atingir tal patamar.
“Pense em Santana. Pense em Robin Trower. Pense em Peter Green. Todos têm seu feeling e som. Predominantemente determinado por suas mãos esquerdas.”
O manager, então, reforçou que Slash queria uma identidade musical forte muito mais do que outros elementos que seriam atrativos à maior parte dos músicos.
“Slash não disse que queria uma casa, um fluxo interminável de garotas, um Aston Martin (carro esportivo de luxo). Ele queria desenvolver sua técnica para que ela tivesse um caráter identificável. Esse é um músico inteligente e especial.”
Alan Niven, Axl Rose e Guns N’ Roses
As palavras de Alan Niven sobre outra liderança artística do Guns N’ Roses, o vocalista Axl Rose, não são exatamente das melhores. O empresário foi demitido durante as sessões de gravação dos álbuns “Use Your Illusion” (1991) por conta de conflitos com o cantor.
Durante a mesma entrevista, Niven trouxe à tona como o frontman dificultava seu trabalho. O comentário indica, inclusive, que o mal-estar entre Axl e os outros integrantes se mostrava presente desde os primórdios do grupo.
“O Guns consumiu muuuuito da minha energia […] Tirei o Guns das ruas para fazer show esgotado no estádio de Wembley. Não houve nenhuma gratidão de Axl, com quem eu tinha que trabalhar contra, de vez em quando. Izzy, Slash e Duff às vezes me ligavam e diziam: ‘Você ouviu o que ele quer fazer agora, Niv? Você tem que cortar pela raiz’.”
Na sequência, o profissional relembrou uma situação específica.
“Um bom exemplo é que Axl se recusou a fazer turnê do Aerosmith [ainda no fim dos anos 1980]. Ele me disse para cancelar. Eu tinha assinado um contrato com cinco indivíduos conhecidos coletivamente como GN’R. Minha responsabilidade era com o todo, com a entidade, não apenas com o vocalista. Eu recusei. Ele estava chateado. Me baniu da turnê por três semanas, quando todos sabiam que estava indo muito bem e era o ponto alto da carreira da banda.”
Por fim, Niven disse considerar o álbum “Chinese Democracy” (2008) um trabalho solo de Rose, por não contar com os demais integrantes clássicos. Também abordou o que pensa sobre um possível novo trabalho do grupo, agora reunido com Slash e Duff McKagan.
“Não tenho interesse em ver a banda novamente – o momento deles foi 2 de fevereiro de 1988 [data de um show histórico do grupo no Ritz, em Nova York, filmado para divulgação posterior]. […] Não tenho esperança ou interesse em um novo álbum do Guns N’ Roses… as birras da juventude parecem absurdas em um homem de 60 anos [Axl]. É uma pena que eles tenham sido criativamente impotentes desde 1991.”
Sobre Slash
Nascido em 23 de julho de 1965, na Inglaterra, Slash é notório por seu trabalho com o Guns N’ Roses, famosa banda de hard rock. Ele fez parte do grupo entre 1985 e 1996, retornando a partir de 2016.
Além do Guns, o guitarrista trabalhou em uma série de outros projetos. Entre 1994 e 2002, ele teve a banda Slash’s Snakepit. Em seguida, montou o Velvet Revolver, com dois ex-colegas de Guns – o baixista Duff McKagan e o baterista Matt Sorum – além do vocalista Scott Weiland (Stone Temple Pilots) e do guitarrista Dave Kushner.
Quando o Velvet Revolver acabou, em 2008, começou a apostar em uma carreira solo propriamente dita. Primeiro, lançou um álbum chamado “Slash” (2010), repleto de convidados, como Iggy Pop e Ozzy Osbourne. Depois, montou a banda de apoio Slash, Myles Kennedy and the Conspirators, com a qual também lançou uma série de discos – o mais recente, “4”, no ano passado.
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