Como o alcoolismo quase levou Nando Reis ao suicídio em 2016

Baixista dos Titãs revelou detalhes de sua longa batalha contra vício, que chegou a episódio próximo de tragédia durante estadia em Seattle

O Titãs está no meio de sua extremamente bem-sucedida turnê de reunião, a primeira com todos os membros vivos de sua formação clássica. Em um relato publicado no site da revista Piauí, o baixista Nando Reis revelou que quase não teve a oportunidade de fazer parte disso por causa de seu alcoolismo e vício em drogas.

Aviso de conteúdo: essa matéria contém descrições de autoabuso e tentativas de suicídio.

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O músico se abriu sobre seus problemas com bebida datados desde a adolescência, que pioraram quando ele começou a usar cocaína aos 27 anos. Ele explicou que o vício, aliado às morte do guitarrista Marcelo Frommer e Cássia Eller em 2001, o motivaram a se separar da esposa, Vânia (com quem reatou em 2013), e sair do Titãs.

Entretanto, o momento mais forte do relato foi quando ele descreveu suas tentativas de suicídio. A situação se deu durante uma viagem a Seattle, nos Estados Unidos, em 2016.

“Ali não havia cocaína, então mergulhei de cabeça no álcool. Eu simplesmente não conseguia parar de beber. Foi a primeira vez que acordei no meio da noite sentindo a necessidade de ingerir álcool. Percebi que estava ficando louco, desesperado e não enxergava saída para aquela situação. A Vânia já não falava mais comigo, meus filhos não queriam mais saber de mim, eu havia afastado as pessoas mais queridas e mais importantes da minha vida. Precisava retornar para o Brasil porque estava no meio de uma turnê importante, mas não tinha a menor condição de subir no palco e cumprir meus compromissos. Pensei: ‘f#deu, vou me matar’.

Só que eu estava hospedado num hotel de dois andares, não adiantava pular da janela. Eu não tinha revólver, não havia fogão ali, então pensei: ‘Vou cortar meus pulsos.’ Fui à farmácia, comprei uma pomada de xilocaína e passei, na esperança de não sentir dor. Cheguei a quebrar uma garrafa de vidro para ter um objeto cortante, mas não tive coragem de ir até o fim. Aquela não era a primeira vez que eu tentava me matar. Já tinha feito uma tentativa anterior com remédios e outra no vigésimo terceiro andar de um prédio. Subi no parapeito, olhei para baixo, mas não tive forças para me jogar.”

Felizmente, a partir desse episódio sombrio, Nando procurou ajuda.

“De Seattle, liguei para o meu psiquiatra e falei: ‘pelo amor de Deus, me interna, preciso parar de beber’. Cheguei ao Brasil no início de maio de 2016, consegui ficar dois dias limpo, a Vânia viajou comigo para o show em Fortaleza e consegui me apresentar. Depois comecei a frequentar um grupo do AA no bairro onde eu moro em São Paulo.”

Nando Reis, sobriedade e Titãs

Ainda no artigo, Nando Reis revelou estar sóbrio há sete anos. O músico também falou sobre a reconstrução da relação com os outros Titãs.

“Me entristeço pensando nos estragos que o meu alcoolismo e o meu abuso de drogas causaram na minha relação com os Titãs. Nos meus últimos cinco anos com a banda, eu era uma figura patética, atrapalhei muito e fiz coisas horríveis. A bebida alimentou o rancor, a inveja, a hostilidade, a insegurança e a paranoia dentro de mim. Hoje sei que eles são meus amigos e me amavam, mesmo quando estavam com ódio de mim.

Me sinto feliz de reencontrá-los mais de vinte anos depois, de cara limpa e com toda a experiência acumulada. Está sendo incrível me reaproximar nesses moldes, revisitar a nossa obra e perceber que são pessoas que admiro, amo e com quem tenho uma relação muito forte.

Há muitas camadas de emoções: reunir a banda com quem comecei a minha carreira, reencontrar o público que cresceu ouvindo as nossas músicas e ver a minha mulher, os meus filhos e netos reunidos na plateia – boa parte deles nem eram nascidos quando saí dos Titãs. Se fosse oito anos atrás, esse encontro não teria sido possível. A sobriedade me permitiu isso.”

O texto completo pode ser lido no site da revista Piauí.

** No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação civil sem fins lucrativos, oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, gratuitamente, 24 horas por dia. Qualquer pessoa que queira e precise conversar, pode entrar em contato com o CVV, de forma sigilosa, pelo telefone 188, além de e-mail, chat e Skype, disponíveis no site www.cvv.org.br.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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