Após roteiristas, atores do cinema americano entram em greve

Paralisação simultânea de ambas as categorias é a primeira na indústria de Hollywood desde 1960

Pela primeira vez em 43 anos, atores e atrizes na indústria de cinema americana entrarão em greve. A Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA), sindicato que representa mais de 160 mil profissionais do campo de atuação nos EUA anunciou nesta quinta-feira (13) uma greve da categoria começando a partir da meia-noite de sexta (14).

Segundo as orientações publicadas pelo sindicato, a paralisação se aplica àqueles trabalhando em atuação, canto ou dança, assim como dublês e artistas envolvidos em operação de marionetes ou captura de movimentos. A greve também impede os membros de participarem de tarefas relacionadas à promoção, como premiações, festivais e estreias. 

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Falando à imprensa durante uma coletiva (via BBC), a atriz Fran Drescher, presidente da SAG-AFTRA e famosa pela série dos anos 90 “The Nanny”, colocou a decisão do sindicato em termos simples:

“O que está acontecendo conosco está acontecendo em todos os campos de trabalho: quando empregadores fazem de Wall Street e ganância sua prioridade e esquecem sobre os contribuidores essenciais que fazem a máquina funcionar.”

Entre os principais pontos de discórdia entre o sindicato e representantes dos estúdios estão pagamentos de direitos autorais relacionados a streaming, além de preocupações com relação ao uso de inteligência artificial e captura de imagem. 

Em declaração à imprensa, o negociador-chefe da SAG-AFTRA, Duncan Crabtree-Ireland, descreveu a proposta dos estúdios (via Paste):

“Eles propuseram que nossos figurantes pudessem ser escaneados, ser pagos por um dia de trabalho, e suas empresas seriam donas daquele scan, a imagem deles e os direitos dela, podendo usar pelo resto da eternidade em qualquer projeto que quiserem sem consentimento ou compensação.”

Situação e histórico

A paralisação é a segunda esse ano envolvendo um dos principais sindicatos da indústria cinematográfica. A Writer’s Guild of America (WGA) anunciou uma greve no último dia 2 de maio por causa de questões semelhantes relacionadas a streaming e a precarização dos cargos de roteiristas na indústria.

Essa é a primeira vez desde 1960 em que ambos os sindicatos entram em greve ao mesmo tempo. A Director’s Guild of America, representando os diretores, chegou a um acordo com os estúdios em junho e não irá participar da paralisação.

Resposta dos estúdios

Em nota sobre o anúncio, a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), entidade que representa os estúdios, escreveu:

“Uma greve certamente não é o cenário que desejávamos, porque estúdios não conseguem operar sem aqueles que atuam e trazem filmes e programas de TV à vida. O sindicato infelizmente escolheu um caminho que trará dificuldades para milhares de pessoas que dependem da indústria.”

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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