Quando “Barbie Girl” rendeu processo e dica judicial para “relaxar”

Empresa responsável pela boneca, Mattel alegou que hit do grupo Aqua quebrou direitos autorais e transformou boneca em objeto sexual

Em 1997, a canção “Barbie Girl”, do grupo dinamarquês-norueguês Aqua, estourou nas paradas e logo passou a ser tocada e cantada por gente de todo o planeta. O que muitos podem não saber ou se lembrar é que a Mattel, a fabricante da boneca Barbie, processou a gravadora da banda por conta da música.

A empresa de brinquedos teve suas razões para entrar na Justiça contra a MCA Records, selo do Aqua. A batalha judicial se arrastou por anos até o juiz do caso dar o seu veredito.

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Sobre “Barbie Girl”

“Barbie Girl” era uma das faixas de “Aquarium”, o álbum de estreia do Aqua. A canção, assinada por todos os membros da banda, foi escolhida para ser o terceiro single do disco.

Não demorou muito para os versos grudentos de “Barbie Girl” ficarem gravados na memória de muita gente e a canção se tornar popular em todo o planeta. Alcançou o topo das paradas em vários países, especialmente os europeus, além de ter chegado ao sétimo lugar nos Estados Unidos.

Para se ter uma ideia do seu sucesso, o hit do Aqua continua, até hoje, entre os singles mais vendidos na história do Reino Unido.

A música, claro, também veio acompanhada de um clipe, no qual os vocalistas Lene Nystrom e René Dif interpretam Barbie e Ken, respectivamente, e que se tornou igualmente marcante.

O hit foi produzido pelo Aqua sem o envolvimento da Mattel, dona da marca Barbie. Para tentar evitar algum processo, uma nota de rodapé de “Aquarium” deixou bem claro que a empresa não participou da criação do hit. 

“A canção ‘Barbie Girl’ é um comentário social e não foi criada ou aprovada pelos responsáveis pela boneca.”

No entanto, de nada serviu a nota: a Mattel não gostou nadinha do que viu em “Barbie Girl” e decidiu agir na Justiça.

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O que a Mattel alegou no processo

Em 11 de setembro de 1997, apenas meses após o hit estourar, a Mattel entrou com um processo na Califórnia, Estados Unidos, contra a MCA, alegando quebra de direitos autorais da marca Barbie.

Além disso, a empresa afirmou que a canção transformou a Barbie em um objeto sexual por conta de alguns de seus versos, como os seguintes:

“Eu sou uma loira boba num mundo de fantasia / Me vista, me aperte bem, eu sou sua bonequinha.”

A empresa ainda alegou que a capa do single utilizou o chamado “Rosa Barbie”, cor registrada pela Mattel, sem sua autorização. Outro argumentoi foi que a canção arruinou a reputação da boneca e atrapalhou seus planos de marketing. Afinal, muita gente imaginou que a fabricante de brinquedos encomendou a obra.

A MCA não deixou barato e também processou a Mattel, alegando difamação após a fabricante de brinquedos a comparar com um “ladrão de banco”, segundo o documento. A gravadora também alegou, em sua defesa, que a música se tratava apenas de uma paródia criada com o intuito de divertir e lembrou da nota de rodapé citada anteriormente.

Resultado

O processo só foi finalizado em 2002 e dá para dizer que os dois lados perderam. O juiz Alex Kozinski entendeu que “Barbie Girl” se tratava apenas de uma paródia e estava protegida sob a definição de liberdade de expressão da Primeira Emenda da Constituição americana.

Kozinski também indeferiu o processo de difamação movido pela MCA e finalizou sua sentença com a seguinte frase:

“As duas partes recebem a recomendação de relaxar.”

A Mattel não deu a mínima para a recomendação de Kozinski e tentou entrar com recurso na Suprema Corte dos Estados Unidos. Porém, teve o pedido negado.

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“Barbie Girl” estará no filme da Barbie?

A relação da Mattel com a música, desde então, deu uma melhorada. Em 2009, a empresa lançou uma nova campanha de marketing da Barbie que tinha “Barbie Girl” como canção-tema – apenas com os versos mais polêmicos modificados.

No entanto, se você já esperava ver o hit no filme da boneca, estrelado por Margot Robbie, vai se decepcionar em saber que ela até está presente, mas de uma forma bem diferente da original.

Em abril de 2022, Ulrich Moller-Jorgensen, o empresário de Lene Nystrom, confirmou à Variety que “Barbie Girl” não seria utilizada no filme e se negou a dizer um motivo. O portal acredita que todo o desgaste causado pelo processo pode ter sido a principal causa da ausência do hit no aguardado longa.

Também para o mesmo portal, Nystrom afirmou que a escolha seria “queijo em cima de queijo”, as palavras escolhidas por ela para dizer que seria algo muito óbvio. Ainda assim, a artista já espera que o hit faça o público relembrar da banda.

“Eu entendo totalmente por que eles não vão usá-la, mas vai nos dar bastante atenção, não importa o que aconteça.”

Ao menos, para servir de alento aos fãs, a canção foi regravada para o filme por Nicki Minaj e Ice Spice, se tornando um rap. Ela se chama “Barbie World” e durante sua execução, é possível escutar o grudento refrão de “Barbie Girl” ao fundo.

*Texto construído com informações de Wikipedia, Superinteressante, Billboard, The Mary Sue e CheatSheet.

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Augusto Ikeda
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Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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