Governo brasileiro recebe pedido para cancelar shows de Roger Waters no país

Vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil pediu também que, caso eventos sejam autorizados, autoridades estejam presentes para monitorar

A polêmica acerca da turnê “This is Not a Drill”, de Roger Waters, chegou ao Brasil antes dos shows. O advogado Ary Bergher, vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e presidente do Instituto Memorial do Holocausto, enviou uma carta ao ministro da Justiça, Flávio Dino, pedindo que a entrada do músico britânico seja impedida e os shows cancelados.

A demanda foi feita não só baseada na polêmica mais recente envolvendo Waters e o uso de um figurino de soldado nazista durante uma performance em Berlim da turnê – o figurino faz parte do espetáculo “The Wall” desde 1980 e é usado para criticar o regime sanguinário –, mas também outras demonstrações vistas por autoridades judaicas como antissemitas.

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Na carta (via O Globo), Bergher escreveu sobre Waters:

“Há mais de décadas [Waters] pratica condutas e faz declarações nitidamente antissemitas.”

Entre as declarações citadas na demanda, foi destacado o uso em 2010 da Estrela de David no telão de um show em Nova York, representando “uma bomba”. De acordo com a Reuters, não era uma bomba com o símbolo religioso, mas sim um porco voador, em referência ao álbum “Animals” (1977), do Pink Floyd. O animal inflável foi determinado pela Anti-Defamation League, maior entidade de combate ao antissemitismo dos Estados Unidos, como sendo uma crítica ao preconceito contra judeus dentro do contexto do show.

Também foram citados no pedido como evidências um artigo de opinião publicado em 2011 criticando Israel, uma afirmação pública em 2013 que “o lobby judeu é extremamente poderoso” e uma menção negativa às técnicas israelenses em 2020.

Caso o Ministério da Justiça decida permitir a entrada de Waters no Brasil, Ary Bergher requisitou que o músico seja monitorado durante suas apresentações. Ele também solicitou que o artista punido caso faça qualquer manifestação semelhante enquanto em turnê pelo Brasil.

Roger Waters e “This is Not a Drill”

Atualmente, Roger Waters está em turnê pela Europa. Seu show atual, intitulado “This is Not a Drill”, chegou a enfrentar resistência política. Em defesa, o músico destaca não estar fazendo nada de diferente do que faz há 40 anos, incluindo a sátira ao fascismo com um uniforme que lembra o do exército nazista.

O Brasil tem 7 datas de shows confirmadas a partir de outubro. São elas:

  • 24/10 – Brasília – Arena BRB Mané Garrincha
  • 28/10 – Rio de Janeiro – Estádio Nilton Santos / Engenhão
  • 01/11 – Porto Alegre – Estádio Beira Rio
  • 04/11 – Curitiba – Arena da Baixada
  • 08/11 – Belo Horizonte – Mineirão
  • 11/11 – São Paulo – Allianz Parque
  • 12/11 – São Paulo – Allianz Parque

O figurino

Durante sua performance, como é de praxe, Roger Waters usou uma roupa inspirada no uniforme dos soldados nazistas para a execução da música “In the Flesh”. Ainda que tenha vestido tais peças como crítica ou sátira, é proibido fazer alusão a imagens, símbolos e gestos nazistas na Alemanha, independentemente do contexto e, por isso, ele está sendo investigado pela polícia alemã. 

Outros pontos de crítica estiveram relacionados à presença de um porco inflável com diversos símbolos, incluindo a Estrela de Davi, no palco e à menção no telão a Anne Frank. A jovem judia teve seu diário popularizado em todo o mundo ao relatar como sua família se escondia do regime nazista até que foram encontrados, levados a campos de concentração e executados. Ela foi citada por Waters junto à jornalista palestina Shireen Abu Akleh, assassinada pelo exército israelense em maio do ano passado, aos 51 anos, enquanto cobria os conflitos na Faixa de Gaza. Na ocasião, a profissional estava identificada como imprensa; mesmo assim, foi alvejada. Investigações da ONU levaram aos autores do crime.

No show seguinte ao de Berlim, realizado em Frankfurt, Roger fez um discurso de seis minutos onde negou ser antissemita e explicou o contexto daquela performance visual – que foi retirada no evento em questão.

“Esse é um assunto delicado e significa muito para mim por várias razões diferentes. No começo da segunda metade do show, nós tocamos duas músicas de ‘The Wall’. São duas músicas da parte que, em 1979, quando eu escrevi a bagaça, escrevi como uma sequência teatral na qual me vestia como um semi-deus. Um semi-deus meio nazista.”

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

6 COMENTÁRIOS

  1. Waters é notoriamente anti sionista, e pró Palestina. Antissemitismo é algo bem diferente disso, há dezenas de milhares de judeus anti sionistas, inclusive que moram em Israel, pasme.
    Visão e opinião políticas cada um tem a sua; críticas a sistemas e governos idem.
    No mais, ele é artista, retrata sua visão, experiência e vivência do jeito que ele achar melhor, com ou sem sátira. Qualquer tentativa de capar a performance é pura ignorância, mesmo achando ele um fundamentalista idiota, velho gaga, ele tem sua performance garantida seja por direito a livre expressão, seja por licença artística.

  2. Não gosto da música dele nem do tipo show teatral que faz. No pink floyd o cara msm é gilmour. E tb nem gosto de pink floyd e de rock progressivo. Mas o cara pode e deve tocar em qq lugar o que bem entender. Um sertanejo gritando com a calça apertada faz muito mais mal a sociedade do que intelectuais expressando suas opiniões

  3. israel é o país que tem mais condenações na Comissão de Direitos humanos da ONU, israel ocupa os territórios palestinos e estabelece colônias nas terras dos árabes em desrespeito às normas da ONU, centenas de crianças palestinas sao presas e torturadas em israel,
    existem mais de 5 mil palestinos presos em israel sem direito a advogado e em prisões secretas onde são submetidos a torturas até a morte,
    judeus promoveram maiores massacres contra os palestinos como Sabra e Chatila no Libano em 1982 e Deir Yassin em 1948 assassinando deliberadamente homens , crianças, mulheres grávidas, etc os judeus sionistas atacam de madrugada as casas dos palestinos e queimaram e mataram uma familia inteira em 2015 com coquetel molotov,
    israel usa seus tanques e buldozzers para destruir as casas dos palestinos inclusive com pessoas dentro, não respeitam famílias , muitos ficam sem casa para morar,
    , judeus atacaram ano passado uma igreja católica e incendiaram o prédio , a Faixa de Gaza é uma verdadeira prisão as pessoas não podem sair de lá e viajar para visitar familiares, mulheres palestinas grávidas são impedidas de ir aos hospitais para terem seus filhos, a marinha de israel não deixa os palestinos pescar no Mediterrâneo, a marinha de israel dispara rajadas de metralhadora contra pescadores e seus humildes barcos,
    as lavouras dos palestinos são envenenadas por israel para eles não terem alimentos, em 2014 a aviação de israel bombardeou hospitais e escolas da ONU em Gaza assassinado 2400 pessoas, muitas crianças morreram incineradas quando dormiam nas escolas da ONU, o
    governo de israel cortou o fornecimento de gás e eletricidade para deixar os
    palestinos morrerem de fome e de frio. O sionismo é muito pior
    que o nazismo. como alguém pode defender esse politica criminosa de israel??
    A causa principal desse conflito é a ocupação israelense da Palestina, israel tem que cumprir com as resoluções da ONU que determinam a saída da israel da Palestina (Resolução 242/1967) e a criação imediata da Palestina como país soberano, independente e autônomo.

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