A opinião de Ritchie Blackmore sobre o Led Zeppelin

Ex-guitarrista do Deep Purple acredita que a banda "sofisticou" o rock e reconhece o talento de Jimmy Page

Antes de entrar para o Deep Purple e virar um guitarrista bem-sucedido, Ritchie Blackmore integrava nos anos 1960 uma banda chamada Screaming Lord Sutch & the Savages. Ainda adolescente, conheceu na mesma época, por coincidência, Jimmy Page – que, mais tarde, influenciaria diretamente o seu trabalho.

Também jovem, o guitarrista do Led Zeppelin fazia, naquele período, parte do grupo Neil Christian and The Crusaders. Como relembrou Blackmore no documentário “The Ritchie Blackmore Story” (via Rock and Roll Garage), os dois moravam próximos um do outro e tinham, de certa forma, uma vida semelhante.

“É estranho como todos nós viemos do mesmo lugar. Jimmy Page e eu morávamos na mesma vila. Era realmente como uma vila e não como uma cidade. Eric Clapton estava a alguns quilômetros de distância e Jeff Beck estava em outro lugar, mas tinha a mesma idade.”

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Mesmo tão novos e com pouco tempo de estrada, Ritchie já enxergava potencial no colega.

“Eu já sabia que Jimmy seria alguém. Ele não era só um bom guitarrista: ele parecia uma estrela. Tinha alguma coisa nele, ele era muito equilibrado e confiante, mas não arrogante. Pensei: ‘ele vai chegar em algum lugar, esse cara sabe o que está fazendo’. Ele estava muito à frente da maioria dos guitarristas.”

Ritchie Blackmore sobre o Led Zeppelin

Tempos depois, o trabalho do Led Zeppelin inspirou diretamente o Deep Purple em seu quarto álbum de estúdio, “Deep Purple In Rock” (1970), marcado por uma transição para o hard rock. Cansado das orquestras utilizadas por sua banda, Ritchie Blackmore ficou impressionado com a faixa “Whole Lotta Love”, lançada por Robert Plant e companhia em 1969. À revista Classic Rock, revelou como a vontade de “copiar” tal música mudou o rumo das coisas:

“Eu queria fazer esse tipo de música. Se não desse certo, iríamos tocar com orquestras pelo resto de nossas vidas. Então fizemos isso no ‘Deep Purple In Rock’, que, felizmente, deu certo. Nós fizemos isso propositalmente para que cada música fosse como uma martelada, sem calmaria.”

Ainda, para a revista Kerrang!, afirmou que o Led Zeppelin foi responsável por “sofisticar” o rock. Para exemplificar, citou a canção “Kashmir”, de 1975, presente no disco “Physical Graffiti”.

“Acho o Van Halen interessante. Eu particularmente não gosto deles como banda. Mas há muito movimento no material que produzem, é muito vivo. O Led Zeppelin também, eles provavelmente definiram o termo ‘rock sofisticado’. Considerando músicas como “Kashmir”, as escalas que eles atingiriam nela… isso foi incrível.”

Briga com John Bonham

Apesar de toda a inspiração citada, Ritchie Blackmore e o saudoso John Bonham, baterista do Led Zeppelin, já se desentenderam uma vez. Em certa ocasião, quando estavam bêbados no bar Rainbow Bar & Grill, em Los Angeles, os músicos fizeram brincadeiras provocativas sobre as canções um do outro que não acabaram tão bem, segundo Blackmore também à Classic Rock (via Rock and Roll Garage)

“Ele costumava me dizer: ‘Deve ser muito difícil ir lá e fazer o riff de guitarra de ‘Smoke on the Water’’. E eu respondi: ‘Sim, é quase tão difícil quanto fazer o riff de guitarra de ‘Whole Lotta Love’. Pelo menos não copiamos ninguém’. Ele disse: ‘Do que você está falando? Isso é mentira!’.”

Então, o ex-guitarrista do Deep Purple citou na discussão a semelhança de “Whole Lotta Love” com “Hey Joe”, popularizada por Jimi Hendrix, e de “Immigrant Song” com “Little Miss Lover”, também de Hendrix. A comparação deixou um clima estranho entre os dois, que logo voltaram para a costumeira relação amigável.

“Depois, subimos as escadas para o banheiro. Nós dois estávamos lá e ele disse: ‘Rich, você quis dizer tudo aquilo?’ e eu falei: ‘Não, na verdade não. Eu estava apenas revidando você’. Ele completou: ‘Ah, eu também não queria dizer aquilo. Há espaço no topo para todo mundo’. Então continuamos mijando, depois descemos as escadas e começamos a beber de novo. Mas ele adorou a discussão. Ele era o tipo de cara que gostava de um confronto e eu sempre proporcionava isso para ele.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

2 COMENTÁRIOS

  1. É curioso como Jimmy Page ou Robert Plant jamais falaram um A sobre Ritchie Blackmore ou o Deep Purple. É como se eles não existissem, apesar do Purple ser o maior rival do Zeppelin no início dos anos 70. Será esnobismo? Talvez. Mas é óbvio que Jimmy Page ouvia o Purple, caso contrário, não contrataria David Coverdale para aquele álbum solo.

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