Para a maior parte do planeta, Blaze Bayley foi o vocalista que substituiu Bruce Dickinson no Iron Maiden em 1994. Ele gravou dois discos de estúdio, fez turnês mundiais e recebeu críticas ferrenhas dos fãs da banda por suas performances ao vivo. Acabou demitido em 1999 para um processo de “correção de rumos”, com o retorno do frontman anterior – que resgatou o guitarrista Adrian Smith, transformando o grupo em um sexteto, que se mantém até hoje.
Quem não costuma acompanhar as cenas rock e metal além do óbvio pode pensar que a história do cantor começou e terminou nesse período. Está longe de ter sido assim. Até hoje, Blaze segue lançando álbuns solo, alguns de qualidade reconhecida e reverenciada, como os excelentes “Silicon Messiah” (2000), “Blood and Belief” (2004) e “The Man Who Would Not Die” (2008).
Porém, antes mesmo da aventura com a Donzela de Ferro, houve o Wolfsbane. Para quem conheceu Bayley através do sombrio e depressivo “The X-Factor” (1995), do Iron Maiden, é difícil o imaginar em um quarteto praticava um hard rock totalmente oitentista, com um clima festeiro que se refletia em toda a postura do grupo, mesmo no material promocional.
Foi com essa proposta que o grupo chamou a atenção da Def American Records, que assinou contrato com os rapazes após três demos e cinco anos de luta no underground. E para produzi-los, foi chamado ninguém menos que o dono da companhia, o lendário Rick Rubin, cuja extensa biografia fala por si só.
Com o título completo de “Live Fast, Die Fast: Wicked Tales of Booze, Birds and Bad Language” – e abreviado por questões mercadológicas para as quatro primeiras palavras –, o álbum de estreia saiu em 1989 e traz referências enormes ao som que se produzia nos Estados Unidos. Aqui podemos perceber uma semelhança vocal de Blaze com David Lee Roth que não soa tão perceptível em seus trabalhos posteriores, por motivos óbvios.
As guitarras também seguem a mesma linha, com Jase Edwards se mostrando um instrumentista dos bons. Liricamente, a coisa se parece ainda mais com a ensolarada cena roqueira de Los Angeles, trazendo muitas referências a festas, sexo e afins, além daquele típico humor fanfarrônico.
As faixas são diretas e rápidas. Apenas uma ultrapassa os cinco minutos sendo que algumas não chegam aos três. Foram lançados dois singles. Primeiro, para a ótima “Man Hunt”, abertura acelerada, com um pique bem puxado para o heavy. Na sequência, “I Like It Hot”, que poderia muito bem ter saído de algum dos álbuns de DLR com Steve Vai. Outros destaques vão para a empolgante “Money to Burn”, os dois minutos frenéticos de “All Or Nothing” e a saideira com “Pretty Baby” – sim, Blaze, de várias letras sanguinárias, escreveu uma com esse nome.
A repercussão foi positiva, se valendo da reputação que o Wolfsbane já possuía na cena local. Como consequência, a banda seria convidada para fazer a abertura do Iron Maiden durante a parte europeia da No Prayer on the Road Tour. Foi ali que teve início a amizade de Blaze Bayley com Steve Harris e companhia, que acabaria levando a sua entrada no grupo posteriormente.
O que pareceu uma surpresa aos olhos do resto do mundo, foi algo óbvio na terra natal dos envolvidos. O Reino Unido possui essa característica de valorizar bastante artistas locais que são ilustres desconhecidos no restante do globo – vide Pulp, Biffy Clyro, Kula Shaker, Suede, Manic Street Preachers e Happy Mondays, entre outros.
Antes, porém, o Wolfsbane ainda lançaria mais dois álbuns: “Down Fall the Good Guys” (1991) e “Wolfsbane” (1994). Reuniões acontecem desde 2007, sempre de forma esporádica, já que o grupo não é prioridade de nenhum dos envolvidos. Mais um par de discos saíram desde então: “Wolfsbane Save the World” (2012) e “Genius” (2022) – além do EP “Rock!” (2015).
Vale destacar que a formação se mantém a mesma desde 1986. Além de Blaze Bayley, o guitarrista Jase Edwards, o baixista Jeff Hateley e o baterista Steve Danger participam das atividades.
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Blaze sempre cantou muito.