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As melhores músicas de Freddie Mercury, segundo Brian May e Roger Taylor

Músicos destacam a capacidade do saudoso colega em criar temas complexos e outros simples, se reinventando sempre que necessário

O Queen é um raro caso de banda onde todos os músicos realmente contribuíam de uma forma ou outra com o processo criativo. Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon faziam questão de manter a porta aberta para qualquer ideia, independente de quem a tivesse.

Nos últimos anos, com a vida do vocalista se extinguindo aos poucos, a colaboração foi ainda maior. Os membros decidiram, a pedido do frontman, que todos os créditos seriam divididos de forma igual, evitando conflitos.

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Mesmo assim, é facilmente perceptível o que cada um oferecia. Durante entrevista à Classic Rock, em 2021, Brian e Roger relembraram os melhores momentos do cantor. O baterista destacou a constante evolução do amigo com o passar do tempo.

“Era simplesmente impressionante. Suas letras melhoraram rapidamente. Havia algumas muito abertas a interpretações. ‘Don’t Stop Me Now’ é um bom exemplo. Ele estava se divertindo. Outras que escrevemos juntos, como ‘I’m Going Slightly Mad’, eram simplesmente coisas idiotas com frases ridículas. Mas, ainda assim, muito boas.”

Apesar de citar uma música do último álbum com Mercury ainda presente, Roger ressalta que desde o início ali estava alguém com senso diferenciado.

“A musicalidade real de Freddie era a coisa mais inteligente de todas. As notas que sabia usar e estruturas harmônicas eram brilhantes. Quando escreveu ‘The Fairy Feller’s Master-Stroke’, no segundo álbum, estava cruzando seções de harmonias com seis partes. Era muito complexo. Depois, há ‘The March Of The Black Queen’, que é quase rock progressivo. Tão escandalosamente complicado que nem consigo me lembrar do arranjo.”

Ao mesmo tempo, Freddie sabia o momento de dosar entre o elaborado e o popular.

“Na sequência, ele vinha com ‘Killer Queen’ ou, mais tarde, muitas coisas simples como ‘Crazy Little Thing Called Love’. Eu o chamava ‘o homem que se reinventa’. O talento era inato, mas ele foi fundo dentro de si e encontrou ainda mais qualidades. Sua determinação era incrível.”

Senso de disputa no Queen

E apesar do senso democrático, Brian May reconhece que havia um senso de disputa no processo.

“Havia uma enorme competição no Queen, sem dúvida. Foi um fator importante para nos levar adiante. Estávamos muito conscientes de que tínhamos que buscar dentro de nós mesmos. Ocasionalmente, Freddie escrevia rápido, mas na maioria das vezes ele ia para casa e tramava e tramava. Então, voltava com coisas escritas em um bloco de papel de carta de seu pai. Ele passava o tempo desenvolvendo ideias.

Mas há exceções, onde ele conseguia a música de uma só vez. Freddie usava principalmente o piano para compor, mas havia momentos em que ele se inspirava quando não estava perto de seu instrumento. Uma das últimas canções que escreveu, ‘A Winter’s Tale’, foi feita puramente sentado, olhando para as montanhas do outro lado do Lago Genebra. Ele obviamente podia ouvir tudo em sua cabeça, embora não tivesse nenhum instrumento musical por perto.”

O guitarrista também tem suas preferidas entre as criações do mestre de cerimônias.

“Gosto de ‘The Miracle’, que tem uma leveza incrível. Mas diria que minha música favorita de Freddie para tocar ao vivo é ‘We Are The Champions’. Não sei quantas vezes já a executamos, mas sempre tira algo novo de nós. É uma daquelas em que, mesmo que os ventos estejam soprando na direção errada, ainda soa bem.”

O saudoso Freddie Mercury

Nascido Farrokh Bulsara em Zanzibar, África do Sul, Freddie Mercury viveria até 24 de novembro de 1991, quando faleceu vitimado pela Aids. Com o Queen e em carreira solo, vendeu mais de 300 milhões de discos em todo o mundo.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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