A partir de junho, o Iron Maiden iniciará na Europa a turnê “The Future Past”, com foco nos álbuns “Senjutsu” (2021) e “Somewhere in Time” (1986). No caso do último citado, por muito tempo, suas faixas não apareceram nos repertórios do grupo – com exceção de “Wasted Years” e “Heaven Can Wait”.
Baixista e líder do grupo, Steve Harris opinou sobre o “Somewhere in Time” em entrevista à edição 311 da revista Classic Rock. Ele reconhece que o álbum foi pouco explorado pelo Maiden em seus shows ao longo das décadas e elogia o material.
“Negligenciamos o ‘Somewhere In Time’ ao longo dos anos, então era hora de revisitar aquela época novamente. É um álbum de transição muito bom e também é importante porque foi quando Adrian [Smith, guitarrista] se tornou um compositor.”
O entrevistador indica que Harris e o vocalista Bruce Dickinson discordaram na época sobre a direção que a banda deveria tomar. O cantor, inclusive, não assinou nenhuma composição do projeto. Além de ter suas ideias rejeitadas, ele sentia-se particularmente exausto pelo ritmo de atividades do grupo no período.
Agora, o baixista destaca como a “World Slavery Tour”, realizada entre 1984 e 1985 e inclusive com passagem pelo Rock in Rio, desgastou os integrantes.
“A turnê que fizemos antes, para o álbum ‘Powerslave’, não foi justa com ninguém, mas principalmente com Bruce. Tocar por treze meses, cinco ou seis noites por semana, é levar as coisas ao limite absoluto para um cantor. Mas na época pensávamos que éramos invencíveis, embora logo tenhamos percebido que não éramos.”
Steve Harris não deu spoilers sobre o possível setlist da nova turnê, mas mencionou a vontade de tocar “The Loneliness of the Long Distance Runner”. Vale lembrar que, anteriormente, Dickinson e o baterista Nicko McBrain também comentaram a possibilidade de incorporar “Alexander the Great”, muito pedida pelos fãs, no repertório pela primeira vez.
A edição 311 da revista Classic Rock está à venda tanto em formato físico quanto digital.
À época, expectativas não correspondidas
A opinião de Steve Harris com relação a “Somewhere in Time” melhorou bastante com o passar do tempo. Na época em que o álbum foi lançado, ele admitia não ser um grande fã do resultado obtido.
Em entrevista concedida em outubro de 1986 à revista francesa Hard Rock, o baixista declarou:
“Quando estávamos gravando em Nassau, tínhamos uma visão mais ampla da composição do disco e do jeito que ia soar. Gravamos as faixas de baixo e bateria lá, depois fomos para a Holanda fazer o resto. Quando tudo foi feito, não foi bem o que esperávamos. As músicas eram mais longas do que pensávamos e não eram tantas. ‘Somewhere In Time’ é um álbum bem longo, com quase 50 minutos de música. Pelo menos, vai valer o dinheiro investido pelos fãs! No começo, tínhamos muitas ideias e temas musicais diferentes, mas, à medida que avançamos, não terminamos algumas músicas ou usamos algumas partes em outras para reforçá-las. Quando conseguimos o suficiente, não procuramos mais.”
Iron Maiden e “Somewhere in Time”
Lançado em 29 de setembro de 1986, “Somewhere in Time” mostrou o Iron Maiden experimentando novas sonoridades, com uso de guitarras sintetizadas pela primeira vez na carreira. Apesar de não ser conceitual, parte das músicas versavam sobre a relação do tempo com as mudanças e sensações que permeiam a existência.
Bruce Dickinson não assinou nenhuma composição. Suas ideias foram rejeitadas por não se encaixarem na proposta, dando espaço para que Adrian Smith se impusesse com maior afinco ao lado de Steve Harris.
O trabalho vendeu em torno de 5 milhões de cópias, ganhando disco de platina nos Estados Unidos, além de ouro no Brasil e Grã-Bretanha. Capa e contracapa são um verdadeiro deleite aos fãs, contando com várias referências à história do grupo até aquele momento.
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