Show de Fortaleza ensina que Paul Di’Anno precisa se cuidar e tocar com músicos mais preparados

Apresentação que inicia turnê de 31 datas no Brasil será lembrada por falhas no som, atrasos, desorganização de turnê e despreparo da banda de apoio

A vida ensina que há várias maneiras de se entrar para a história – algumas de forma positiva; outras, de forma negativa. E a segunda opção foi como o show de Paul Di’Anno ficou na memória dos fãs cearenses no dia 27 de janeiro de 2023, tanto por causa do próprio vocalista, como também por uma sequência de erros que já haviam sido observados há meses pelos fãs do Iron Maiden.

Tinha tanta coisa errada no primeiro show da extensa turnê de Paul no Brasil que eu não consigo nem escolher por onde começar, mas vamos ao problema mais notório: realizar uma turnê com mais de 30 datas envolvendo um músico diabético, cadeirante, afastado dos palcos há anos e recém-operado é algo difícil de entender. Simplesmente não entra na minha cabeça que alguém achou que isto seria possível. Reparem, não estou dizendo que não era para acontecer, mas acho que uma turnê bem menor e com mais dias de folga seria o jeito ideal de fazer Paul voltar a ter contato com os fãs de uma forma que não o prejudicasse tanto.

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O ex-vocalista do Iron Maiden não está em boa forma e isto já era perceptível pelas fotos que rodaram a internet na época de sua cirurgia no joelho. Ao vivo, só concretizamos tudo isso. Paul tem uma pequena parcela de culpa ao persistir em fumar e beber, hábitos nada recomendáveis para alguém que se recupera de uma cirurgia ou que planeja voltar a cantar. Acho que essa é a grande pergunta: ele quer voltar aos palcos? Ser cadeirante não o impede disso, temos aí o vocalista Jeff Becerra do Possessed para dar um bom exemplo.

*Fotos de George Frizzo @georgefrizzofotos registradas de celular devido ao não-credenciamento de fotógrafos para a turnê.

Falta de preparo dos músicos de apoio

Mesmo que Paul Di’Anno queira manter este estilo autodestrutivo e “roqueirão true”, tudo bem, isso deve afetar seu desempenho vocal, mas não estou ligando muito para isso. Pelo menos eu não espero ver técnica ou show longo quando penso em vê-lo ao vivo. Ele estando ali no palco, batendo cabeça e resmungando qualquer coisa já estaria de bom tamanho para mim. A gente canta junto e no final está tudo certo, como foi em alguns momentos do show.

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Agora, o que não pode é a banda de apoio errar as músicas do Iron Maiden com o criador de algumas delas ali no palco. Isso sim tira toda a atenção do estado de saúde do Paul e a coloca nos músicos do Noturnall e de um dos guitarristas da Electric Gypsy que pareciam estar ensaiando, ao vivo, as músicas dos álbuns “Iron Maiden” (1980) e “Killers” (1981) na frente de aproximadamente 400 pessoas. Um erro quase que imperdoável para os fãs.

Os músicos erraram os tempos e as entradas de solo, tornando tudo ainda mais difícil para o coitado do Paul Di’Anno. As execuções de “Remember Tomorrow” e “Wratchild” foram tenebrosas. Paul parecia que ia chorar em alguns momentos e estava visivelmente frustrado com a banda de apoio. Deixo claro que os envolvidos não são músicos ruins, mas faltou um melhor preparo do que ia ser apresentado.

Abaixo, vídeo de “Remember Tomorrow” disponível no canal de Caio Gouveia no YouTube.

Mais problemas

Os problemas de som também foram notórios desde o Noturnall, a segunda banda da noite que tocou antes de Paul. Thiago Bianchi, vocalista, já havia pedido para ajustar o som e acabou conseguindo contornar a situação durante sua ótima apresentação, porém, quando Paul subiu ao palco, as falhas retornaram.

Microfonia, falhas no microfone e sumiços na voz fizeram o show de Di’Anno ser paralisado por 10 minutos para correção dessa situação, algo que só ocorreu porque Thiago Bianchi interveio no palco e se comprometeu a resolver o problema. A questão foi solucionada com uma simples troca de microfone, onde pegaram o que o baixista Saulo Xakol estava usando e deram para Paul cantar.

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Outra coisa que me deixou bastante chateado foi a falta de amparo que deram à Paul Di’Anno durante estas falhas. Ele pedia por mais retorno de som no palco, por mais voz, e ninguém parecia atender. Vi um ex-Iron Maiden completamente sozinho e quase sem nenhuma atenção. Acho que até o próprio baixista poderia ter tido mais iniciativa de ajudar a resolver cedendo, mais cedo, o seu microfone para que pudéssemos ouvir melhor a voz de Paul.

Faltou planejamento?

A turnê parece ter sido feita sem planejamento. Não houve nenhum plano de adaptação ao estado de saúde do Paul. Não deve ter tido nem ensaio com o próprio, muito menos tentaram, talvez, desacelerar um pouco o ritmo das músicas para que conseguissem executá-las sem erros.

Conversando com um amigo que é técnico de palco, ele me falou que existem adaptações de palco para músicos cadeirantes e com audição debilitada. “Os retornos deveriam estar colados na cadeira de rodas e em volta do Paul”, comentou ele.

E eu nem falei do atraso, mas deixei por último porque realmente nem foi o pior dos problemas. O show estava previsto para às 21h30 e só começou às 23h40. Simplesmente inacreditável, e não falo nem por mim. Eu esperaria ainda mais 2 horas para ver o Paul e sem reclamar, mas falo pensando na saúde e conservação do músico, visto que ele ainda tem outras 30 datas a cumprir – e, sinceramente, nem sei se todas ainda vão acontecer. Como disse minha mãe, que estava no show comigo: “cenas dos próximos capítulos”.

*Texto de Gustavo Queiroz / Detector de Metal @detectordemetal.tv em colaboração ao site.

Paul Di’Anno – ao vivo em Fortaleza

  • Local: Complexo Armazém
  • Data: 27 de janeiro de 2023
  • Turnê: The Beast is Back

Repertório:

  1. The Ides of March (gravação)
  2. Wratchild
  3. Sanctuary
  4. Purgatory
  5. Drifter
  6. Remember Tomorrow
  7. Genghis Khan (instrumental)
  8. Killers

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Gustavo Queiroz
Gustavo Queirozhttps://www.instagram.com/detectordemetal.tv/
Gustavo Queiroz é jornalista formado pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Cria conteúdo sobre heavy metal desde 2015 por meio do Detector de Metal, seu veículo de comunicação. Com ele já cobriu festivais europeus, produziu diversas reportagens, vídeos e podcast; hoje segue apenas com o canal no YouTube e Instagram. Em 2019 o Detector de Metal se tornou parceiro do Jornal O Povo, sendo este o primeiro grande veículo cearense especializado em metal a ganhar espaço na mídia tradicional. Além do DM, também escreve para o caderno de cultura Vida&Arte do jornal O Povo. Site: detectordemetal.tv.br | Instagram: @detectordemetal.tv

8 COMENTÁRIOS

  1. Na boa, idolatrar uma pessoa como Paul Di’Anno não dá pra entender.
    O cara não fez nada pelo Maiden, foi mandado embora porque era uma bomba com pernas.
    Não fez nada por ele nem por sua carreira a não ser se sabotar.
    Quem gosta e acredita nele ainda é desrespeitado nesse nível? Por favor… Não vale nem assistir pelo YouTube.

  2. já tinha visto ele em Brasília há alguns anos, e foi muito bom o show, mas ele relutava em cantar as músicas do maiden. Mas esse show é puro caça níquel, realmente deveríam ter se preparado mais e ter menos datas.

    • O que acontece no armazém que o som nunca presta?? a cada novo show , novos relatos de microfonia, falhas de retorno, voz baixa… Aconteceu no Edu Falaschi, com 22 e agora no Paul… lamentável

  3. Que triste… Eu assisti o Paul no antigo Palace e foi incrível… Na época foram mais músicas da banda dele e menos do Maiden… Triste ver tudo isso… Esse setlist na minha opinião é incrível!

  4. Vou jogar a real… Em q ponto o cara chegou… Patético!
    O cidadão deve estar endividado até os ovos p se submeter a isso.
    Gig, produção e banda extremamente amadores.
    E velho, na boa.. Pagar p ver um camarada q não consegue cantar uma gig de 8 músicas, não rola, né?! Se a primeira da turnê foi assim, imagina a vigésima terceira… Triste.

  5. Caro jornalista, falar o quê, todos que compraram curtem a música, o músico e sabem a Muito tempo da sua condição física, saúde e história. Quem comprou cantou junto, quem esteve lá curtiu, quem esteve lá viu ou quase ele sentado e o viu sair antes do previsto. Tudo isso já era conhecimento de todos. Agora quem reclama caiu de paraquedas. O show foi feito para os Fãs curtirem a presença, poder cantar junto com o Paul e homenagear a história do garoto problema das antigas do Iron e poder VER ele novamente ali mesmo com tudo o que está passando. Se ele estivesse sentado só assistindo a um show em uma casa pequena onde grandes clássicos ali são apreciados, com certeza muitos pagariam só para poder estar na companhia vip com direito a canja. Você é um rapaz novo e sempre que for tecer um comentário não faça por emoção, respire, de um passo atrás e veja o contexto. Alguns pontos importantes, Veja o histórico da casa, o artista e mais importante a impressão do público.

  6. Pessoal, o show em Limeira foi impecável! pagaria o dobro se soubesse como seria! E a banda estava extremamente entrosada! Não cometeram erros! Foi um puta show e o Paul é um cara extremamente carismático!

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