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A conturbada história da produção de “Bohemian Rhapsody”, o filme do Queen

Vários problemas, desde roteiro até demissão de diretor durante as gravações, marcaram seus oito anos de produção

O Queen foi o responsável por fazer ressurgir o formato de cinebiografias de músicos entre as gigantes produtoras de Hollywood. “Bohemian Rhapsody” foi lançado em 2018, faturou quase US$ 1 bilhão em bilheteria, recebeu críticas de medianas a positivas e ganhou diversos prêmios – com direito a um Oscar de melhor ator para Rami Malek, intérprete do lendário vocalista Freddie Mercury.

Por mais que tenha sido bem-sucedido, o longa poderia ter sido um fiasco por conta da conturbada produção que teve em diversos momentos. Para se ter uma ideia disso, passaram-se oito anos desde seu anúncio até a chegada aos cinemas.

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Mas o que aconteceu exatamente nos bastidores de “Bohemian Rhapsody”? É o que vamos explicar no texto a seguir. As informações são da Wikipedia, Billboard e Mic.

O começo da produção de “Bohemian Rhapsody”

A jornada para que “Bohemian Rhapsody” saísse do papel e chegasse às telonas começou exatamente em 2010, quando o guitarrista Brian May anunciou oficialmente que um filme sobre banda seria lançado nos cinemas. Além disso, o músico também revelou que o comediante Sacha Baron Cohen (famoso por ter interpretado o personagem Borat) seria o intérprete de Freddie Mercury, enquanto Peter Morgan cuidaria do roteiro.

Em maio de 2011, May confirmou que a produção do filme estava em andamento. Na época, afirmou para o jornal Daily Record que se não fosse a insistência de Cohen, o projeto não teria ido para frente.

“Resistimos à ideia de fazer este filme por muito tempo e apenas agora sentimos que temos as pessoas certas e demos OK. Sacha parece ser perfeito. Se não fosse o Sacha insistindo e insistindo, não teríamos chegado a este ponto. Nós não o escolhermos. Ele nos escolheu.

Ele está determinado a interpretar o Freddie. Por anos, vem dizendo que ele vai fazer isso.”

Ainda assim, na mesma entrevista, Brian também revelou que o restante da banda estava cautelosa com o filme para não manchar o legado de Freddie.

“Obviamente, estamos todos com um grande entusiasmo, mas também com uma certa cautela, porque o legado de Freddie é muito precioso e precisamos ter responsabilidade pra não estragar tudo.”

A saída de Sacha Baron Cohen

Logo ficou evidente que, apesar das palavras de Brian May, o projeto estava parado. Ao longo de 2012, as poucas notícias sobre o filme praticamente envolviam apenas a escolha do diretor, além de um rumor de que a cantora Katy Perry estaria presente – o que a artista logo tratou de negar.

Dois anos depois do anúncio, em julho de 2013, veio a confirmação de que Sacha Baron Cohen deixou o longa por conta de diferenças criativas. O Queen desejava apenas um filme mais amigável, que explorasse a jornada da banda. Já o comediante gostaria de algo mais sombrio, focado na vida de Freddie Mercury e com classificação para maiores de 18 anos.

Brian garantiu, na época, que Sacha deixou o projeto amigavelmente. Apenas em 2016 que o comediante explicou as diferenças criativas em relação à banda. Em entrevista para o programa de rádio de Howard Stern, ele disse que um membro não identificado da banda queria que a primeira metade do filme terminasse com a morte de Mercury. Já na outra, o foco seria mostrar a jornada do Queen sem seu eterno vocalista.

“Não deveria ter ficado tanto tempo envolvido, pois na primeira reunião, anos atrás, um dos membros da banda disse: ‘esse filme será ótimo, porque o que acontece no meio é excelente’. Perguntei o que seria e ele respondeu: ‘Freddie morre, ué’. Deduzi que seria como ‘Pulp Fiction’, em que o meio é o fim, mas ele disse: ‘não, será normal’.

Perguntei o que teria na segunda metade e ele explicou: ‘vamos mostrar como a banda seguiu em frente fazendo sucesso’. Eu falei: ‘cara, ninguém vai querer ver um filme em que o protagonista morre de Aids no meio e a carreira de seu grupo continua’.”

O comediante também revelou que a banda queria omitir alguns aspectos mais pesados da vida de Freddie Mercury, algo que ele desejava explorar.

Por mais que Cohen tivesse deixado o projeto amigavelmente, segundo Brian May, a banda parece ter ficado aliviada com sua saída. Em entrevista para a revista Classic Rock, Roger Taylor revelou que, para ele, o filme teria sido ruim com Cohen no papel de Freddie Mercury.

“Acho que o filme teria ficado uma m*rda total com Sacha, que é uma pessoa agressiva e difícil de lidar.”

Já o próprio Brian May, também para a Classic Rock, afirmou que o filme “quase foi desastre” se Cohen tivesse permanecido.

“Acho que percebemos bem na hora o tamanho do desastre. E não era difícil perceber isso. Mas, sim, foi um dos problemas que quase tivemos.”

A chegada de Rami Malek e Bryan Singer

Em dezembro de 2013, a BBC afirmou que o ator Ben Whishaw foi o novo escolhido para viver Freddie Mercury, enquanto Dexter Fletcher seria o diretor. No entanto, já em março de 2014, Fletcher deixou a direção também por diferenças criativas. Em agosto do mesmo ano, Whishaw revelou que a produção tinha problemas e sete meses depois, também decidiu partir.

O projeto só deixou esse período de turbulência em novembro de 2015, após a contratação de Anthony McCarten como roteirista. Ele reescreveu o roteiro e foi o responsável por dar o título “Bohemian Rhapsody” – mesmo nome de uma das canções mais famosas do Queen.

Com o roteiro pronto, chegou a hora de escalar o elenco e um diretor. Em novembro de 2016, Rami Malek foi anunciado como intérprete de Freddie Mercury, enquanto Bryan Singer (diretor dos dois primeiros filmes da franquia X-Men) foi o escolhido para a direção.

Em agosto de 2017, o restante do elenco principal de “Bohemian Rhapsody” foi revelado. Brian May, Roger Taylor e o baixista John Deacon seriam interpretados por Gwilym Lee, Ben Hardy e Joseph Mazzello, respectivamente. Já a atriz Lucy Boynton viveria Mary Austin, ex-namorada e uma das grandes amigas de Freddie Mercury.

A saída de Singer

As gravações de “Bohemian Rhapsody” começaram em setembro de 2017. Quando parecia que todos os contratempos haviam sido superados, eis que apareceu mais um. No dia 1º de dezembro, o site The Hollywood Reporter revelou que a produção foi temporariamente paralisada por conta da “inesperada indisponibilidade” de Bryan Singer. O diretor não retornou da pausa do feriado de Ação de Graças, que ocorre na última semana de novembro.

Um representante do diretor afirmou que Singer se ausentou das gravações por conta de um “problema de saúde que envolvia Bryan e sua família”. Já o The Hollywood Reporter afirmou que o cineasta não vinha se dando bem com elenco do filme. O portal chegou a afirmar que, em uma ocasião, o diretor teve uma intensa discussão com Rami Malek no set de filmagens, ao ponto de ter atirado um objeto não especificado na direção do ator.

Três dias mais tarde, em 4 de dezembro, a Fox, responsável pela produção de “Bohemian Rhapsody”, anunciou a demissão de Bryan Singer. Em seguida, o diretor tratou de desmentir, em comunicado, que teve uma briga com Malek, mas também confirmou que eles tiveram suas diferenças no set de filmagens.

“Os rumores de que minha saída inesperada do filme foi causada por uma briga com o Rami Malek não são verdadeiros. Algumas vezes, tivemos nossas diferenças criativas no set, mas Rami e eu as deixamos de lado e continuamos trabalhando juntos até o feriado de Ação de Graças.”

Outro ponto que não chegou a ser comentado oficialmente é que Bryan foi um dos alvos de denúncias do movimento #MeToo, em que profissionais do alto escalão de Hollywood foram denunciados por crimes relacionados a má conduta sexual. Desde a década de 1990 Singer enfrenta alegações do tipo.

A volta de Dexter Fletcher

Lembra-se de Dexter Fletcher, o diretor que abandonou o projeto em 2014? Ele foi contratado para substituir Bryan Singer e assumiu as gravações finais de “Bohemian Rhapsody”.

Ainda assim, Singer foi creditado como diretor do filme por ter dirigido a maior parte das gravações – em torno de dois terços da obra. Já Fletcher foi citado como produtor executivo.

“Bohemian Rhapsody” ainda se tornou alvo de polêmica após o lançamento de seu primeiro trailer, em maio de 2018: muitas pessoas acusaram o filme de ter feito uma “lavagem hétero” em Freddie Mercury, após o cantor aparecer flertando com mulheres. Além disso, algumas pessoas também questionaram a sinopse oficial do longa por ter evitado dizer que Mercury tinha Aids, optando por “uma doença ameaçadora”.

Saldo final de “Bohemian Rhapsody”

De fato, a produção de foi pra lá de conturbada, como deu pra notar. Ao menos, podemos dizer que apesar da demora, valeu a pena: “Bohemian Rhapsody” recebeu críticas medianas a positivas e tem 60% de aprovação no Rotten Tomatoes. Houve críticas com relação a alguns erros de cronologia, mas elogios ao trabalho de caracterização e sonorização da obra.

Por outro lado, o longa arrebatou altas cifras em bilheteria. Foram arrecadados pouco mais de US$ 910 milhões, com um orçamento que variou entre US$ 50 milhões e US$ 55 milhões.

Além disso, “Bohemian Rhapsody” também ganhou vários prêmios, com direito a quatro Oscars: Melhor Ator (com Rami Malek), Melhor Edição, Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som, além de ter sido indicado à principal categoria, de Melhor Filme.

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Augusto Ikeda
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Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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