Amor de adultos por super-heróis pode levar ao fascismo, diz Alan Moore

Grande nome do mundo dos quadrinhos, Alan Moore vê problemas com o crescimento dos filmes com este tipo de personagem

Em uma era onde personagens dos quadrinhos estão cada vez mais presentes no cinema e na cultura pop como um todo, Alan Moore é um dinossauro e tanto. Parte da chamada “Invasão Britânica” ao lado de nomes como Neil Gaiman e Grant Morrison, ele foi o autor de títulos que mudaram as HQs, como “Watchmen”, “V de Vingança” e “A Piada Mortal”.

O que poderia parecer um bom momento para o segmento de Moore representa, na verdade, uma preocupação. Em entrevista ao jornal The Guardian, o quadrinista voltou a falar sobre um detalhe específico que ele já havia abordado: o fascínio de fãs adultos por super-heróis.

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Desta vez, Alan esmiuçou o tema ao explicar, em sua visão, o que isso significa a nível de sociedade.

“Eu disse por volta de 2011 que eu achava que haveria implicações sérias e preocupantes para o futuro se milhões de adultos fizessem uma fila para assistir filmes do Batman. Porque esse tipo de infantilização – a urgência por tempos mais simples, realidades mais simples – pode frequentemente ser um precursor do fascismo.”

De acordo com Moore, esse movimento é o resultado de uma tentativa de tornar os quadrinhos mais adultos, que começou nos anos 1980, época em que ele próprio surgiu. E o autor não se isenta da culpa nesse caso.

“Acho que isso é um mal-entendido que nasceu do que aconteceu nos anos 80 – e para o qual eu devo levantar a mão para assumir uma parcela considerável da culpa, apesar de não ser intencional – quando coisas como ‘Watchmen’ começaram a aparecer. Havia um monte de manchetes dizendo ‘os quadrinhos cresceram e agora são para adultos’.”

Os quadrinhos cresceram?

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Alan Moore discorda fortemente que os quadrinhos tenham “crescido”. Para ele, é exatamente um movimento inverso que aconteceu e segue acontecendo. É aí onde mora o perigo.

“Havia alguns poucos títulos que eram mais adultos do que as pessoas. Mas a maioria dos títulos de quadrinhos era praticamente a mesma coisa que sempre foram. Não eram os quadrinhos crescendo. Eu acho que era mais os quadrinhos encontrando a idade emocional do público vindo do outro lado.”

Alan Moore, HQs e extrema-direita

Ainda na visão de Alan Moore, o sucesso dos filmes de heróis e a escalda da extrema-direita no mundo todo estão diretamente associados. Um de seus argumentos é que quando o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi eleito em 2016 (“quando nós mesmos fizemos um desvio estranho em nossa política”, diz), muitos dos filmes mais populares no período eram de super-heróis.

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Por outro lado, ele está cautelosamente feliz por uma de suas criações: o uso da máscara de Guy Fawkes desenhada por David Lloyd para “V de Vingança” como símbolo de resistência, especialmente pelo grupo Anonymous.

“Não posso endossar tudo o que as pessoas que tomam essa máscara como um ícone podem fazer no futuro, é claro. Mas estou animado ao ver que foi adotada por movimentos de protesto tão amplamente em todo o mundo. Porque precisamos de movimentos de protesto agora, provavelmente mais do que já precisamos antes.”

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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