Entrevista: Helloween e Hammerfall falam sobre shows conjuntos no Brasil

Dani Löble, baterista da primeira banda citada no título, e Joacim Cans, vocalista do segundo grupo, revelam o que fãs podem esperar de apresentações em Ribeirão Preto (6/10) e São Paulo (8 e 9/10)

“O pacote supremo do heavy metal”. Foi assim que Joacim Cans, vocalista do Hammerfall, definiu a turnê que tem feito com o Helloween pelo mundo. Após rodar pela Europa, as bandas de power metal estão percorrendo a América Latina com a excursão conjunta “United Forces”.

Eles já tocaram em Costa Rica, Cidade do México, Equador, Colômbia e Argentina. Apresentam-se nesta terça-feira (4) em Santiago, no Chile. O Brasil ficou por último, mas com três datas: quinta (6), na Arena Eurobike, em Ribeirão Preto; e sábado (8) e domingo (9), no Espaço Unimed, em São Paulo. O show de sábado já está com ingressos esgotados.

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Em entrevista a IgorMiranda.com.br (também disponível com legendas no YouTube), o baterista do Helloween, Dani Löble, e o vocalista do Hammerfall, Joacim Cans, falaram sobre a tour, que agora se estenderá pela América do Norte entre maio e junho de 2023. Outros assuntos também foram abordados, como os recentes álbuns lançados por ambas as bandas e os desafios de voltar aos palcos após mais de dois anos parados em função da pandemia.

A seguir, em texto, estão as falas de destaque de ambos os músicos, com ligeiras edições para melhorar a sua leitura. A versão em vídeo pode ser conferida clicando aqui ou ao fim desta matéria.

Entrevista – Dani Löble (Helloween) e Joacim Cans (Hammerfall)

Volta aos palcos

Igor Miranda: Helloween e Hammerfall voltaram à estrada em maio deste ano e, desde então, rolaram alguns shows na Europa. Como foi finalmente retornar aos palcos mais de 2 anos após o início da pandemia?

Dani Löble: “Demorou um pouco para voltarmos à forma. Ensaiamos um pouco, é claro. Durante os ensaios, tudo voltou aos poucos. Estávamos um pouco ansiosos dessa vez. Então foi meio: ‘como será?’ Mas no momento exato que subimos ao palco, foi como estar de volta ao lar”.

Joacim Cans: “Acho que tanto o Hammerfall como banda quanto os fãs sentiram saudades. Quando você coloca o pé no palco pela primeira vez em mais de dois anos, é um pouco tenso. Apesar de ser super divertido no palco, o problema agora é que estamos fazendo um show aqui, outros dois ali, e estamos voando de volta pra casa. Não são os shows que cansam, são as viagens. Mas tem sido fantástico”.

Löble: “Durante a pandemia, no tempo livre, muitas vezes eu pensava: ‘ok, se esse show no Rock in Rio for o último da minha carreira, que final feliz’. Era um sonho nosso tocar no palco principal e fazer parte da transmissão. Poderia ser pior”.

Agora que vocês estão de volta à estrada, e considerando que são bandas de abordagem técnica com relação à performance, quais foram os principais desafios de voltar aos palcos depois de tanto tempo?

Löble: “Tocar bateria heavy metal ao vivo é como se fosse um esporte. Precisei de um tempo para recuperar aquela sensação de ter que se guardar no começo para conseguir durar o show inteiro. Fora questões de calor e frio, problemas eletrônicos, problemas de retorno. Demorou um pouco até recuperar os macetes”.

Cans: “Ser capaz de cantar por 90 minutos sem perder sua voz… diria que fazer um show completo é o grande desafio. Não é como se eu estivesse praticando em casa por dois anos. Estive em casa fazendo nada por dois anos. Tenho boa técnica, então fui voltando à forma após alguns shows, mas ainda preciso pensar demais, tipo: ‘não se empolgue, caso contrário, não vai conseguir cantar amanhã’”.

O que esperar dos shows

O que os fãs podem esperar dos shows no Brasil?

Löble: “Levaremos um novo setlist e um novo set de palco, diferente dos outros palcos. Sempre tentamos conseguir uma mistura boa para o repertório. Músicas indispensáveis como ‘Eagle Fly Free’ e ‘Future World’ – não consigo imaginar um show sem elas –, materiais do ‘Walls of Jericho’ e dos ‘Keeper of the Seven Keys’ que não tocávamos há tempos e canções novas. Isso tudo junto deve render um show legal. Sempre existirão fãs insatisfeitos com o setlist, mas quando montamos, escolhemos o que queremos que esteja lá. Espero que os fãs gostem tanto quanto a gente”.

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Cans: “É sempre complicado levar uma grande produção da Europa. Vamos tentar fazer o máximo e possível, mas temos que manter em mente que na Europa é uma turnê conjunta; na América do Sul, é Helloween com convidado especial Hammerfall. Então será ligeiramente mais curto, mas serão 60 minutos de heavy metal com pé na tábua do jeito do Hammerfall. Não vamos poupar energia”.

O Helloween planeja alguma mudança no setlist comparado aos shows mais recentes na Europa?

“Sim, é claro. Tentamos, pois o setlist é mais curto do que o da turnê ‘Pumpkins United’. A ‘Pumpkins United’ tinha por volta de três horas, então agora estamos tocando duas horas porque, com o Hammerfall junto, não dá pra tocar três horas. Isso significaria um show de quase quatro horas, longo demais. Então, cortamos um pouco o setlist e testamos algumas músicas. Ainda trabalhamos em material novo para levar ao palco de continentes diferentes, para ser meio que imprevisíveis”.

O repertório que o Helloween tem tocado na América Latina (vocalistas entre parênteses):

  1. Skyfall (Michael Kiske, Kai Hansen + Andi Deris)
  2. Eagle Fly Free (Michael Kiske)
  3. Mass Pollution (Andi Deris)
  4. Future World (Michael Kiske)
  5. Power (Andi Deris)
  6. Save Us (Michael Kiske) – substituída na Colômbia por I’m Alive (Michael Kiske)
  7. Metal Invaders / Victim of Fate / Gorgar / Ride the Sky (Kai Hansen) – na Colômbia, o medley também incluiu Starlight (Kai Hansen)
  8. Heavy Metal (Is the Law) (Kai Hansen)
  9. Forever and One (Neverland) (Michael Kiske + Andi Deris)
  10. Solo de guitarra de Sascha Gerstner
  11. Best Time (Michael Kiske, Kai Hansen + Andi Deris)
  12. Dr. Stein (Michael Kiske + Andi Deris)
  13. How Many Tears (Michael Kiske, Kai Hansen + Andi Deris)

Bis:

  1. Perfect Gentleman (Andi Deris)
  2. Keeper of the Seven Keys (Michael Kiske + Andi Deris)

Bis 2:

  1. I Want Out (Michael Kiske + Andi Deris)

O Hammerfall costuma tocar músicas de todos os álbuns. Vocês estão promovendo o “Hammer of Dawn”, mas quase todos os discos estão representados nos setlists.

Cans: “Sim. Assim é como criamos setlists. Queremos ser capazes de envolver o máximo de álbuns possível, porque tem fãs que cresceram com o Hammerfall, que preferem o material antigo, e temos fãs mais novos que talvez descobriram Hammerfall com Hammer of Dawn ou Revolution. É claro que nós te daremos uma canção… talvez não tenha uma canção do Revolution, eu não sei. Estamos tentando fazer o mais interessante possível para todos. Também precisa ser interessante pra gente”.

O repertório que o Hammerfall tem tocado na América Latina:

  1. Brotherhood
  2. Any Means Necessary
  3. The Metal Age
  4. Hammer of Dawn
  5. Renegade – substituída na Costa Rica e no México por Blood Bound
  6. Last Man Standing
  7. Hero’s Return / On the Edge of Honour / Riders of the Storm / Crimson Thunder
  8. Let the Hammer Fall
  9. (We Make) Sweden Rock
  10. Hammer High
  11. Hearts on Fire

Troca de elogios

Dani, o que você tem a dizer sobre o Hammerfall?

Löble: “Nos conhecemos tem tanto tempo. No meu caso, conheço esses caras há uns 20 anos. Estar em turnê com eles significa muito pra gente, pois temos uma boa relação. Por um lado, achamos o Hammerfall uma grande banda. Por outro, é um tipo diferente de música, sabe? Eles fazem um tipo diferente de heavy metal. Nós somos mais rápidos, eles têm mais groove. Na minha opinião, acho que combina, funciona. Nos complementamos. Para os fãs é algo grande, diverso. Não é apenas um tipo de heavy metal”.

Joacim, o que você tem a dizer sobre o Helloween?

Cans: “O Helloween primeiramente é uma das principais influências para o Hammerfall como banda. Para Oscar Dronjak (guitarrista) e eu como compositores… ambos crescemos com o Helloween, então é um sonho realizado. Conhecemos esses caras há tanto tempo. A primeira banda que levou o Hammerfall em turnê foi o Gamma Ray, em 1997, então pudemos conhecer Kai Hansen. Gravamos um álbum no estúdio de Andi Deris em Tenerife, então ficamos próximos de Andi Deris. Eu já fiz shows com Michael Kiske, conheço Michael. São os mestres e os pupilos saindo em turnê juntos, mostrando do que o heavy metal de verdade é capaz. É o pacote supremo de heavy metal, na minha opinião.”

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“Helloween”, o álbum

Tive a oportunidade de entrevistar Andi Deris ano passado para falar sobre o novo álbum, homônimo, lançado em 2021. Ele falou muito sobre o processo de gravar a bateria, pois você usou o antigo kit de Ingo Schwichtenberg (baterista falecido em 1995). Como foi gravar com aquele kit e gravar um álbum com a formação estendida, com Michael Kiske e Kai Hansen?

Löble: “Dessa vez as expectativas eram altas. Senti uma pressão rolando durante as gravações, mas não houve impacto na gente compondo. Estávamos de bom humor, nos damos bem uns com os outros. Todo mundo estava em forma. Tínhamos acabado de voltar do Rock in Rio e começamos a trabalhar. Quanto ao kit do Ingo, foi minha ideia trazê-lo. Se você escuta todos aqueles álbuns antigos dos anos 1980 e 1990, 80% deles foram gravados com o kit de bateria da Sonor (Phonic Plus) que tenho aqui no fundo comigo. Esse que tenho é o mesmo que tive nas gravações – a mesma série, é claro. Essa bateria é o rosto do som de bateria daquela época, então, eu queria recuperar esse som. Junto com Charlie Bauerfeind, nosso produtor de longa data, trabalhamos bastante para ter novamente aquele som na bateria. No fim, combinou bastante com as músicas. Foi uma honra. Ainda sou um fã de música, então ainda fico pilhado de ter a chance de gravar um álbum lendário do Helloween com aquele tipo de kit”.

“Hammer of Dawn”

Como você se sente agora com relação a “Hammer of Dawn”, álbum lançado há alguns meses?

Cans: “Como não pudemos sair em turnê logo após o lançamento, já que tivemos de adiar toda a turnê United Forces na Europa, é meio estranho que lançamos um disco e nada aconteceu. Mas escuto as músicas de vez em quando, especialmente quando estou correndo, e são fantásticas. Adoro a energia, porque fomos capazes de meio que canalizar toda a frustração acumulada durante a pandemia para a produção. Apesar de estarmos com mais de 50 anos agora, ainda somos uma banda faminta… talvez não jovem, mas ainda vejo Hammerfall como uma banda jovem. Enquanto o Iron Maiden e outras bandas da geração deles estiverem por aí, ainda vou considerar Hammerfall uma banda jovem”.

Vocês trouxeram King Diamond em pessoa pra gravar vocais em uma das músicas, “Venerate Me”. Como isso aconteceu?

Cans: “Quando Oscar compôs aquela parte, ele disse: ‘quer saber… sempre penso no King Diamond nessa parte’. Eu ouvi e disse que entendia totalmente o que ele dizia, então, por que não perguntar a ele? Conhecemos o King, já o encontramos. King veio nos ver quando tocamos em Dallas, encontramos com ele algumas vezes em festivais. Pontus (Norgren), nosso segundo guitarrista, é o engenheiro de som dele. Então, Pontus ligou para ele e King falou: ‘claro que quero fazer’. Tínhamos que manter em mente que era uma participação especial. Ele aparece, faz uma parte pequena e vai embora. Estamos falando em qualidade, não quantidade. A gravadora, Napalm Records, queria botar ‘featuring King Diamond’, e dissemos ‘não, não é um featuring, é como se fosse uma participação especial’. Se eu pudesse ter feito a decisão, nem teria colocado o nome dele ali. Acho que seria legal tipo: as pessoas que sabem, sabem. Tipo: ‘Quem é essa pessoa? Soa como King Diamond’. Aí começaria um burburinho online, pessoas falando. Acho que teria sido uma ideia melhor”.

Assista às entrevistas completas com Dani Löble (Helloween) e Joacim Cans (Hammerfall) no player de vídeo a seguir. Para mais informações sobre os shows, clique nos nomes das cidades: Ribeirão Preto | São Paulo.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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