Após Paul Stanley, outro membro do Kiss se manifestou sobre as recentes declarações antissemitas de Ye, atual alcunha artística de Kanye West. Durante aparição no “Piers Morgan Uncensored” (transcrita pelo Blabbermouth), Gene Simmons foi questionado se o povo judeu deveria aceitar as desculpas do músico, publicamente pedidas em recentes aparições na mídia.
“Bem, você certamente me colocou em uma posição embaraçosa. Não estou aqui para falar pelos judeus ou pelo povo judeu ou qualquer coisa, embora por nascimento eu seja um – na verdade, um israelense. Deixe-me declarar no interesse da divulgação completa: Ye/Kanye e eu nunca nos conhecemos, nunca trocamos e-mails. Eu não tenho ideia do que está em sua mente. Tudo que eu sei é o que a mídia me mostrou dele. E Ye/Kanye parece, de tudo que eu ouvi, ter um comportamento errático, do meu ponto de vista. Respeitosamente, ele parece realmente ferido, ele parece magoado, então está atacando.”
O baixista vocalista e empresário procurou estabelecer uma conexão entre as realidades ao prosseguir com sua fala.
“Vamos ser claros sobre isso: os afro-americanos foram torturados fisicamente, mentalmente, culturalmente por décadas, séculos. Mas você está falando com pessoas que ouviram essa história e foram torturadas mental e fisicamente por milhares de anos. Veja a Bíblia, que nosso povo escreveu e deu para o resto de vocês. Então, você tem que voltar na história e ter uma noção do que tudo isso significa. Você está falando sobre afro-americanos e judeus. Vários de nós se deram bem, vamos ser claros, porque trabalharam para isso. Mas não se engane. Racismo e antissemitismo andam lado a lado. Todos nós somos vítimas de uma forma ou de outra pelo establishment dominante, quem quer que sejam; o consenso do público.
Mas olhe para trás e veja Martin Luther King. Faça uma pequena pesquisa no Google. Quem está ao lado de Martin Luther King em uma marcha perigosa em Birmingham, junto com Jesse Jackson e todos os outros? Você tem um rabino segurando uma Torá. Ele está bem ali na frente, sabendo muito bem que quando voltar para o norte ou para a costa leste vai ser torturado por pessoas que têm pontos de vista diferentes.”
Gene concluiu:
“Primeiro de tudo, os afro-americanos devem entender que os judeus entendem a tortura e o racismo porque nós estivemos e continuamos lá. Os judeus não são as pessoas mais populares da face do planeta, mas há muitos outros povos, raças e outros povos que sofrem racismo. Então, o único conselho que eu tenho, como alguém na galeria de amendoim… eu não sou um médico. Eu não sei muito sobre Ye ou Kanye. Tenho amigos próximos e já ouvi histórias. Se há medicação, respeitosamente peço que ele tome. Se está cercado de pessoas erradas, arranje outras mais simpáticas. Você tem que se dar conta disso quando é um bilionário – e Deus o abençoe por isso. É a majestade, o milagre do sistema capitalista americano. Lá vamos nós – em um país cheio de racismo, o sistema capitalista permitiu que você se tornasse um bilionário.”
Kanye West e o antissemitismo
Semana passada, Kanye teve suas contas no Instagram e Twitter suspensas. Tudo começou na primeira rede citada, quando o artista publicou uma troca de mensagens com Sean “Diddy” Combs. O conteúdo mostra Diddy exaltando a importância de movimentos contra o racismo e West respondendo que o colega era controlado por judeus.
Após ser banido, Kanye voltou ao Twitter, onde não participava há dois anos. A postagem do músico contava com uma foto junto a Mark Zuckerberg, CEO da Meta, e o texto:
“Olhe para isso, Mark. Como você foi me expulsar do Instagram? Você era meu irmão.”
A seguir passou a atacar judeus, chegando a declarar que iria “death con 3”, uma referência/trocadilho ao termo DEFCON, usado pelo Pentágono para descrever ameaças. Não demorou para que o banimento também fosse decidido pela segunda plataforma.
No início do mês, Kanye West já havia provocado críticas por usar uma camiseta escrito “White lives matter” (“Vidas brancas importam”) durante a exibição de sua coleção na Paris Fashion Week. Ele usou a mesma peça dias depois, enquanto assistia um jogo de basquete de sua filha de 9 anos, North West.
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