A discografia do Kiss toma um rumo bem diferente na década de 80, desde antes da retirada das maquiagens. E mesmo entre esses álbuns, mais voltados ao hard rock que vigorava na época, “Crazy Nights” (1987) parece um ponto fora da curva.
O motivo é a quantidade de teclados e sintetizadores que permeiam o som da banda de Paul Stanley e Gene Simmons. As teclas pouco apareceram em trabalhos anteriores e, aqui, dividiu a opinião de vários fãs.
Ron Nevison foi o produtor desse disco, onde Stanley e Simmons começaram a colaborar com famosos “hitmakers” daquele período, como Desmond Child e Diane Warren.
Em uma entrevista para o jornalista Andrew DiCecco, do site Vinyl Writer Music, Nevison contou um pouco sobre a visão que a banda tinha para o álbum. O conceito por trás de “Crazy Nights” vinha principalmente de Paul Stanley, o integrante com quem mais ele teve contato durante a produção.
Porém, a presença de teclados fez com que especialmente a atuação do produtor fosse questionada pelos fãs.
“Isso me lembrou de quando Bob Dylan pegou uma guitarra elétrica, seus fãs enlouqueceram. ‘Colocar sintetizadores no Kiss? Você é louco!?’ Cara, eu tive bastante feedback por isso.”
De acordo com Nevison, o foco do Kiss era basicamente criar singles impactantes, da mesma forma que bandas como o Bon Jovi faziam na época. Além disso, o grupo queria atingir um nível alto de popularidade em um tipo específico de estação de rádio.
“Olha, os anos 80 eram bem específicos se você quisesse ser grande. Você tinha que satisfazer a CHR, que era o formato Contemporary hit radio (rádio de hits contemporâneos, em tradução livre). Havia só 146 dessas estações em todo o país, mas essa era a chave para o sucesso. Se você tivesse um hit nº 1 de AOR (Album-oriented rock, ou rádio orientada a álbuns), você estava indo para um disco de ouro; se tivesse um hit nº 1 na CHR, você estava indo para platina. Se pudesse fazer os dois, estava ainda para mais ainda. Era o tipo de coisa onde você tinha que obedecer a esse formato para tocar, então você tinha que suavizar as coisas aqui e ali.”
Competição com Bon Jovi?
Em outra entrevista, concedida ao The Rock River Times em 2019, Ron Nevison pontuou que em 1987 o Kiss especificamente tentava competir com o Bon Jovi, a jovem banda de maior popularidade no rock naquele momento.
“Sobre o Kiss tentar competir com o Bon Jovi na época, acho que isso é verdade. Na época, o Bon Jovi apareceu com ‘Livin’ On a Prayer’. Paul Stanley estava em Nova York compondo com Desmond Child e todas as pessoas com as quais o Bon Jovi estava trabalhando.”
O produtor não entende por que nenhum hit saiu de “Crazy Nights”.
“Paul me mostrou 8 ou 10 músicas de qualidade que poderíamos usar. Gene meio que me mandou algumas músicas que tinha por perto, acho que umas 25. Se bem me lembro, ele só contribuiu com algumas faixas que chegaram ao disco. Para dizer a verdade, fico desapontado com ‘Crazy Nights’ não ter emplacado um grande hit single.”
Kiss e “Crazy Nights”
De fato, talvez o Kiss tenha exagerado um pouco nessa “suavização” citada por Ron Nevison em “Crazy Nights”. Embora tenha se recuperado das vendas mais baixas de seu antecessor, “Asylum” (1985), o álbum não correspondeu às expectativas depositadas.
O álbum alcançou posições top 10 apenas no Reino Unido (4º), Finlândia (4º) e Noruega (8º), tendo atingido “apenas” o 18º lugar nos Estados Unidos. Dos três singles – “Crazy Crazy Nights”, “Turn On the Night” e a balada “Reason to Live” –, somente o primeiro se destacou e exclusivamente em território britânico, chegando à 4ª posição das paradas locais.
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Bon jovi tinha esse lance de lançar o Hit da moda, aquela música marcante…tipo o que o Scorpions fazia, na minha opinião!!!! Muitos produtores, acredito que a maioria prefere lançar algo mais comercial e aceito por rádios e, isso não funciona bem em determinadas bandas!!!! Bon Jovi tinha mais essa apegação com a imagem jovial do Vocalista, enquanto a banda Scorpions fazia algumas baladas marcantes…muito parecidas uma com as outras músicas!!!! Kiss uma banda americana que é americanizada, seria mais ou menos o que o Japão fez com a Nintendo e assim vai!!!! As vezes é bom experimentar coisas novas em determinadas bandas, mostrar algo novo…o que vejo é fã não largar ou deixar de gostar de determinada banda por causa do acréscimo do teclado ou seja lá o que for em termos de instrumento e tecnologia!!!! Valeu!!!!