Depois de muita polêmica envolvendo músicos e Alexandre Abrão, filho de Chorão, o projeto “Charlie Brown Jr 30 Anos” enfim teve andamento, sob liderança dos guitarristas Marcão Britto e Thiago Castanho. Além das três décadas de banda citadas no nome da turnê, foram celebrados os 25 anos de “Transpiração Contínua Prolongada” (1997), emblemático álbum de estreia do grupo.
Além de Britto e Castanho, o projeto reúne músicos que fizeram parte da trajetória da Charlie Brown Jr, como o baixista Heitor Gomes e os bateristas Bruno Graveto e André Pinguim Ruas. A formação é completa por Egypcio, vocalista do já findado Tihuana.
Entre os ex-integrantes ainda vivos (tanto o frontman Chorão quanto o baixista Champignon faleceram em 2013), a única ausência é a de Renato Pelado, também baterista, que deixou o rock desde que se converteu religiosamente. Ainda assim, ele segue apoiando os colegas – tanto que marcou presença no show realizado no Vibra São Paulo (antigo Credicard Hall), em São Paulo, na noite do último sábado (30).
A apresentação em território paulistano dá sequência à turnê que já passou por Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Jaguará do Sul (SC) e Maceió (AL). As próximas datas estão marcadas para Santos (SP), Brasília (DF), Goiânia (GO) e Belém (PA) – clique para acessar a agenda.
“Quem é Charlie Brown faz barulho aí”
Lotado por fãs de várias gerações que gritavam “Charlie Brown, Charlie Brown” antes mesmo dos músicos subirem ao palco, o Vibra estava tomado por um clima eletrizante e nostálgico. Com pouco menos de 20 minutos de atraso, o show começa com uma vinheta no telão que traz fotos de momentos especiais vividos pelos integrantes da CBJr.
Assim que o sexteto subiu ao palco, Egypcio logo disse: “Quem é Charlie Brown faz barulho aí”, levando o público ao delírio. O repertório começou com duas músicas do homenageado álbum de estreia: “O coro vai comê!”, com o vocalista pedindo para que o público cante junto, e “Tudo que ela gosta de escutar”, que animou ainda mais os fãs.
A partir daí, fases variadas da carreira do grupo foram abordadas. Um salto para o fim dos anos 2000 leva o público para “Me Encontra”, do álbum “Camisa 10 Joga Bola Até na Chuva” (2009), e “Pontes Indestrutíveis”, de “Ritmo, Ritual e Responsa” (2007). O disco de estreia volta a ser homenageado com “Charlie Brown Jr”, “Gimme o anel”, “Sheik” e “Quinta-feira”.
Após o set seguir com “Te Levar Daqui”, “Zóio de Lula” e “Ela Vai Voltar (Todos os Defeitos de Uma Mulher Perfeita)”, o clima esquentou de vez com “Hoje Eu Acordei Feliz” com o público pulando e cantando em coro. Em seguida, a banda intercalou uma música mais lenta, “Senhor do Tempo”, durante a qual Heitor Gomes interagiu com os fãs e foi reconhecido com gritos por seu nome.
De volta às mais animadas, chegou a vez de “So Far Away”, seguida de “Tamo aí na atividade”, que fez o público delirar mais uma vez. Continuando nesse clima, Egypcio diz “Vamo incendiar, Marcão – no bom sentido” e começa “Rubão, O Dono do Mundo”.
Participação e céu de luzes
Um dos momentos de destaque da apresentação ocorreu durante a participação especial do ator Paulinho Vilhena, que recitou um trecho da música “Di-SK8 eu vou”:
“Meu nome é Chorão
Eu sou linha de frente
Mas esqueço do mundo quando ando de skate
De vez em quando eu vou pro baile que é pra sola gasta
Eu trabalho pra car#lho mas nasci pra vadiar”
Na sequência, ele cantou “Champanhe e água benta” com a banda, que emendou para um momento emocionante: Thiago Castanho pediu para o público acender as luzes dos celulares em homenagem a Chorão e Champignon, iniciando uma canjinha de “Como tudo deve ser”. Outros clássicos vieram logo após: “Proibida pra Mim (Grazon)”, “Lutar Pelo que é Meu”, “Não Viva em Vão”, “Lugar ao Sol” e “Não é Sério”. Outro pedido pela iluminação dos smartphones veio durante uma versão acústica de “Céu Azul”.
Ainda no clima de emoção, Castanho ergue primeiro uma bandeira estampada com a imagem de Champignon e depois outra com a de Chorão. Compensou a falta de fotos no telão em homenagem aos músicos, já que os efeitos de tela foram bem simples, sem nada muito performático.
Com público e músicos animados e em sintonia, é a vez de “Samba Makossa”. Em seguida, Thiago pede novamente pelo céu de luzes e assume os vocais em “Dias de Luta, Dias de Glória”, um hino da banda que fez a galera delirar.
Emoção em família
Egypcio apresentou a banda e a si próprio comentando que, durante sua trajetória com o Tihuana, manteve uma amizade de mais de 20 anos com os músicos do Charlie Brown Jr. Este foi o motivo que gerou o convite para sua participação na turnê. Emocionado, ele agradeceu aos fãs por terem aberto as portas para ele e reforçou que não está substituindo ninguém, mas sim comemorando, vivenciando e chorando. Por fim, elogiou Chorão e Champignon e pediu um salve para eles.
Nessa hora, Bruno Graveto abraça Egypcio e, em seguida, a banda começa “Só os Loucos Sabem”. No fim da música, André Pinguim Ruas pediu barulho para Renato Pelado que, conforme citado no início do texto, estava na plateia prestigiando a banda. Thiago Castanho aproveitou o momento e também pediu barulho para sua mãe, Elizabeth, que estava presente, e para todos os familiares dos integrantes.
O guitarrista assumiu os vocais novamente em “Confisco” e na sequência perguntou quem gosta de lado B, com Egypcio voltando para cantar “Mantenha a Dúvida e Espere Até Ouvir Falar de Nós”, “Quebra-Mar” e “Meu Novo Mundo”, seguida de “Papo Reto”, que levou a energia do público para o alto de novo.
O encerramento do set regular ficou a cargo de “Um Dia a Gente se Encontra”, com muita emoção e agradecimentos. A clássica foto do grupo junto aos fãs de fundo foi registrada pelas lentes do lendário fotógrafo Marcelo Rossi. Aos gritos do público, a banda apresenta no bis “Ouviu-se Falar”, abrindo uma roda punk a pedido de Thiago. Vale destacar que, nessa música, Egypcio lembrou muito os trejeitos de Chorão no começo da carreira.
O show, enfim, é concluído com um abraço emocionado de Castanho no vocalista. O grupo agradeceu aos fãs e os bateristas jogaram as baquetas para os fãs.
Além de toda a emoção e felicidade dos fãs por terem a oportunidade de matar as saudades das músicas ao vivo, o show Charlie Brown Jr 30 Anos chama atenção pelo longo repertório e pelas performances individuais. Egypcio, que interagiu bastante com o público, se manteve dentro do seu estilo – que remete muito ao próprio Charlie Brown Jr, mas sem tentar imitar o Chorão. Outro diferencial está na performance dupla de Pinguim e Graveto na bateria: os dois tocam ao mesmo tempo, sem perder a técnica e mantendo seus próprios estilos. Não é para qualquer um.
Depois de tanto tempo sem tocarem juntos, os músicos da formação original do CBJr ainda tem uma dinâmica impecável. A escolha do vocalista apenas somou à conexão e química do grupo, que abusou de seu vasto repertório, repleto de músicas atemporais, para fã nenhum colocar defeito.
*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo
Charlie Brown Jr 30 Anos – ao vivo em São Paulo
- Local: Vibra São Paulo
- Data: 30 de julho de 2022
- Turnê: Marcão Britto e Thiago Castanho – Celebração 30 Anos
Repertório:
- O coro vai comê!
- Tudo que ela gosta de escutar
- Me encontra
- Pontes indestrutíveis
- Charlie Brown Jr
- Gimme o anel
- Sheik
- Quinta-feira
- Te levar daqui
- Zóio de lula
- Ela vai voltar (Todos os defeitos de uma mulher perfeita)
- Hoje eu acordei feliz
- Senhor do tempo
- So far away
- Tamo aí na atividade
- Rubão, o dono do mundo
- Como tudo deve ser
- Champanhe e água benta
- Proibida pra mim (Grazon)
- Lutar pelo que é meu
- Não viva em vão
- Lugar ao sol
- Não é sério
- Céu azul
- Samba makossa
- Dias de luta, dias de glória
- Só os loucos sabem
- Confisco
- Mantenha a dúvida e espere até ouvir falar de nós
- Quebra-mar
- Meu novo mundo
- Não deixe o mar te engolir
- O preço
- Não uso sapato (canja)
- Papo reto (Prazer é sexo o resto é negócio)
- Um dia a gente se encontra
Bis
- Ouviu-se falar
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