Teve início na última sexta-feira (15), em Porto Alegre, a edição 2022 do Samsung Best of Blues and Rock. O evento, que também terá parada em São Paulo domingo (17), se caracteriza pela oportunidade de oferecer um espaço a novos artistas e nomes consagrados com apresentações gratuitas ao público. Também se destaca por dar ênfase à música instrumental, tão afastada do gosto popular.
Não dá para deixar de falar sobre a versão gaúcha sem citar um convidado já esperado, mas ainda assim indesejável. O mau tempo deu as caras com chuvas fortes durante o dia, que provocaram contratempos para a produção. O lamaçal se fez presente e vitimou calçados de quem se aventurou pelo Parque Farroupilha – incluindo os deste que vos escreve.
Mesmo assim, a festa ocorreu com os três shows programados. O primeiro a subir no palco foi Ian Garbinato, mais conhecido como O Cara do Metal. A oportunidade era única e não poderia ter sido deixada de lado. Porém, o jovem e seu power trio precisaram se adaptar à proposta do evento e acabaram ficando intimidados e deslocados. Basta uma conferida no trabalho online para ver que o projeto não se mostrou da forma habitual. Mas os músicos possuem talento e podem crescer, trilhando um caminho de acordo com o que almejam.
Yohan Kisser, o talento que transcende estilos
A seguir, Yohan Kisser se apresentou com surpreendente competência e destreza. Mostrando-se um músico completo, o filho de Andreas Kisser (Sepultura) conduziu o público em uma viagem que foi dos convencionais Rush e Pink Floyd até Hermeto Pascoal, passando por Frank Zappa, Johan Strauss e Igor Stravinsky. Também houve espaço para a própria “Tadpole”, lançada oficialmente na mesma data do concerto.
Ao final, mandou um “Fora Bolsonaro” e homenageou sua mãe Patrícia, falecida há menos de duas semanas. Yohan reúne todas as características de um músico acima da média e tem tudo para se tornar um dos grandes nomes da música brasileira nas próximas décadas. A ovação da plateia ao final falou por si só.
Joe Perry, ou AeroJoe
Sabe quando algo é ainda mais legal do que você já sabia que seria? É uma boa definição para o show do The Joe Perry Project.
Em sua primeira apresentação após dois anos e meio, como o próprio ressaltou, o guitarrista resolveu dar ênfase à fase do Aerosmith que desperta mais nostalgia saudosistas. Sendo assim, carregou o setlist com pérolas do hard rock dos anos 1970, arrancando lágrimas dos fãs.
Houve até espaço para algumas surpresas, como o resgate de “My Fist Your Face”, música do pouco lembrado “Done With Mirrors”, álbum que marcou a reunião do Aero na metade dos anos 1980. O Led Zeppelin também foi celebrado com “Whole Lotta Love”. Mas os grandes momentos ficaram mesmo com hinos como “Toys in the Attic”, “Chip Away the Stone” e a indefectível “Sweet Emotion”. Só faltou algo de “Rocks”, mas perdoamos.
A banda colaborou, com Gary Cherone (Extreme, ex-Van Halen) inspirado nos vocais, Chris Wyse (baixo) e Buck Johnson (teclados) suprindo com louvor a falta de um segundo guitarrista e a novidade de última hora, o baterista Jason Sutter sentando a mão no kit com total destreza.
A alma ficou tão lavada quanto o corpo ao final do evento. Que o Samsung Best of Blues and Rock tenha vida muito, muito longa.
Repertório – The Joe Perry Project
- Let the Music Do the Talking
- Toys in the Attic (Aerosmith)
- Walkin’ The Dog (Aerosmith)
- Fortunate One
- Steppin’ Out
- Stop Messin’ Around (cover de Fleetwood Mac)
- My Fist Your Face (Aerosmith)
- Quake
- Chip Away the Stone (Aerosmith)
- Spanish Sushi
- Wooden Ships
- Walk This Way (Aerosmith)
- Whole Lotta Love (cover de Led Zeppelin)
- Same Old Song and Dance (Aerosmith)
- Rockin’ Train
- Sweet Emotion (Aerosmith)
Bis: - The Train Kept A-Rollin’ (cover de Bradshaw cover)
Fotos: Há Cena Comunicação e Cultura
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