A fama de Elvis Presley o transformou em intocável perante as gerações que o acompanharam ainda em vida. Porém, o passar dos anos foi tirando o aspecto mágico de sua persona e criando questionamentos em relação ao que o cantor representava para a música.
A crítica mais contundente e repetida tem como ponto base o fato de o proclamado rei do rock ter se apropriado de características da música negra em um ainda altamente segregado Estados Unidos. A ideia é de que gravadoras e empresário, sabendo das barreiras raciais, venderam uma imagem pioneira do artista, quando tudo que ele fez foi oferecer uma versão “diluída” do que muitos já conheciam através de nomes como Chuck Berry e Little Richard.
Porém, Elvis também tinha seus defensores. Um deles foi B.B. King. O site do fã-clube australiano de Presley resgatou um artigo do San Antonio Examiner, contendo uma entrevista do bluesman realizada em 2010 – 5 anos antes de sua morte. Nela, o astro declara:
“Não havia uma gota de racismo em Elvis. Quando digo isso, pode acreditar, pois eu conheço o racismo.”
Amizade entre Elvis Presley e B.B. King
Os dois se conheceram no início dos anos 1950, no Sun Studios. Em sua autobiografia, lançada em 1996, King se recordava do roqueiro como uma figura amigável.
“Lembro-me distintamente de Elvis porque ele era bonito, quieto e educado demais. Falava com esse sotaque melado grosso do sul, sempre me chamando de ‘senhor’. Eu gostei daquilo.”
De volta ao artigo, B.B. estabeleceu comparações com o cantor falecido em 1977.
“Nascemos pobres no Mississippi, passamos por infâncias desprivilegiadas. Aprendemos e conquistamos nosso caminho através da música. Veja bem, eu conversei com Elvis sobre música desde o início, e eu sei que uma das grandes coisas no seu coração era esta: a música é propriedade de todo o universo. Não é exclusividade do negro ou do branco ou de qualquer outra cor. É compartilhado em e por nossas almas.”
“Elvis abriu muitas portas”
As últimas frases abrem espaço para B.B. King voltar a negar qualquer possibilidade de Elvis ter sido uma figura com preconceitos raciais.
“Se você perguntar a alguém, estou falando de pessoas de todos os tipos de música – blues, soul, country, gospel, qualquer que seja – e se eles forem honestos com você e estiverem por aí há tempo suficiente para saber – eles vão agradecer Elvis por suas contribuições. Ele abriu muitas portas e, por todas as suas ações, não apenas suas palavras, mostrou seu amor por todas as pessoas.”
Distanciamento?
Em maio último, o guitarrista Vernon Reid (Living Colour) escreveu em seu Twitter:
“Há uma fotografia de Elvis com B.B. King no Sun Studios quando jovens, nunca amplamente divulgada. Nada forçada nem arranjada. É claro que eles eram bons amigos. Parker (Tom, empresário) trabalhou assiduamente para DISTANCIAR Elvis dos negros, com quem ele andava confortavelmente, para tranquilizar os fãs brancos sulistas.”
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Eu sou bravo e gosto da pessoa pelo o que ela é, e não pela cor. Quando o Elvis morreu eu só tinha 6 anos de idade. Mas acho que o racismo não cabe no rock e não creio que o Elvis era racista.