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Como nasceu a revolucionária e minimalista capa de “White Album”, dos Beatles

Em contraste com a exuberante capa de "Sgt. Peppers", o eclético disco da banda vinha apenas com uma imagem em branco

Em 1968, os Beatles fariam história novamente com o lançamento de seu disco homônimo. A capa do trabalho é tão impactante que desde sua divulgação, passou a ser chamado de “White Album” (“Álbum Branco”).

Curiosamente, a imagem é considerada uma sequência e uma resposta da própria banda à capa de seu trabalho anterior, “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967), cuja foto principal é motivo de debate até os dias de hoje por conta da riqueza de detalhes. Há quem encontre até pistas da teoria conspiratória sobre a morte de Paul McCartney em 1966.

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Para o “White Album”, o conceito deveria ser completamente diferente. Como habitual, Paul McCartney pediu indicações de artistas para o comerciante de arte Robert Fraser, também conhecido como “Groovy Bob”. Tanto os Beatles como os Rolling Stones o consultavam com frequência – e, assim como havia sido em “Sgt. Peppers”, o palpite foi certeiro.

Capa do álbum homônimo dos Beatles, o famoso “White Album”

O minimalismo da capa do White Album

A recomendação de Fraser foi o artista Richard Hamilton, um dos expoentes do pop art britânico naquele período. O profissional era conhecido pelas visões inusitadas que tinha de alguns aspectos da arte moderna, o que fica bastante evidente na capa do álbum branco.

Para Hamilton, o ponto de partida da capa toda branca, sem praticamente nenhum detalhe ou inscrição, foi justamente a grande quantidade de informações presentes na capa do disco anterior. Ele próprio explicaria isso em entrevista para os repórteres Pete Stern e Alex Turnbull pouco antes de sua morte, em 2011.

“A capa de ‘Sgt. Pepper’ era tão cheia de atividade que seria legal ter uma folha completamente limpa e fazer apenas uma capa branca.”

Capa de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles

Vieram de Richard as ideias de chamar o álbum apenas de “The Beatles” e inserir números de série nos discos – o que soaria irônico, já que as capas são todas igualmente brancas e fabricadas aos milhares.

Se dependesse dele, nem mesmo o nome da banda, que entrou em baixo relevo e sem cor, entraria na imagem final. Anos depois, Paul McCartney admitiu ser o responsável por essa ideia. Nas versões em CD, os escritos chegam em cinza bem claro, emulando o efeito do relevo original.

Invertendo a lógica

Se a capa do “White Album” não trazia nenhuma informação visual, o fã teria o contrário ao abrir o disco duplo. O projeto gráfico de Richard Hamilton invertia a lógica da capa no encarte: muitas fotos, letras das músicas e colagens dos Beatles em geral foram inseridas na abertura da embalagem.

Pôster que vem no encarte do “White Album”

De acordo com o artista, como os Beatles podiam fazer o que quisessem na Apple Records, a ideia toda foi colocada em prática de forma bem tranquila – embora lamentasse o baixo relevo.

“Eles eram tão poderosos na relação com a EMI que podiam fazer o que quisessem. Eles puderam fazer exatamente como eu queria, exceto, claro, que colocaram o título ‘The Beatles’ em baixo relevo o que eu não teria feito.”

Parte interna do “White Album”

Beatles fazem história de novo

Apesar de literalmente ser uma imagem em branco, a capa do “White Album” é uma das mais famosas e reconhecidas na história da música. Outros artistas foram inspirados por esse conceito nos anos seguintes, com destaque ao disco homônimo do Metallica, de 1991, referido como “Black Album”.

O número de série, colocado por Richard Hamilton como uma ironia, tornou-se bem efetivo. O disco de número 0000005 foi vendido no eBay, em 2008, por mais de 19 mil libras. O baterista Ringo Starr tinha o primeiro de todos, o número 0000001, e ofereceu o exemplar para leilão em 2015, com lance final em 790 mil libras.

Capa à parte, o “White Album” é lembrado como um dos trabalhos mais ecléticos e inventivos dos Beatles. Músicas como “Helter Skelter”, “Back in the U.S.S.R.”, “While My Guitar Gently Weeps”, “Ob-La-Di, Ob-La-Da” e “Blackbird” integram o trabalho, que, como esperado, vendeu milhões de cópias por todo o mundo.

* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição por Igor Miranda.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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