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O primeiro show de Bruce Dickinson com o Iron Maiden, realizado em 1981

Ocorrida em Bolonha, na Itália, apresentação trouxe músicas apenas dos dois álbuns gravados com Paul Di'Anno e três pedidos de bis da plateia

O Iron Maiden protagonizou a troca de vocalistas mais certeira da história do rock/metal: a entrada de Bruce Dickinson na vaga de Paul Di’Anno.

Sim, há outros exemplos onde bandas se deram bem, mantiveram a base de fãs e prosseguiram a carreira de forma gloriosa. Porém, nenhuma alcançou o efeito surtido pela chegada de Dickinson no lugar de Di’Anno.

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A já ascendente trajetória do Iron Maiden se tornou um fenômeno capaz de transformá-los em algo maior que o próprio movimento que os revelou, a NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal). E o início dessa etapa gloriosa ocorreu precisamente no dia 26 de outubro de 1981, com o primeiro show de Bruce com a banda.

Bruce Dickinson se junta ao Iron Maiden

Da esquerda para a direita: Dave Murray, Bruce Dickinson, Steve Harris, Clive Burr e Adrian Smith

Antes de entrar para o Iron Maiden, Bruce Dickinson fez parte do Samson, banda com a qual gravou dois álbuns de estúdio: “Head On” (1980) e “Shock Tactics” (1981). O primeiro contato do vocalista com o empresário Rod Smallwood ocorreu no dia 29 de agosto de 1981, quando o manager assistiu a um show do grupo no festival Reading Rocks, na Inglaterra.

Após uma rápida conversa nos bastidores do evento, Bruce e Rod seguiram para o hotel Holiday Inn de Reading. O empresário, então, convidou o vocalista para ocupar a vaga de Di’Anno – imerso em problemas com drogas – e juntar-se ao Maiden.

A resposta de Dickinson foi um tanto ousada, conforme o próprio lembrou em entrevista à Classic Rock:

“Falei: ‘Em primeiro lugar, você sabe que vou conseguir o trabalho – caso contrário, não me chamaria. Quando eu conseguir o trabalho – e eu vou conseguir -, você está preparado para um estilo totalmente diferentes, para as opiniões e para alguém que não será obediente? Se não quiser isso, me diga agora e eu caio fora’.”

O vocalista, responsável por deixar Smallwood atônito, hoje dá risada ao se recordar da ocasião.

“Achei que seria melhor entrar ali com todas as armas.”

O teste de Bruce para se juntar ao grupo foi meramente protocolar: eles já sabiam que ali estava o cara certo. Os músicos se juntaram para um ensaio, depois gravaram vocais em estúdio para algumas faixas antigas do Maiden e encerraram a noite assistindo a um show do UFO. Tempos fáceis.

O primeiro show

Visando entrosar o ex-cantor do Samson com os novos companheiros, Rod Smallwood marcou uma curta turnê pela Itália. A ideia era evitar os holofotes da sempre crítica imprensa inglesa, o que não era tão difícil em um mundo prévio à globalização das informações.

Além disso, o quinteto já gozava de popularidade interessante no país – fato comprovado quando abriram shows para o Kiss na Unmasked Tour e dividiram o público, arrastando uma fatia considerável dos fãs que estavam mais interessados em sua apresentação do que na dos headliners.

Para o novato Bruce Dickinson, tudo era novidade, como o próprio lembrou na biografia “Para Que Serve Este Botão?”:

“Até então nunca tinha me apresentado fora do Reino Unido. A não ser por uma viagem escolar, pouco havia saído do país. Fomos para lá em um ônibus de turnê. Eu também nunca havia entrado em um. Tinha um banheiro que era quase útil, apesar de cagar ser proibido, o que o tornava um mero produto de nossa imaginação febril no caso de uma catástrofe intestinal.”

A primeira parada foi em Bolonha, no Palasport. No repertório, apenas as canções dos discos e singles gravados com Di’Anno – incluindo a versão para “I Got The Fire”, do Montrose, posteriormente regravada novamente com Bruce.

Em entrevista à RTBF, o novo vocalista relembrou o nervosismo para aquela apresentação.

“Era como estar jogando para um time local da terceira divisão e, no minuto seguinte, te falam: ‘você vai jogar no Barcelona e o seu parceiro será Lionel Messi’. (risos) Você pensa: ‘é melhor praticar então’.

Eu não conseguia nem abrir os olhos pelas primeiras cinco músicas. Estava tão apavorado para olhar para o público. Eu só pensava: ‘sei que eles estão aí’. Porém, eu era o vocalista e precisava assumir aquilo. É o meu trabalho.”

Apesar disso, a recepção foi a melhor possível, com direito a três encores a pedido da plateia. Confira abaixo o roteiro completo da performance, conforme publicado pelo Setlist.fm.

  1. Sanctuary
  2. Purgatory
  3. Wrathchild
  4. Twilight Zone
  5. Remember Tomorrow
  6. Genghis Khan
  7. Killers
  8. Another Life
  9. Innocent Exile
  10. Running Free
  11. Murders in the Rue Morgue
  12. Phantom of the Opera
  13. Iron Maiden

Bis 1:

  1. Transylvania
  2. Drifter

Bis 2:

  1. Prowler

Bis 3:

  1. I Got the Fire (Montrose cover)

O show quase completo em áudio (faltando apenas o início de “Sanctuary”) pode ser ouvido abaixo.

Curiosamente, o próprio site do Iron Maiden coloca os cinco shows na Itália, assim como os dois seguintes na Inglaterra, no itinerário da “Killer World Tour”.

A seguir, a banda entraria em estúdio para gravar “The Number of the Beast”, seu terceiro álbum – e primeiro com Bruce. A partir daí, Steve Harris e seus parceiros expandiram o domínio no mundo do heavy metal e se tornaram a principal referência de sua geração.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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