Roger Waters é comunista? Entenda a visão política da mente do Pink Floyd

Músico critica o capitalismo e governos de extrema direita, mas se diz próximo do socialismo

Roger Waters, ex-vocalista e baixista do Pink Floyd, é conhecido por suas posições políticas muitas vezes duras e polêmicas, sempre à esquerda. O músico é frequentemente “acusado” de ser comunista – especialmente nos Estados Unidos, país onde vive há um bom tempo.

Mas será que isso procede? Essa história data dos tempos de Pink Floyd e nos dá uma boa noção da posição de Waters.

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Oficialmente, o músico se declara como socialista – o que, vale lembrar, não é a mesma coisa de comunista, especialmente nos dias de hoje, com o estabelecimento de correntes mais orientadas à social-democracia. Existe até mesmo socialismo liberal, que não defende a abolição do capitalismo, mas, sim, uma economia mista.

Em diversas entrevistas, Roger Waters defendeu o modelo socialista, mais adequado a um contexto mais contemporâneo. Falando à revista Rolling Stone, por exemplo, ele mostrou-se favorável ao que chamou de socialização do sistema de saúde americano, muito criticado por não ser tão acessível ao público.

“O sistema de saúde é ótimo se você é muito, muito, muito rico e tem algum tipo de câncer raro. Vocês têm os melhores cirurgiões cerebrais ou qualquer coisa do tipo, mas eles servem a uma minúscula proporção do povo. Mas no geral, o serviço de saúde é terrível e o preço dele é quase o dobro de qualquer lugar no mundo, tendo metade do serviço por isso.

Remédios deveriam ser fornecidos para todas as pessoas, o tempo todo, por um preço módico. Claro que as companhias farmacêuticas deveriam ter um lucro moderado e é claro que as companhias de seguro deveriam ter um lucro moderado, mas elas não têm. Elas são como predadores de empréstimos. Elas estão rasgando todo mundo e estão fazendo isso cada vez mais e mais rápido. É este o mundo em que vivemos.”

Histórico de Roger Waters

Não deveria ser surpresa, mas Roger Waters sempre esteve envolvido com política. Quando se apresentou no Brasil, em 2018, o músico gerou controvérsia ao classificar alguns políticos como sendo de extrema-direita, incluindo o então candidato à presidência Jair Bolsonaro.

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Fato é que o ex-integrante do Pink Floyd nunca deixou de se posicionar, independentemente de ser ou não bem recebido ou compreendido. E o tipo de bandeira levantada por Waters nunca foi a do comunismo propriamente dito.

Um exemplo disso foi quando ele realizou na Alemanha, em 1990, uma apresentação baseada no álbum “The Wall”, do Pink Floyd, após a queda do Muro de Berlim. A apresentação, lançada em áudio e vídeo, contou com participações de vários nomes, indo de Scorpions a Cyndi Lauper.

As críticas sociais já contidas na obra original ganharam um significado ainda maior pela ocasião, quando as porções ocidental e oriental da Alemanha se unificaram em um único país. Uma iniciativa que não seria possível se Waters fosse comunista, já que estava se posicionando contra a União Soviética.

Porém, em outros momentos de controvérsia, Roger Waters também manifestou apoio a regimes de esquerda considerados autoritários, como o de Nicolás Maduro, na Venezuela, e Bashar al-Assad, na Síria. Em 2019, quando houve uma ameaça de intervenção militar dos Estados Unidos em território venezuelano, ele se manifestou de forma contrária nas redes sociais, defendendo o que ele diz ser uma “democracia real” no país sul-americano – e foi criticado por isso.

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“Pare com essa última insanidade do governo dos Estados Unidos, deixe o povo venezuelano em paz. Eles têm uma democracia real, pare de tentar destruir isso para que o 1% fique com o petróleo. EUA, tire as mãos! #Venezuela #NicolasMaduro #PareOGolpeDeTrumpNaVenezuela”

E o comunismo?

Se Roger Waters já teve alguma relação com o comunismo em algum momento de sua vida, isso parece ter ficado para trás. Há indícios de que ele tenha sido filiado ao Partido Comunista do Reino Unido, como seu pai, mas sendo residente dos Estados Unidos há muito tempo, isso não seria possível hoje.

Além disso, o próprio Waters fala sobre o assunto em um vídeo de making of do álbum “The Dark Side of the Moon” (1973), do Pink Floyd. O artista admite que deixou de se considerar comunista assim que o clássico disco fez sucesso e ele começou a ganhar dinheiro, já que um comunista verdadeiro teria doado tudo.

Ao ganhar dinheiro, Roger passou a se ver como um capitalista. Porém, nunca deixou de ser crítico do sistema e de suas distorções.

* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta e edição geral por Igor Miranda; redação, argumentação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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