Brian Johnson foi o encarregado de substituir o falecido Bon Scott no AC/DC a partir de 1980. A história de sua entrada na banda envolve seu antecessor, além de uma inesperada crise de apendicite.
De forma bem improvável, Scott assistiu a uma apresentação do Geordie, banda onde Johnson cantava na década de 1970, e ficou bastante impressionado com a performance do vocalista – que estava, na verdade, doente. Foi por conta dessa performance que o AC/DC ficou sabendo do carismático cantor.
A performance com crise de apendicite
Em entrevista ao New York Post, em 2011, Brian Johnson disse que Bon Scott era um grande fã de seu trabalho. Os dois chegaram a compartilhar palcos no início da década de 1970.
- Leia também: E se Bon Scott não tivesse morrido em 1980?
Um dia, o então vocalista do AC/DC foi a um show do Geordie e se surpreendeu com a performance de Brian, ainda que pelos motivos errados: uma crise de apendicite.
Na época, obviamente, Johnson não era cotado para se juntar ao grupo. Todavia, de forma inevitável, seu nome foi lembrado pelos músicos remanescentes do AC/DC após a morte de Scott.
De acordo com Brian:
“Eu tive um caso terrível de apendicite em um show e caí de lado, chutando e fazendo ‘ooh!’, mas continuei cantando. Aparentemente, ele falou aos caras quando entrou no AC/DC: ‘eu vi esse cara, Brian Johnson, cantando, e ele foi ótimo, ele estava no chão, chutando e gritando – que performance!’. Claro que não era uma performance, eu estava realmente doente.”
O guitarrista Angus Young, por sua vez, comentou:
“Lembro de Bon tocar Little Richard para mim e contar uma história de quando viu um show de Brian cantando (com o Geordie). Ele diz que aquele cara estava lá, gritando tudo o que seus pulmões conseguiam, e logo em seguida caiu no chão, rolando e gritando. No fim, como uma espécie de bis, a banda teve que arrancar o cara de lá.”
Brian Johnson e a entrada para o AC/DC
Em um vídeo publicado em seu canal no YouTube, Brian Johnson contou a história sobre como acabou indo parar no AC/DC após a morte de Bon Scott.
Tudo começou com uma estranha ligação de uma mulher, com sotaque alemão, oferecendo a ele uma audição em Londres. Brian Johnson relutou em aceitar, conforme o próprio se recorda:
“Eu disse: ‘eles são uma grande banda, mas eu tenho 32 anos e passei do meu prazo de validade, eles não vão ter interesse, será uma viagem perdida.”
Quando foi chamado para o AC/DC, Brian Johnson já tinha 32 anos e estava desiludido com o fracasso do Geordie. No fim da década de 1970, ele se mudou para a casa dos pais, em Gateshead, na Inglaterra, e abriu uma oficina de pequenos reparos em carros, sua outra paixão.
O cantor, claro, não estava 100% afastado da música. Ele havia montado uma espécie de Geordie 2, uma nova versão de sua banda, e tocava em bares locais. Nada com o glamour de outros tempos. A ocupação principal era a oficina, já que ele sustentava a esposa, Carol, e as duas filhas, Joanne e Kala.
Aproveitando um trabalho de gravação de um comercial de aspirador de pó que também ocorreria em Londres, Johnson acabou indo fazer o teste com a banda. Confira a propaganda, cujo jingle foi gravado no mesmo dia da audição com o AC/DC:
Malcolm Young, no livro “AC/DC: A Biografia”, relembrou o dia do teste:
“Estávamos esperando enquanto pensávamos: ‘Cadê esse tal de Brian? Ele deveria estar aqui há uma hora’. ‘Oh, ele? Ele está lá embaixo jogando sinuca com os roadies’. Pensamos: bem, pelo menos ele joga sinuca.”
A audição envolveu músicas como “Whole Lotta Rosie” e “Nutbush City Limits” (Ike and Tina Turner). Malcolm destacou:
“Ele cantou as músicas de forma incrível e colocou um pequeno sorriso em nossos rostos – pela primeira vez desde Bon. Então, começamos a trabalhar com ele.”
Brian, por sua vez, conta que a situação não foi tão simples assim. Eles fizeram audições em dois dias diferentes com ele – que, paralelamente a isso, tinha que continuar com seu negócio automotivo. Só que o “sim” acabou chegando.
À revista “Classic Rock”, ele comentou:
“Nunca vou esquecer do dia em que fui aceito. Era aniversário do meu pai e eu estava jogando sinuca em um pub. Voltei para casa e não tinha ninguém, meus pais tinham saído. Mal(colm) ligou e disse: ‘temos um álbum para fazer, vamos sair daqui algumas semanas, então, se você quiser…’ Eu falei: ‘o trabalho é meu?’. Ele disse que sim e eu falei que iria desligar, pedindo para que ele me ligasse em 10 minutos para eu ter certeza de que não era trote. Ele concordou, ligou de novo e perguntou se eu iria. Ele ainda não havia dito as palavras! Mal não era assim. Era: ‘você vem ou não?’. Eu comemorei tanto que comprei uma garrafa de uísque para meu pai, de aniversário, e tomei um baita copo. Estava tão empolgado, mas não tinha ninguém para contar a novidade.”
* Texto redigido com a colaboração de André Luiz Fernandes.