Lançado em 25 de março de 1991, “Arise” é o quarto álbum de estúdio da carreira do Sepultura. Foi o segundo a sair pela gravadora internacional Roadrunner Records e deu início, de fato, ao período de maior popularidade do grupo brasileiro.
A sonoridade havia mudado. Mais encorpado, o Sepultura manteve suas influências do thrash e death metal, mas acrescentou elementos de punk, hardcore e crossover thrash.
Entraram, ainda, as pitadas de percussão brasileira e latina – algo que seria melhor desenvolvido nos trabalhos seguintes, “Chaos A.D.” (1993) e “Roots” (1996). Uma pegada, certamente, mais experimental.
Em entrevista à Kerrang!, em 2020, o vocalista e guitarrista Max Cavalera, que fez parte do Sepultura até 1996, relembrou o período em que “Arise” foi feito. O músico contou, ainda, por que esse disco é o seu preferido entre todos que fez com a banda.
“‘Arise’ é o meu favorito que fizemos naquela era. Foi o melhor em misturar death e thrash metal, algo que muitas pessoas estão fazendo até hoje. Soa um pouco tribal, também. Nosso romance com o tribal pode ser percebido a partir do ‘Arise’.”
Sepultura hardcore
Max destacou que as influências do hardcore e do punk em geral, presentes em “Arise”, vieram do período em que ele ficou na casa do produtor do álbum, Scott Burns. O trabalho, vale destacar, foi gravado no estúdio Morrisound Recording, em Tampa, na Flórida, Estados Unidos.
“O estilo favorito dele é hardcore punk, então ele tinha muita coisa do Black Flag, Circle Jerks e Minor Threat. Ele falava: ‘Max, você precisa ouvir punk, as letras são realmente legais e você tem essa vibe dentro de você’.”
Não à toa, o Sepultura acabou regravando um clássico do hardcore para entrar como faixa bônus de “Arise”: “Drug Me”, do Dead Kennedys.
“Fizemos no estilo do Sepultura. Jello (Biafra, ex-vocalista do Dead Kennedys) adorou.”
220 shows em 39 países
A turnê de divulgação de “Arise” envolveu uma quantidade surpreendente de shows: 220, ao todo, em 39 países diferentes. Parte das apresentações foi realizada com a tour “New Titans on the Block”, com Sacred Reich, Napalm Death e Sick of it All.
O nome era uma espécie de provocação à “Clash of the Titans”, turnê que teve Megadeth, Slayer e Anthrax. O Sepultura faria parte dessas apresentações, mas acabaram sendo trocados, quase que de última hora, pelo Alice in Chains.
Além dos típicos giros pelas Américas e pela Europa, a banda brasileira teve passagens memoráveis pela Rússia e Indonésia. De acordo com Max Cavalera, algumas situações vivenciadas nesses países influenciou o tom político de “Chaos A.D.”, o álbum seguinte.
“Tocamos para 3 mil pessoas em Moscou e aquilo nos deixou mais consciente sobre o mundo em nossa volta. Quando você vê na CNN, é diferente de estar lá para ver. Há uma grande máquina de propaganda. Na Rússia, vimos filas de pessoas esperando para comprar pão. Na Indonésia, vimos o poder da polícia. Quando a coisa ficava insana, eles paravam o show, batiam nos moleques e fazia 40 mil pessoas ficarem sentadas e quietas. Nunca vi uma demonstração de força como aquela na vida.”