Brasil nunca deu valor ao Sepultura, afirma Andreas Kisser

O Sepultura é, provavelmente, a banda brasileira mais popular no exterior. Especialmente na década de 1990, o grupo formado em Belo Horizonte (MG) conquistou grande repercussão em outros países, seja com turnês ou com álbuns como ‘Chaos A.D.’ (1993) e ‘Roots’ (1996), que ganharam disco de ouro nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá, entre outros.

Mesmo com todo esse sucesso fora, o guitarrista Andreas Kisser avalia que o Brasil nunca deu valor ao Sepultura. Em entrevista ao canal de Dinho Ouro Preto no YouTube, o músico apontou sua visão a respeito do assunto.

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Dinho comentou, inicialmente, que o documentário ‘Sepultura Endurance’, de 2017, mostra não só o tamanho da banda, como a luta para chegar às suas conquistas. Ele relatou, ainda, que chegou a encontrar discos do Sepultura à venda até mesmo em locais inusitados, como em vilarejos no interior da Itália.

Em seguida, Andreas Kisser comentou: “O Brasil não se importa com isso, porque a gente canta em inglês. Nos vemos como uma banda brasileira, mas o próprio Brasil não considera. A gente fica no meio. Por exemplo… somos uma banda brasileira que não pode entrar no Grammy Latino porque não tem um disco que canta em português ou espanhol. Teria que entrar no Grammy normal”.

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Brasil: perdido em ideologias?

Andreas Kisser disse que o Brasil, por vezes, se perde em algumas ideologias e relembrou que já foi realizada até mesmo uma passeata contra a guitarra elétrica, em 1967, com artistas da MPB como Elis Regina e Chico Buarque. Vale lembrar que artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros da Tropicália, se posicionaram de forma contrária a esse movimento anti-guitarra. “Acho que essas pessoas têm até vergonha de falar disso hoje em dia. Diziam que era o instrumento dos yankees (americanos), um monte de baboseira”, afirmou Andreas.

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Para o músico do Sepultura, a sociedade brasileira ainda conta com um “conceito retrógrado” e isso se reflete até mesmo em outros campos, como na política. Em seguida, ele pontua: “O Brasil nunca se importou com o Sepultura. Nunca deu… sei lá, (vamos supor que) o Sepultura está precisando de um equipamento que pode vir de fora… nunca teve ajuda nenhuma de Ministério da Cultura, de nada. Fizemos nosso caminho”.

Andreas Kisser e Sepultura não reclamam

Andreas deixou claro que o comentário dele não deve ser entendido como reclamação, já que o Sepultura nunca pediu nada a ninguém. “Não pedimos nada, não estamos reclamando. Só é um desserviço do próprio Brasil. A ideia da cultura brasileira é mulher mulata sambando ou um grupo de capoeira. Com todo o respeito. É uma parte do Brasil, mas não é só essa parte”, afirmou.

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Para reforçar seu argumento, o guitarrista do Sepultura mencionou Heitor Villa-Lobos, um dos músicos mais importantes do Brasil. Segundo ele, o trabalho do maestro, pianista e violonista raramente é lembrado por brasileiros.

“O próprio Villa-Lobos, eu conheci mais dele morando nos Estados Unidos do que aqui. Tudo bem, fui estudar violão clássico, mas ninguém fala do Villa-Lobos aqui. E olha o que ele fez. Aprender flauta doce na escola é ‘culpa’ do Villa-Lobos, de ter educação musical, algo de harmonia. Isso não machuca o futuro advogado ou médico. A harmonia e o ritmo só ajudam na vida. A música pode ensinar, pode unir. O Brasil não dá valor para isso”, disse.

Assista à entrevista na íntegra a seguir:

* Foto da matéria: Mick Hutson / divulgação

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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