Chester Bennington foi um dos grandes vocalistas a surgir no rock no fim da década de 1990. Sua voz poderosa dava uma das características mais marcantes ao Linkin Park, talvez a banda mais famosa do chamado nu metal.
Ainda na juventude, antes do Linkin Park, Chester integrou uma banda chamada Grey Daze, com quem gravou dois álbuns. Intitulados “Wake Me” (1994) e “…No Sun Today” (1997), os discos ficaram fora de catálogo devido a problemas com a gravadora, que agiu de forma extremamente ambiciosa após o cantor fazer sucesso.
O projeto chegou ao fim, mas Bennington não desistiu e foi atrás de uma banda que acabava de ser formada: o Xero, que se tornaria o Linkin Park. O vocalista se juntou a Mike Shinoda (vocal e vários instrumentos), Brad Delson (guitarra), Dave Farrell (baixo), Joe Hahn (sintetizadores) e Rob Bourdon (bateria) em uma união que conquistou o mundo.
Em 2020, Shinoda, Delson, Farrell e Hahn relembraram, em entrevista ao canal oficial do Linkin Park, qual foi a reação deles ao ouvir a voz de Bennington pela primeira vez.
O teste de Chester Bennington
Os músicos recordaram que Chester Bennington ficou sabendo, por meio de um conhecido no meio musical, que a banda estava em busca de um vocalista. Ele, então, gravou uma demo cantando a música “Pictureboard”, que só foi divulgada oficialmente no relançamento deluxe do álbum de estreia “Hybrid Theory”, no fim de 2020.
Brad Delson declarou:
“Acho que ‘Pictureboard’ foi a primeira que ouvi na voz de Chester. Lembro de pegar a fita e perguntar para os caras o que eles achavam, pois Chester havia acabado de se candidatar. E eu estava… não chorando de alegria, mas quase chorando. Tipo, uau! Não sei nem o que senti.”
O guitarrista destacou, ainda, as capacidades vocais de Chester Bennington já na primeira demo.
“Era uma voz pequena e vulnerável nos versos, daí você ouvia todos os timbres e harmonias na parte pesada. Aquilo me deixou impressionado e nós falamos na hora: ‘precisamos conhecer esse cara’.”
Na sequência, Mike Shinoda destacou que o talento de Chester foi comprovado novamente nos primeiros ensaios.
“Éramos muito protetivos com a identidade da banda, com o que queríamos fazer. Tínhamos essa visão do que deveria estar no foco, e ainda não estava lá, mas queríamos acertar. Quando Chester chegou, não podíamos parar de falar sobre o quanto ele era talentoso. Quando fizemos nossas primeiras demos, ele ainda estava se descobrindo como vocalista.”
Chester e a identidade do Linkin Park
Ainda durante o bate-papo, Mike Shinoda pontuou que a chegada de Chester Bennington fez com que o Linkin Park trabalhasse, ainda que aos poucos, na construção de uma nova identidade.
“Não foi como se ele tivesse só cantando alguma coisa e eu ficasse ‘uau’. Foram pequenos passos. Pensávamos em como ele poderia se expressar de forma única e como isso se encaixaria na nossa música. De início, eu o gravava cantando, depois dizia o que achava, então, foi um progresso lento.”
A música “She Couldn’t”, gravada nos primórdios do Linkin Park e lançada como single apenas em 2020, já antecipava um pouco da identidade do Linkin Park, só que ainda mais para o futuro. Mike Shinoda comenta:
“Ele não grita na música, não há guitarras pesadas, e isso indicava nossa identidade mais adiante, lá para os anos de 2007, 2010. Estava tudo lá, só tínhamos que descobrir.”
* Foto da matéria: reprodução / Facebook / Linkin Park