Em 4 de dezembro de 1980, o fim do Led Zeppelin era oficializado. O anúncio que confirmou o encerramento das atividades da banda foi realizado pouco tempo após a morte do baterista John Bonham, que faleceu em 25 de setembro daquele ano, aos 32 anos, sufocado pelo próprio vômito ao consumir 40 doses de vodca em uma noite.
Em contraponto ao glamour vivenciado ao longo da década de 1970, estabelecendo vários dos clichês de uma grande banda de rock, o fim do Led Zeppelin foi comunicado de forma relativamente discreta. Apenas uma breve nota foi divulgada à imprensa pelos assessores do grupo, que, além de Bonham, trazia o vocalista Robert Plant, o guitarrista Jimmy Page e o baixista John Paul Jones.
O pequeno texto foi assinado apenas por “Led Zeppelin” e dizia:
“Queremos que saibam que a perda de nosso querido amigo e o profundo respeito que temos por sua família, junto com o profundo sentimento de plena harmonia que sentimos por nós mesmos e por nosso empresário, nos levaram a decidir que não podemos continuar como éramos.”
O comunicado foi replicado por diversos veículos de comunicação. Naquele momento, nenhum músico deu entrevista para falar sobre o fim do Led Zeppelin.
Cenário prévio
Meses antes de Bonzo morrer, o Led Zeppelin fez uma série de 14 shows na Europa, sendo a primeira turnê da banda desde 1977. Após várias tours repletas de excessos e hedonismo, tanto na música quanto em visual e estilo de vida, o grupo decidiu promover uma “volta às raízes” nesses shows europeus, com performances mais sóbrias, por influência do surgimento do punk e da new wave.
A turnê rolou de forma tão positiva que o Zeppelin se empolgou para fazer shows nos Estados Unidos na sequência. Era uma tentativa de retomar de vez as atividades da banda, que não se manteve tão ativa em seus anos finais.
Em 1977, Robert Plant perdeu seu filho Karac, de apenas 4 anos, falecido após uma rara doença no estômago. Em função disso e de outros problemas, o grupo passou todo o ano de 1978 sem se apresentar ao vivo.
A banda lançou o álbum ‘In Through the Out Door’ apenas em 1979 e já dava sinais de desgaste. Ainda assim, fizeram shows no festival Knebworth, em agosto daquele ano, e projetavam uma volta mais concreta para o início da década de 80, após a satisfatória turnê pela Europa.
Em entrevistas recentes, Jimmy Page chegou a dizer que o Led Zeppelin estava nos estágios iniciais de planejamento de um novo álbum. A ideia era fazer um disco mais pesado, em contraste com ‘In Through the Out Door’, mais soft e guiado por teclados.
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Nada disso aconteceu. Surgiram rumores de que Cozy Powell (Rainbow), Carmine Appice (Cactus / Vanilla Fudge), Barriemore Barlow (Jethro Tull), Simon Kirke (Free / Bad Company) ou Bev Bevan (ELO) poderiam ocupar a vaga de John Bonham, mas o Led Zeppelin acabou ali, com aquela nota à imprensa, em 4 de dezembro de 1980. E embora tenham rolado reuniões esporádicas, para ocasiões especiais, a banda não voltou mais. Uma das poucas despedidas reais do rock.
Após o fim do Led Zeppelin
Para cumprir contrato com a gravadora, o Led Zeppelin lançou um álbum final, ‘Coda’, em 1982. O material trazia outtakes de estúdio da década de 70, com sobras de outros discos.
As carreiras dos três músicos remanescentes seguiram, cada uma à sua maneira. Em algumas ocasiões, os destinos deles se cruzaram – especialmente de Robert Plant e Jimmy Page, que formaram o projeto Page and Plant na década de 90.
Individualmente, Plant foi quem mais ficou nos holofotes, pois lançou diversos álbuns solo e teve vários projetos, como o Honeydrippers, a Band of Joy e o Sensational Space Shifters, além de parcerias com Alison Krauss e Patty Griffin, entre outros.
Especialmente a partir dos anos 2000, ele se distanciou do rock e passou a flertar com outros gêneros musicais.
Jimmy Page, por sua vez, teve momentos mais e menos produtivos. Na década de 80, ele integrou o Honeydrippers de Robert, além de ter criado o supergrupo The Firm, com Paul Rodgers no vocal, e o Coverdale-Page, com David Coverdale, fora o já mencionado Page and Plant.
Rolaram, ainda, projetos que nunca saíram do papel (como o XYZ, com músicos do Yes), trabalhos solo de trilha sonora e uma parceria com o Black Crowes.
John Paul Jones dedicou-se a parcerias e trabalhos em estúdio, colaborando com R.E.M., Diamanda Galás, Heart, Foo Fighters e vários outros.
Dos três, foi o mais discreto, já que não chegou a montar uma banda – embora tenha feito parte do recente Them Crooked Vultures, com Josh Homme (Queens of the Stone Age) e Dave Grohl (Foo Fighters, Nirvana).
O trio se reuniu como Led Zeppelin em apenas quatro situações. A primeira, na edição da Filadélfia do festival Live Aid, em 1985, trouxe Phil Collins e Tony Thompson na bateria – e foi um desastre.
Em 1988, os músicos se juntaram com Jason Bonham, filho de John Bonham, para tocar em um evento que celebrou os 40 anos da antiga gravadora deles, Atlantic Records, em Nova York. Na mesma cidade, sete anos depois, em 1995, Jason e Michael Lee assumiram a bateria para a cerimônia do Rock and Roll Hall of Fame, onde o Zeppelin se apresentou com o Aerosmith.
Apenas em 2007, o Led Zeppelin faria um show completo, já que as outras três situações trouxeram apenas repertórios reduzidos. Robert Plant, Jimmy Page, John Paul Jones e Jason Bonham se apresentaram para uma lotada O2 Arena, em Londres.
O retorno do Zeppelin para aquela apresentação renderia uma turnê, conforme disse Jimmy Page em entrevista à ‘Classic Rock’. Infelizmente, outros shows não aconteceram porque Robert Plant não quis.
“Não houve nenhuma discussão sobre qualquer turnê desde então – nem haverá. Foi apenas uma daquelas coisas estranhas no mundo do Led Zeppelin. De verdade, é outra parte do fenômeno do Led Zeppelin”, disse.
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