O Ratos de Porão chega aos 40 anos e a pandemia não os impedirá de celebrar a data. No próximo sábado (28), às 19h, a banda fará uma live com show virtual que será transmitida ao vivo e de forma gratuita, direto do estúdio Family Mob, com música de todas as eras do grupo, depoimentos, imagens raras e interatividade.
Chamada ‘Vans Apresenta Especial Ratos de Porão 40 anos’, a live terá produção da Powerline Music & Books. O jornalista Marco Bezzi, um dos criadores e apresentadores do canal de YouTube ‘Galãs Feios’, será o apresentador – ele vai interagir com a audiência online e com a própria banda.
A live será exibida por meio do canal ‘Panelaço’, de João Gordo, no YouTube. Basta dar play no vídeo a seguir, no dia e horário marcados, ou ativar a notificação do post na plataforma para ser avisado do início da transmissão.
Live do Ratos de Porão
Detalhes do show online
Durante a transmissão, o Ratos de Porão repassará toda a trajetória ao longo das quatro décadas de estrada. O especial será dividido em quatro blocos, uma década por vez – dos anos 80 até os dias de hoje, isto é, desde o álbum ‘Crucificados pelo Sistema’ até o trabalho mais recente, ‘Século Sinistro’.
Personalidades que influenciaram e fizeram parte da história da banda foram convidadas para participar do especial. Eles aparecerão nas pílulas, entre os blocos, que abordam temas sociais e políticos, sempre presentes nas letras e discursos do RDP. Alguns deles são Andreas Kisser (Sepultura), Supla, Mano Brown, Rodrigo Lima (Dead Fish), entre outros.
Sobre o Ratos de Porão
Hoje formado por João Gordo (vocal), Jão (guitarra), Juninho (baixo) e Boka (bateria), o Ratos de Porão foi formado em 1981, em São Paulo, em meio ao boom do punk no estado e no país. Desde então, a própria banda sofreu um boom de popularidade, com álbuns clássicos, turnês pela América do Norte e Europa e o reconhecimento até fora do nicho da música pesada.
Chegou uma hora, em 1984 e 1985, que o movimento punk implodiu por causa de violência, briga de gangue e afins. Foi aí que o Ratos de Porão migrou para o metal, estilo que rendeu a eles uma carreira internacional, com o pioneirismo em aliar elementos específicos do punk e metal – surgindo, assim, o crossover thrash.
“Falei dessa história pro Jão e pro Jabá (baixista), e eles não queriam muito tocar isso não. Mas comecei a mostrar pra eles bandas como Exodus, Metallica, Slayer e as bandas do hardcore misturando tudo, aí fui fazendo a cabeça deles”, conta o vocalista João Gordo, em material de divulgação.
O cantor falou, ainda, sobre um momento crucial do RDP, que impulsionou a carreira da banda no Brasil e a levou para Europa e América do Norte.
“Quando a gente lançou o segundo disco, ‘Descanse em Paz’ (1986), já tinha um pouco disso, né? E a gente tinha uma tentativa tosca de ser metal, com influência de bandas inglesas. Tipo Concrete Sox, English Dogs. A gente era uma banda tosca ainda. A gente começou a ensaiar na Vila Piauí direto, no quarto do Jão e foi tomando jeito lá. Pegando essa onda mais metal na Vila Piauí ensaiando quase todo sábado e domingo”, contou.
João Gordo aponta o álbum ‘Cada Dia Mais Sujo e Agressivo’ (1987), terceiro da carreira, como sendo “ainda bem tosco, com a união do thrash metal com o punk”. “Mas a batida que o [baterista] Spaghetti fazia, que era aquela batida do Extreme Noise Terror, que hoje se chama D-Beat, ela não se encaixava com as palhetadas do Jão, então era meio desconjuntado o negócio”, afirmou.
Ainda de acordo com o vocalista, o Ratos de Porão só pegou a “disciplina do metal” após alugar um barraco para ensaiar todo dia e “fazer o Spaghetti mudar de som”. “O que ele mais tinha de bom era a batida D-Beat dele, e a gente falou ‘não, não é assim, cara. É tá-tum tá-tum tá-tum, thrash metal, igual o Igor (Cavalera, do Sepultura) toca’. A partir dali a gente começou a compor o álbum ‘Brasil’ (1989, quarto da discografia), que é quase todo ‘tá-tum tá-tum tá-tum’, e ficou super preciso. Aquela precisão rápida que veio de ensaio todo dia”, disse.
O trabalho foi definido como um “divisor de águas” por Gordo. “Antes disso a gente era uma banda super tosca com as nossas ideologias também. Depois que a gente foi pra Europa e começou a ver como funcionava o movimento punk dos squats, cara, isso aí abriu muito a nossa cabeça. Outra coisa que abriu muito a nossa cabeça foi ver o show do RKL, o Rich Kids on LSD. Quando a gente viu o show dos caras, aqueles americanos dando uns pulos”, declarou.
Álbuns de estúdio – Ratos de Porão
- Crucificados pelo Sistema (1984)
- Descanse em Paz (1986)
- Cada Dia Mais Sujo e Agressivo (Dirty And Aggressive nos EUA) (1987)
- Brasil (versões em português e inglês) (1989)
- Anarkophobia (versões em português e inglês) (1991)
- Just Another Crime in… Massacreland (1993)
- Feijoada Acidente? (Brasil e Internacional) (1995)
- Carniceria Tropical (1997)
- Guerra Civil Canibal (EP, 2000)
- Sistemados pelo Crucifa (2001)
- Onisciente Coletivo (2003)
- Homem Inimigo do Homem (2006)
- Século Sinistro (2014)
* Foto da matéria: Clayton Clemente / divulgação