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Corey Taylor diverte em ‘CMFT’, seu versátil primeiro álbum solo; ouça e leia resenha

O vocalista Corey Taylor lançou o álbum solo ‘CMFT’, que traz uma banda de apoio competente e músicas divertidas, flertando com diversos gêneros nunca explorados pelo cantor no Slipknot e Stone Sour.

O vocalista Corey Taylor (Slipknot, Stone Sour) lançou, nesta sexta-feira (2), seu primeiro álbum solo. Intitulado ‘CMFT’ (sigla para ‘Corey Mother Fucking Taylor’), o trabalho foi divulgado pela Roadrunner Records.

Gravado nos meses iniciais da pandemia do novo coronavírus, ‘CMFT’ traz uma banda de apoio formada por Christian Martucci (também Stone Sour) e Zach Throne nas guitarras, Jason Christopher (que já fez turnê com o Stone Sour) no baixo e Dustin Schoenhofer na bateria. A produção é assinada por Jay Ruston.

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O cantor ressaltou, em material de divulgação, a versatilidade presente em ‘CMFT’. O material promete ir das músicas mais pesadas às baladas acústicas, também se utilizando de influências fora do rock e metal.

Muitas composições antigas de Corey Taylor foram aproveitadas para o novo álbum. “Tem uma música nesse disco que foi feita quando eu ainda estava na escola, para você ter ideia do tempo que esse material existe. São músicas que não se encaixavam nas minhas bandas, pois trazem uma energia diferente”, afirmou, em recente entrevista.

Na imprensa, aliás, Corey tem aproveitado para deixar claro que as sessões de gravação foram muito divertidas – e acabou cutucando colegas de suas outras bandas. “Foi tão agradável e positivo que me deu um tom tipo: ‘quer saber… essa é a única forma que eu gostaria de fazer música hoje, não quero perder tempo com pessoas que estão tão tristes e, sim, trabalhar com pessoas tão empolgadas como eu'”, disse, à Kaaos TV, referindo-se aos membros do Slipknot, como “tristes”.

“Estou sendo diplomático, não quero atirar meus irmãos para baixo do ônibus, mas (em ‘CMFT’) foi a primeira vez em que estive cercado de pessoas que queriam fazer música pelo mesmo motivo que eu: apenas fazer músicas incríveis. […] Faço música para mim, só depois eu compartilho com as pessoas. Se não estou satisfeito, não lanço. E se eu ganhar dinheiro com isso, ótimo. Pago minhas contas, cuido das pessoas, mas não tenho um carrão. […] Não posso dizer o mesmo das pessoas em que estou em uma banda”, afirmou, disparando não só contra o Slipknot, como, também, o Stone Sour.

Ouça ‘CMFT’ abaixo, via Spotify ou YouTube (playlist). A resenha pode ser conferida a seguir.

Corey Taylor se mostra versátil e diverte em ‘CMFT’

Quem não está acostumado, pode achar Corey Taylor um tanto pretensioso. Entretanto, o vocalista é apenas um falastrão.

Por isso, em suas entrevistas, ele dava a entender que ‘CMFT’ seria o álbum mais inventivo de sua carreira. Não é. Porém, é o mais versátil, já que o cantor criou as músicas sem pensar tanto em gêneros musicais – explorou influências que vão do hard rock ao country e do blues ao pop. Só não tem nada de Slipknot, o que é bom.

Dono de uma voz grandiosa, Taylor oferece, como sempre, uma performance irretocável neste álbum. A banda que o acompanha também é muito competente. O guitarrista Christian Martucci já havia mostrado que toca demais e, agora, os fãs vão ficar de queixo caído com Dustin Schoenhofer, um baterista de muita desenvoltura.

Por estar em um “lugar artístico” mais solto, Corey fez ‘CMFT’ como um álbum divertido. Diferente de suas declarações em entrevistas, o disco é pouco pretensioso. O objetivo final é entretenimento, não densidade. Para isso, já temos ‘We Are Not Your Kind’ (Slipknot, 2019) ou ‘Hydrograd’ (Stone Sour, 2017).

Todavia, também é importante destacar que a “versatilidade excessiva” de ‘CMFT’ deixou o álbum um pouco sem foco, especialmente na segunda metade. Agregar referências distintas é sempre interessante, mas é preciso dar liga. Em alguns momentos, não deu – mas talvez nem fosse a intenção produzir um disco “fechadinho” e, sim, uma compilação de singles que, no geral, são bons.

A abertura com ‘HWY 666’ começa com o pé direito. Uma das melhores do álbum, a música traz Corey e banda apresentando suas credenciais com muita criatividade, indo do country rock ao heavy metal, e boa performance instrumental. ‘Black Eyes Blue’, uma espécie de semi-balada, mantém o patamar lá no alto, destacando o lado menos heavy de Taylor.

‘Samantha’s Gone’ é outro destaque. O andamento instrumental tipicamente hard rock, de melodias grudentas, é mesclado com a letra divertida entoada pelo vocalista. ‘Meine Lux’ preserva o ar despojado da anterior, mas com muito peso. Direta e reta, do jeito que deve ser.

A seguir, duas músicas que pouco contribuem para o álbum. São elas: ‘Halfway Down’, um hard rock de veia contemporânea, mas que aposta em alguns clichês e não surpreende; e ‘Silverfish’, uma balada arrastada que remete aos momentos menos inspirados do Stone Sour.

‘Kansas’, semi-balada que segue o conceito de ‘Black Eyes Blue’, é gostosa de se ouvir. Tem um padrão radiofônico típico das bandas mais tocadas do rock americano. ‘Culture Head’, na sequência, volta a deixar a audição um pouco desinteressante. Ainda que tenha sido a aposta de um dos singles pré-lançamento do álbum, não convence por sua construção melódica repetitiva.

‘Everybody Dies On My Birthday’, por sua vez, retoma a veia divertida presente nas primeiras faixas do álbum. Também soaria como uma música do Stone Sour, não fosse a letra mais mundana. Já ‘The Maria Fire’, sim, soa diferente de outros trabalhos de Corey Taylor, com sua pegada saloon / vintage nos versos. Boa canção.

Guiada apenas no piano, ‘Home’ evidencia o talento vocal de Corey em um “momento Elton John”, mas não prende tanto a atenção. ‘CMFT Must Be Stopped’, com participações de Tech N9ne e Kid Bookie, diverte mais se acompanhada com seu videoclipe repleto de participações. Um “hip rock” apenas razoável. A juvenil ‘European Tour Bus Bathroom Song’, cuja letra soletrada brinca com o fato de urinar nas janelas de ônibus de turnê em movimento, fecha o álbum com o pé no acelerador. É, praticamente, uma vinheta.

O saldo final de ‘CMFT’ é positivo, desde que suas ideias principais sejam entendidas. Corey Taylor não quis reinventar a roda por aqui, nem oferecer um álbum com início, meio e fim. Também há forte distanciamento do que ele faz no Slipknot – nem tanto do Stone Sour, já que algumas faixas aqui caberiam no projeto paralelo do cantor.

A extrema competência da parte instrumental e dos próprios vocais deixa a audição um pouco mais interessante. Mesmo as faixas mais dispensáveis não atrapalham tanto, já que o álbum, de 13 faixas, tem menos de 50 minutos de duração – e dá para ouvir completo numa boa, sem cansar.

‘CMFT’ não revoluciona, mas entretém. Se era essa a ideia (e eu imagino que seja), Corey Taylor acertou em cheio.

Corey Taylor – ‘CMFT’

Corey Taylor (vocal, violão, guitarra, piano)
Christian Martucci (guitarra)
Zach Throne (guitarra)
Jason Christopher (baixo)
Dustin Schoenhofer (bateria)

1. HWY 666
2. Black Eyes Blue
3. Samantha’s Gone
4. Meine Lux
5. Halfway Down
6. Silverfish
7. Kansas
8. Culture Head
9. Everybody Dies On My Birthday
10. The Maria Fire
11. Home
12. CMFT Must Be Stopped
13. European Tour Bus Bathroom Song

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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O vocalista Corey Taylor (Slipknot, Stone Sour) lançou, nesta sexta-feira (2), seu primeiro álbum solo. Intitulado ‘CMFT’ (sigla para ‘Corey Mother Fucking Taylor’), o trabalho foi divulgado pela Roadrunner Records.

Gravado nos meses iniciais da pandemia do novo coronavírus, ‘CMFT’ traz uma banda de apoio formada por Christian Martucci (também Stone Sour) e Zach Throne nas guitarras, Jason Christopher (que já fez turnê com o Stone Sour) no baixo e Dustin Schoenhofer na bateria. A produção é assinada por Jay Ruston.

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O cantor ressaltou, em material de divulgação, a versatilidade presente em ‘CMFT’. O material promete ir das músicas mais pesadas às baladas acústicas, também se utilizando de influências fora do rock e metal.

Muitas composições antigas de Corey Taylor foram aproveitadas para o novo álbum. “Tem uma música nesse disco que foi feita quando eu ainda estava na escola, para você ter ideia do tempo que esse material existe. São músicas que não se encaixavam nas minhas bandas, pois trazem uma energia diferente”, afirmou, em recente entrevista.

Na imprensa, aliás, Corey tem aproveitado para deixar claro que as sessões de gravação foram muito divertidas – e acabou cutucando colegas de suas outras bandas. “Foi tão agradável e positivo que me deu um tom tipo: ‘quer saber… essa é a única forma que eu gostaria de fazer música hoje, não quero perder tempo com pessoas que estão tão tristes e, sim, trabalhar com pessoas tão empolgadas como eu'”, disse, à Kaaos TV, referindo-se aos membros do Slipknot, como “tristes”.

“Estou sendo diplomático, não quero atirar meus irmãos para baixo do ônibus, mas (em ‘CMFT’) foi a primeira vez em que estive cercado de pessoas que queriam fazer música pelo mesmo motivo que eu: apenas fazer músicas incríveis. […] Faço música para mim, só depois eu compartilho com as pessoas. Se não estou satisfeito, não lanço. E se eu ganhar dinheiro com isso, ótimo. Pago minhas contas, cuido das pessoas, mas não tenho um carrão. […] Não posso dizer o mesmo das pessoas em que estou em uma banda”, afirmou, disparando não só contra o Slipknot, como, também, o Stone Sour.

Ouça ‘CMFT’ abaixo, via Spotify ou YouTube (playlist). A resenha pode ser conferida a seguir.

Corey Taylor se mostra versátil e diverte em ‘CMFT’

Quem não está acostumado, pode achar Corey Taylor um tanto pretensioso. Entretanto, o vocalista é apenas um falastrão.

Por isso, em suas entrevistas, ele dava a entender que ‘CMFT’ seria o álbum mais inventivo de sua carreira. Não é. Porém, é o mais versátil, já que o cantor criou as músicas sem pensar tanto em gêneros musicais – explorou influências que vão do hard rock ao country e do blues ao pop. Só não tem nada de Slipknot, o que é bom.

Dono de uma voz grandiosa, Taylor oferece, como sempre, uma performance irretocável neste álbum. A banda que o acompanha também é muito competente. O guitarrista Christian Martucci já havia mostrado que toca demais e, agora, os fãs vão ficar de queixo caído com Dustin Schoenhofer, um baterista de muita desenvoltura.

Por estar em um “lugar artístico” mais solto, Corey fez ‘CMFT’ como um álbum divertido. Diferente de suas declarações em entrevistas, o disco é pouco pretensioso. O objetivo final é entretenimento, não densidade. Para isso, já temos ‘We Are Not Your Kind’ (Slipknot, 2019) ou ‘Hydrograd’ (Stone Sour, 2017).

Todavia, também é importante destacar que a “versatilidade excessiva” de ‘CMFT’ deixou o álbum um pouco sem foco, especialmente na segunda metade. Agregar referências distintas é sempre interessante, mas é preciso dar liga. Em alguns momentos, não deu – mas talvez nem fosse a intenção produzir um disco “fechadinho” e, sim, uma compilação de singles que, no geral, são bons.

A abertura com ‘HWY 666’ começa com o pé direito. Uma das melhores do álbum, a música traz Corey e banda apresentando suas credenciais com muita criatividade, indo do country rock ao heavy metal, e boa performance instrumental. ‘Black Eyes Blue’, uma espécie de semi-balada, mantém o patamar lá no alto, destacando o lado menos heavy de Taylor.

‘Samantha’s Gone’ é outro destaque. O andamento instrumental tipicamente hard rock, de melodias grudentas, é mesclado com a letra divertida entoada pelo vocalista. ‘Meine Lux’ preserva o ar despojado da anterior, mas com muito peso. Direta e reta, do jeito que deve ser.

A seguir, duas músicas que pouco contribuem para o álbum. São elas: ‘Halfway Down’, um hard rock de veia contemporânea, mas que aposta em alguns clichês e não surpreende; e ‘Silverfish’, uma balada arrastada que remete aos momentos menos inspirados do Stone Sour.

‘Kansas’, semi-balada que segue o conceito de ‘Black Eyes Blue’, é gostosa de se ouvir. Tem um padrão radiofônico típico das bandas mais tocadas do rock americano. ‘Culture Head’, na sequência, volta a deixar a audição um pouco desinteressante. Ainda que tenha sido a aposta de um dos singles pré-lançamento do álbum, não convence por sua construção melódica repetitiva.

‘Everybody Dies On My Birthday’, por sua vez, retoma a veia divertida presente nas primeiras faixas do álbum. Também soaria como uma música do Stone Sour, não fosse a letra mais mundana. Já ‘The Maria Fire’, sim, soa diferente de outros trabalhos de Corey Taylor, com sua pegada saloon / vintage nos versos. Boa canção.

Guiada apenas no piano, ‘Home’ evidencia o talento vocal de Corey em um “momento Elton John”, mas não prende tanto a atenção. ‘CMFT Must Be Stopped’, com participações de Tech N9ne e Kid Bookie, diverte mais se acompanhada com seu videoclipe repleto de participações. Um “hip rock” apenas razoável. A juvenil ‘European Tour Bus Bathroom Song’, cuja letra soletrada brinca com o fato de urinar nas janelas de ônibus de turnê em movimento, fecha o álbum com o pé no acelerador. É, praticamente, uma vinheta.

O saldo final de ‘CMFT’ é positivo, desde que suas ideias principais sejam entendidas. Corey Taylor não quis reinventar a roda por aqui, nem oferecer um álbum com início, meio e fim. Também há forte distanciamento do que ele faz no Slipknot – nem tanto do Stone Sour, já que algumas faixas aqui caberiam no projeto paralelo do cantor.

A extrema competência da parte instrumental e dos próprios vocais deixa a audição um pouco mais interessante. Mesmo as faixas mais dispensáveis não atrapalham tanto, já que o álbum, de 13 faixas, tem menos de 50 minutos de duração – e dá para ouvir completo numa boa, sem cansar.

‘CMFT’ não revoluciona, mas entretém. Se era essa a ideia (e eu imagino que seja), Corey Taylor acertou em cheio.

Corey Taylor – ‘CMFT’

Corey Taylor (vocal, violão, guitarra, piano)
Christian Martucci (guitarra)
Zach Throne (guitarra)
Jason Christopher (baixo)
Dustin Schoenhofer (bateria)

1. HWY 666
2. Black Eyes Blue
3. Samantha’s Gone
4. Meine Lux
5. Halfway Down
6. Silverfish
7. Kansas
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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