Slipknot lança o novo álbum We Are Not Your Kind; ouça e confira opinião

O sexto álbum de estúdio do Slipknot, “We Are Not Your Kind”, foi lançado nesta sexta-feira (9) pela Roadrunner Records. O material está disponível nas plataformas digitais e, ao que tudo indica, também chega em CD físico nacional.

O disco sucede “.5: The Gray Chapter”, lançado em 2014. É o segundo trabalho de estúdio do Slipknot com o baixista Alessandro Venturella e o baterista Jay Weinberg.

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O registro não conta com Chris Fehn, percussionista de longa data do Slipknot. Seu afastamento foi anunciado após ele processar a própria banda, alegando que seus ganhos estavam sendo desviados. O caso tramita na justiça.

Ouça o álbum a seguir, via Spotify:

“We Are Not Your Kind” e muitos outros lançamentos estão representados na playlist que faço, semanalmente, sobre as novidades do rock e metal.

Confira:

“We Are Not Your Kind”: pesado, experimental e ambicioso

Em entrevistas, o vocalista Corey Taylor tem dito que “We Are Not Your Kind” soa tão pesado quanto “Iowa” (2001) ou que a essência desse disco, já considerado um clássico do metal no século 21, se mistura ao experimentalismo de “Vol. 3: (The Subliminal Verses)” (2004).

A definição é precisa. “We Are Not Your Kind” é ambicioso, justamente, por misturar o peso dos tempos iniciais do Slipknot com o grau de maturidade conquistado ao decorrer da carreira, com álbuns mais versáteis e até mesmo projetos paralelos.

Com tantos integrantes, o Slipknot, naturalmente, precisa definir quem se destaca conforme o clima de cada música. Em “We Are Not Your Kind”, é curioso reparar que alguns músicos estão na linha de frente, enquanto outros, sabiamente, ocupam papéis de coadjuvantes.

O protagonista não poderia ser outro: Corey Taylor, em grande fase vocal e com letras cada vez mais perturbadoras, como o fã de Slipknot gosta. A performance de Jay Weinberg também é impressionante – dá para dizer que não há escolha melhor para a vaga deixada por Joey Jordison. Já os guitarristas Jim Root e Mick Thomson atuam de forma mais discreta se comparado a “.5: The Gray Chapter”, onde os solos e riffs estavam mais “na cara”. Foi uma decisão acertada, porque abriu alas para os tais experimentos, com direito a momentos com pianos tocados por Craig Jones e percussão (ainda mais) presente nas faixas mais pesadas.

A introdução “Insert Coin” abre “We Are Not Your Kind” e “chama” duas músicas que já haviam sido divulgadas – e aprovadas pelos fãs. São elas: a completa “Unsainted”, com um dos melhores refrãos do Slipknot e todos aqueles outros elementos que se espera de uma música deles, e a intensa “Birth of the Cruel”, que aposta forte no groove e convence com um breakdown em sua segunda metade.

Outra vinheta de introdução, “Death Because of Death”, antecipa momentos grandiosos. Surge, na sequência, a música mais “Iowa”: a empolgante “Nero Forte”, que deve se tornar um momento de destaque nos shows da turnê. “Critical Darling”, por sua vez, traz influência do nu metal – ramificação da qual a banda sempre procurou se distanciar – e tem seu encerramento muito bem conectado ao início da canção seguinte, “Liar’s Funeral”. Esta, por sua vez, é o primeiro momento de experimentos mais evidentes, seja por sua introdução com violão e piano ou pelo andamento arrastado e climático, que soa como grande diferencial.

Após uma das faixas mais distintas do disco, vem outro “momento ‘Iowa'”: a direta e agitada “Red Flag”, onde bateria/percussão se destacam. Mostra, mais uma vez, que Jay Weinberg caiu como uma luva para o Slipknot. Após outra vinheta, “What’s Next”, chega “Spiders”, mais um experimento (talvez, o mais inusitado) do álbum. Mais cadenciada, é guiada por baixo e piano em boa parte de seu andamento. Seria uma balada dark? O momento mais new wave do grupo? Sobram definições, assim como elogios, embora seja necessário ouví-la algumas vezes para entender a proposta.

A aceleradíssima “Orphan” proporciona outra mudança de clima, mas, de novo, o ritmo cai – agora, com “My Pain”, que soa como a trilha sonora de uma sauna no inferno. Apesar de ambiciosa, a faixa é um pouco dispensável.

“Not Long For This World”, em seu início, até promete seguir nessa vibe mais soturna, mas os refrães pesados em meio a versos lentos mostram que a proposta é outra. Aqui, as guitarras aparecem mais, contudo, as transições não foram bem pensadas. Mérito de “Solway Firth”, que se destaca, justamente, pelas mudanças de andamento. Já conhecida pelo público, a faixa proporciona um encerramento caótico e apoteótico, capaz de salvar a má impressão deixada pelas três faixas anteriores, ligeiramente menos inspiradas que as demais.

No geral, “We Are Not Your Kind” é um disco de reafirmação. Experimenta sem “inventar moda”, ao trazer os elementos clássicos do Slipknot com pitadas coesas de maturidade. Soa incrivelmente pesado e perturbador, mas de um jeito diferente. O “upgrade” finalmente veio.

É importante lembrar que, com tantos problemas e baixas na formação, o Slipknot poderia ter acabado em algum momento desta década. Porém, os músicos souberam conduzir o retorno com o seguro “.5: The Gray Chapter” e, desta vez, com um álbum que expressa melhor os anseios musicais desses quarentões – muitos deles, próximos de se tornarem cinquentões.

Agora, sim, dá para acreditar que nada será capaz de parar o Slipknot.

Veja, abaixo, a capa e a tracklist de “We Are Not Your Kind”:

1. Insert Coin
2. Unsainted
3. Birth Of The Cruel
4. Death Because Of Death
5. Nero Forte
6. Critical Darling
7. Liar’s Funeral
8. Red Flag
9. What’s Next
10. Spiders
11. Orphan
12. My Pain
13. Not Long For This World
14. Solway Firth

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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