A recente declaração de Chad Kroeger, frontman do Nickelback, sobre o Stone Sour – “um Nickelback amaciado”, nas palavras do próprio – fará com que muitos desavisados se deparem com o projeto paralelo do vocalista Corey Taylor, que está lançando “Hydrograd”, seu sexto disco de estúdio. Será mesmo que dá para fazer esse tipo de comparação?
Tretas à parte, a expectativa em torno de “Hydrograd” já era grande antes mesmo dessa polêmica. O grupo vem em uma crescente a cada lançamento divulgado. Apesar da declaração manjada, Corey Taylor tem dito em entrevistas que o novo trabalho é o melhor da carreira do grupo.
O bom momento criativo foi colocado em cheque após o guitarrista Jim Root ter deixado o Stone Sour. O guitarrista, que também integra o Slipknot, disse que havia tirado um breve hiato para poder trabalhar “.5: The Gray Chapter” (2014), com o Slipknot. Depois, Root afirmou que foi demitido por diferenças criativas – ele não queria que o grupo se tornasse comercial demais, o que, supostamente, estaria em desacordo com os objetivos dos demais integrantes.
Polêmicas à parte, o Stone Sour passou quatro anos sem lançar um disco – “House of Gold & Bones: Part 2” é de 2013 – até agora. Nesse ínterim, dois EPs com covers foram lançados, sob os títulos “Meanwhile In Burbank…” (2015) e “Straight Outta Burbank…” (2015). Os ânimos internos se acalmaram, Corey Taylor cumpriu sua agenda de compromissos com o Slipknot e, enfim, foi possível juntar o quinteto – já com Christian Martucci no lugar de Jim Root – para conceber “Hydrograd”.
Enquanto o ambicioso álbum duplo “House Of Gold & Bones” seguiu um conceito prévio e apresentou características mais grandiosas, “Hydrograd” se destaca por uma considerável simplicidade. Trata-se de um álbum menos planejado e mais direto, ainda que o repertório apresente suaves características do trabalho anterior.
Apesar das diferenças concretas com relação ao seu antecessor mais direto, “Hydrograd” não é tão distinto dos outros trabalhos do Stone Sour. É um registro mais maduro e melhor produzido – créditos para Jay Ruston, que assumiu a função -, mas ainda tem a função de servir como uma válvula de escape mais melódica para as composições de Corey Taylor.
O que mais me chamou a atenção em “Hydrograd” é a proposta eclética do repertório. Há, por exemplo, momentos de peso considerável, como na trinca de abertura “Taipei Person/Allah Tea”, “Knievel Has Landed” e a ótima faixa título, bem como na intensa “Whiplash Pants”, enquanto outras faixas exploram caminhos mais óbvios, como a pop rock “Song #3”, a melódica “The Witness Trees”, a hard rock “Mercy” e a fácil “Fabuless”, com direito a momentos vocais ao estilo Slipknot e referências a Led Zeppelin e Rolling Stones na letra.
Há, ainda, espaço para experimentos, como “Rose Red Violent Blue (This Song Is Dumb & So Am I)” e seus versos dark-reggae, a balada country “St. Marie” e a soturna “When The Fever Broke”. Dos momentos óbvios aos mais ousados, das canções mais leves às mais pesadas, tudo é muito bem feito. As faixas mais melódicas e arrastadas não seguram a peteca como as mais agitadas, mas nada que comprometa o resultado final.
Quem apertar o play em “Hydrograd” na expectativa de encontrar um “Nickelback amaciado”, vai se dar mal. O Stone Sour, definitivamente, vai muito além disso – e mostra isso em seu novo álbum, tão diverso e bem tocado.
Nota 8
Corey Taylor (vocal, guitarra, teclados)
Josh Rand (guitarra rítmica)
Christian Martucci (guitarra solo)
Johny Chow (baixo)
Roy Mayorga (bateria)
1. YSIF
2. Taipei Person / Allah Tea
3. Knievel Has Landed
4. Hydrograd
5. Song #3
6. Fabuless
7. The Witness Trees
8. Rose Red Violent Blue (This Song Is Dumb & So Am I)
9. Thank God It’s Over
10. St. Marie
11. Mercy
12. Whiplash Pants
13. Friday Knights
14. Somebody Stole My Eyes
15. When The Fever Broke