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Como nasceu ‘Wind of Change’, música do Scorpions que quase não teve o assobio

Ideia da canção surgiu do vocalista Klaus Meine durante viagem para Moscou

A música ‘Wind of Change’ é uma das mais famosas da carreira do Scorpions. A canção foi lançada no 11° álbum de estúdio da banda, ‘Crazy World’ (1990), e tem composição assinada pelo vocalista Klaus Meine.

A letra foi composta em 1989, durante uma passagem do Scorpions pela União Soviética para se apresentar no Moscow Music Peace Festival, que também contou com Ozzy Osbourne, Bon Jovi, Mötley Crüe e outros. Um ano antes, a banda fez uma série de 10 shows na região, todos na cidade de Leningrado, entre 17 e 26 de abril.

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O Moscow Music Peace Festival foi realizado cerca de 2 anos antes do Estado socialista, que contemplava Rússia e outros países, se dissolver e ceder ao sistema econômico do restante do mundo. A canção saiu no disco de 1990 – ano em que o país de origem do grupo, Alemanha, se reunificou com a queda do Muro de Berlim – e foi divulgada como single em janeiro de 1991, meses após o fracasso de um golpe dos governantes locais para retomar o poder.

Dessa forma, ‘Wind of Change’ se tornou icônica em todo o mundo, especialmente na Europa, como uma espécie de “música-tema do fim da União Soviética”. A letra, sintomática, discute justamente a necessidade de mudança.

O assobio em Wind of Change

Curiosamente, ‘Wind of Change’ quase não teve o seu clássico assobio, que o empresário Doc McGhee afirma ter ouvido pela primeira vez ainda em 1989, quando Klaus Meine voltava, junto dos colegas de Scorpions, de um dos dos shows na Rússia. “Ele teve aquela ideia na cabeça dentro do ônibus. No dia seguinte, a música já estava praticamente toda pronta”, afirmou o manager à Rolling Stone, em 2015.

O assobio era apenas uma forma para orientar como a melodia da música deveria ser, de acordo com Klaus Meine. “Apenas assobiei a melodia inicial porque eu toco guitarra, mas não sou um guitarrista de solos. Fiquei assobiando e ficou legal”, contou Klaus Meine também à Rolling Stone. O cantor estava reticente com relação a manter aquele trecho, embora os demais colegas de Scorpions tivessem gostado.

“Nós tentamos reproduzir a melodia do assobio com guitarras, seja com distorção ou sem, e com teclados”, explicou o produtor Keith Olsen. “No fim das contas, funcionou com o assobio. Nós percebíamos que quando ele era retirado da canção, perdia-se algo”, declarou o guitarrista Rudolf Schenker.

Curiosamente, a gravadora pediu para que o assobio fosse retirado, pois “não iria funcionar para o público americano”. Foi aí que a figura de Doc McGhee entrou. “Falei que eles estavam loucos, que não dava para tirar Era uma parte importante da música”, contou ele. Vale lembrar que John Lennon e Guns N’ Roses, entre outros, já haviam lançado músicas com assobio – e emplacado nos Estados Unidos.

Política sem ter política

A ideia da letra de ‘Wind of Change’ era expressar todo aquele sentimento de mudança sem entrar em questões políticas mais específicas. O Scorpions não tinha um histórico de abordagem desse tema nas suas músicas, exceção feita a ‘Crossfire’, canção antiguerra presente no álbum ‘Love at First Sting’ (1984).

“Sempre tínhamos essa sensação de que íamos a outros países mostrar que existia uma nova geração vinda da Alemanha, que não chegava com tanques, mas com guitarras e amor”, afirmou Rudolf Schenker a Martin Popoff em ‘Wind of Change: The Scorpions Story’.

O fim da União Soviética tinha um significado especial para o Scorpions, já que eles são da Alemanha, país que ficou dividido pelo Muro de Berlim até 1989. A Alemanha Oriental era um Estado socialista, enquanto a Ocidental adotava o capitalismo como sistema econômico.

Em agosto de 1990, o Scorpions foi convidado por Roger Waters para participar de uma performance de ‘The Wall’ no local onde ficava o Muro de Berlim. “Nós aceitamos e foi uma grande ideia. Nunca tocamos no palco de outra pessoa e foi empolgante, porque nunca tivemos a chance de tocar na parte leste de Berlim. Era bem na parte que chamavam de ‘zona da morte’, onde não ficava ninguém. E bem ali, colocaram um dos maiores palcos da história do rock”, relatou o guitarrista Matthias Jabs a Martin Popoff.

O resto é história. ‘Wind of Change’ se tornou um dos singles mais vendidos da história, com 15 milhões de cópias comercializadas pelo mundo todo. A canção alavancou o álbum ‘Crazy World’, que conquistou disco de platina duplo nos Estados Unidos, Alemanha e Canadá, além de chegar ao top 10 das paradas de sete países.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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