Entrevista: Doug Aldrich celebra o The Dead Daisies, cada vez mais ‘banda’ e ‘pesado’

O The Dead Daisies é um supergrupo em sua plena definição. Não é qualquer banda que pode contar com nomes do porte do guitarrista Doug Aldrich (ex-Whitesnake, Dio e mais), do vocalista John Corabi (ex-Mötley Crüe, Ratt e outros), do recém-chegado baterista Deen Castronovo (ex-Journey, Ozzy Osbourne, etc) e do baixista Marco Mendoza (ex-Whitesnake, Thin Lizzy e por aí vai). O menos conhecido do grupo é, justamente, o seu fundador: o guitarrista David Lowy, que também tem carreira como empresário e aviador.

Na foto, da esquerda para a direita: Marco Mendoza, David Lowy, John Corabi, Deen Castronovo e Doug Aldrich

Apesar das mudanças de formação em seus primeiros anos – desde o primeiro disco, restaram somente Lowy e Mendoza –, dá para perceber que o The Dead Daisies tem se imposto como um verdadeiro grupo, indo além do rótulo de “superprojeto”. “Burn It Down”, quarto disco dos caras, foi lançado em abril deste ano, e confirma a proposta e a identidade que já estava sendo trabalhada desde a entrada de John Corabi, nos álbuns “Revolución” (2015) e “Make Some Noise” (2018).

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Em entrevista exclusiva, o guitarrista Doug Aldrich exaltou a fase atual do The Dead Daisies, que, segundo ele, está com uma “formação sólida” a partir de agora. “Deen Castronovo chegou, fizemos ‘Burn It Down’ e esta é, definitivamente, uma formação sólida. Nunca se sabe: talvez algo aconteça, alguém receba uma oferta e queira fazer algo diferente. Eu não faria isso, mas essa formação é, definitivamente, estável. E acho que é uma formação forte. É a minha opinião pessoal”, afirmou.

As alterações na line-up deram o tom das mudanças observadas ao longo dos discos do The Dead Daisies: Corabi e Aldrich, por exemplo, têm um background bem mais ligado ao hard rock e heavy metal do que seus antecessores, Jon Stevens (ex-INXS) e Richard Fortus (Guns N’ Roses). Em “Burn It Down”, a transição parece concluída, já que o álbum é bem pesado. “Queríamos fazer um disco um pouco mais pesado, um pouco mais anos 70, e ter essas diferentes colorações, como ter uma balada (‘Set Me Free’). […] Queríamos fazer algo mais simples, porque sempre quando tocamos em festivais, a música mais pesada é sempre a mais divertida. Nem tudo é pesado como ‘Rise Up’ e ‘Resurrected’, mas percebemos que os riffs mais simples e grandiosos funcionam bem nos shows. Veio naturalmente. Mesmo o Whitesnake é bem pesado, então estou acostumado”, disse o guitarrista.

O “elemento Castronovo”

Para Doug Aldrich, contudo, a grande mudança de “Burn It Down” em comparação aos discos anteriores está na presença de Deen Castronovo – um reforço de peso não só na bateria, como também nos backing vocals, já que Castronovo é um grande cantor. “A grande diferença é a bateria. Deen trouxe mudanças, ele tem um sentimento diferente, um groove diferente. Ele fez um grande trabalho no álbum. Brian Tichy é incrível, amamos Brian, ele é um dos meus melhores amigos, mas ele queria fazer algo diferente”, afirmou.

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Aldrich e Castronovo já trabalharam juntos no Revolution Saints, banda que também conta com Jack Blades (Night Ranger, ex-Damn Yankees). Por lá, funciona de forma um pouco diferente: Deen é o principal vocalista e a sonoridade é mais orientada ao AOR/melodic hard rock. “O Revolution Saints não é bem uma banda, é realmente um projeto de gravação. Deen é o vocalista principal, então, soa diferente. Algumas das coisas que compomos pode ter um tipo específico de ‘riff Doug Aldrich’, então, Deen canta e coloca seu som por cima. Ele esteve no Journey por 17 anos, então, ele tem essa sonoridade do Journey. Amo trabalhar com Deen”, afirmou.

Próximos planos

Desde abril, o The Dead Daisies está em turnê para promover “Burn It Down”. O repertório foca no álbum atual e também traz canções dos discos anteriores, bem como alguns covers de Creedence Clearwater Revival, Rolling Stones e Deep Purple, entre outros. Para 2018, a agenda está praticamente fechada: depois de ter passado por Japão e Europa, o grupo está fazendo shows pela América do Norte, vai tocar no Kiss Kruise (o cruzeiro do Kiss) e ainda retorna para o continente europeu.

“O show está incrível com as novas músicas. Ter músicas como ‘Rise Up’ e ‘Dead And Gone’ junto de ‘Last Time I Saw The Sun’, ‘Song And A Prayer’, algumas mais antigas como ‘With You And I’, ‘Lock ‘N’ Load’… há muitas músicas legais. Colocamos músicas acústicas no meio do show. É legal ‘quebrar’ para um set acústico”, contou Doug Aldrich sobre o novo show do The Dead Daisies.

Embora a agenda do The Dead Daisies para 2018 já esteja praticamente fechada, o ano de 2019 reserva uma boa notícia para os fãs brasileiros. “Brasil estará no ano que vem, com certeza. Não sei quando, mas, provavelmente, ao iniciar a metade do ano. Tenho muitos amigos no Brasil, muitas pessoas seguindo nas redes sociais. Há muita gente dos Estados Unidos, claro, mas Europa e Brasil estão logo depois. Adoraria voltar para tocar no Brasil”, disse o guitarrista, que se apresentou com a banda no país em 2017.

O desafio-supergrupo

O rótulo de “supergrupo” já foi mais exaltado no passado, mas depois que muitas bandas formadas por integrantes já famosos deram errado – seja por problemas internos ou álbuns pouco interessantes –, a configuração passou a ser contestada e até evitada por certos músicos. Doug Aldrich demonstra entender que trabalhar em um supergrupo pode ser um “desafio”  – por isso, o The Dead Daisies tenta agir de forma diferente.

“Nessa banda, fazemos tudo juntos: compomos, gravamos, saímos durante as turnês… é diferente em outras bandas. O The Dead Daisies é como era no Dio, quando saíamos juntos, jantávamos juntos e tudo o mais. No Whitesnake, era um pouco diferente, as pessoas tinham suas coisas próprias. Quando eu estava na banda, éramos apenas David (Coverdale, vocalista) e eu. Criamos as músicas juntos e tínhamos orgulho do que fazíamos, mas éramos somente ele e eu – e está tudo bem”, afirmou Aldrich.

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O guitarrista também minimizou as comparações que eventualmente são feitas, relacionando o The Dead Daisies às bandas passadas de seus integrantes. “Não incomoda (a comparação). As pessoas podem fazer comparações e ter suas opiniões, não importa. Isso importa quando você é mais jovem e está tentando ser notado. Às vezes, essas coisas me incomodam, mas quando se é um pouco mais velho e está mais confiante de quem é, não é necessário se incomodar com isso. Você apenas faz o seu melhor e as pessoas decidem se gostam ou não. No entanto, eu tenho muita sorte. Trabalho duro, dou o meu melhor e tenho um pouco de sorte também”, disse.

Rock “de verdade”

O material que divulgou “Burn It Down” à imprensa cita o álbum como “um disco de rock de verdade” e um trabalho “honesto”. Doug Aldrich evitou comentar se falta autenticidade no estilo em geral, mas destacou que essa característica está sempre presente no The Dead Daisies.

“Apenas queremos fazer algo bom para nós mesmos e para os fãs. Temos muito apoio pelo mundo, especialmente no Brasil e América do Sul. Nos anos 80, quando o hard rock era grande, havia muitas bandas que soavam parecidas. Eram influenciadas umas pelas outras. E isso era uma coisa boa. Se você ouve ‘Round And Round’, do Ratt, me lembra um pouco de ‘Unchained’, do Van Halen. E é apenas um exemplo. O rock and roll ficou meio ‘seguro’ e é por isso que as pessoas estão voltando ao classic rock, que tinha mais originalidade. Espero que o The Dead Daisies seja uma influência positiva para um número de bandas”, disse.

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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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