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Como “Frontiers” representou o sopro final do Journey “clássico”

O Journey é um dos típicos casos de bandas que foram montadas aos olhos do público. O grupo começou com Gregg Rolie nos vocais e nos teclados, passou a ter Steve Perry no microfone após alguns anos e, enfim, perdeu Rollie, cansado da vida na estrada, para Jonathan Cain.

Neal Schon, guitarrista e líder, e Ross Valory, baixista, seguiram firme, enquanto Steve Smith, baterista, juntou-se ao barco na posição que era de Aynsley Dunbar. Todas essas mudanças aconteceram enquanto o Journey já existia e estava em atividade, lançando seus primeiros discos.

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A principal alteração, que foi a entrada de Steve Perry, surtiu efeitos imediatos – “Infinity”, quarto disco do Journey, lançou a banda ao sucesso definitivo. “Evolution” (1979), “Departure” (1980) e “Escape” (1981) trataram de aumentar o êxito comercial e artístico obtido pelo quinteto.

Devido ao cansaço e à influência de Jonathan Cain nas composições – seu primeiro disco com a banda foi “Escape”, antecessor de “Frontiers” -, o Journey começou a trabalhar na mesma pegada, em sua fórmula de hard rock melódico, quase pop rock, cada vez mais consagrada. Em “Escape”, o resultado foi bastante satisfatório e gerou o clássico “Don’t Stop Believin'”. Em “Frontiers”, nem tanto.

“Frontiers” foi o último disco da chamada “fase clássica” do Journey. Assim como seus antecessores, emplacou hits – “Separate Ways (Worlds Apart)” e “Faithfully”, em especial – e fez sucesso, com seis milhões de cópias vendidas nos Estados Unidos até hoje. Por outro lado, o grupo já demonstra, neste álbum, alguns sinais de que a fórmula estava gasta.

O contraste classic rock que Gregg Rolie dava nos teclados começou a ser sentido – Jonathan Cain, de certa forma, era “oitentista demais”, o que deixou a sonoridade ainda mais inclinada ao pop rock. Os demais integrantes, especialmente Neal Schon e Steve Perry, compraram a ideia.

Graças à pegada mais pop, “Frontiers” soa, às vezes, pretensioso demais. A impressão é de que o Journey quis transformar todas as faixas em “hits em potencial”. Algumas canções são realmente boas, independente da intenção, como “Chain Reaction” e “Edge Of The Blade”, além das clássicas – e já citadas – “Separate Ways (Worlds Apart)” e “Faithfully”. Outras, como “Send Her My Love”, “After The Fall” e “Troubled Child”, têm uma roupagem datada demais.

Após “Frontiers”, o Journey nunca mais seria o mesmo. O álbum “Raised on Radio” (1986) já não contava mais com Ross Valery e Steve Smith e apostava em uma fórmula ainda mais radiofônica. A banda entrou em hiato em 1987 e voltou em 1995, com o mal-promovido “Trial By Fire” (1996). Steve Perry deixou o grupo em 1998 e, a partir daí, nada foi como antes – embora exista muita qualidade no que foi feito no século 21.

– Leia também: Arnel Pineda, o vocalista contratado pelo Journey graças ao YouTube

Steve Perry (vocal)
Neal Schon (guitarra)
Jonathan Cain (teclados, guitarra)
Ross Valory (baixo)
Steve Smith (bateria)

Músico adicional:
Randy Jackson (baixo na faixa 4)

1. Separate Ways (Worlds Apart)
2. Send Her My Love
3. Chain Reaction
4. After the Fall
5. Faithfully
6. Edge of the Blade
7. Troubled Child
8. Back Talk
9. Frontiers
10. Rubicon

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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