O baixista Nikki Sixx desabafou sobre o encerramento das atividades do Mötley Crüe. Em entrevista ao Let There Be Talk (transcrição por Loudwire), ele disse que a aposentadoria da banda, sacramentada em 2015, aconteceu porque os integrantes tinham ideias muito diferentes entre si.
“Quando nos juntamos, tínhamos uma ideia em comum e colocamos nossa pele em jogo. Não creio que Mick Mars seja um fã de punk rock. Sou um punk rocker de coração. Amo heavy metal, mas nunca fui um super músico, tipo ‘amo o que Eddie Van Halen faz ali’, mas não penso naquilo de forma técnica. Outros caras da banda eram técnicos. Eles colocaram a pele no jogo, eu coloquei minha anarquia”, disse Nikki.
O músico afirmou que assumiu as letras não só porque gostava de fazê-las, mas também porque ninguém as fazia. “E Vince (Neil) tinha a voz, ninguém soava como ele. Ninguém tocava como Tommy (Lee). Ele tinha 17, 18 anos quando o conheci, era um monstro e um ótimo ser humano. Ele tocava ‘hiper’ e eu de forma simples, e funcionava”, comentou.
Com o passar dos anos, os interesses foram mudando, segundo Sixx. “Tommy quis ser um cara diferente. Ele passou a amar hip-hop. Não tive problema com isso, mas era esquisito. E ele passou por uma fase de música eletrônica. Ele era jovem e estava explorando. Mas Tommy ficava, ‘não seria incrível o Mötley Crüe fazer isso?’. E eu queria que o Crüe soasse como Crüe. Se sou Angus Young, tenho ‘Highway to Hell’, Tommy é Malcolm Young e chega dizendo ‘ei, cara, não seria legal soar como essas outras bandas?’, Angus perguntaria se ele está louco. Começou a haver ressentimento”, disse.
Enquanto a relação entre Nikki e Tommy definhava, Mick Mars assumia uma característica “passiva”, segundo o baixista. “Mick é passivo. Fizemos alguns discos com um produtor chamado Scott Humphrey que fizeram Mick se sentir horrível com relação ao seu jeito de tocar guitarra. Eram samples o tempo todo. Então, Mick começou a se afastar e Vince estava dentro e fora da banda”, afirmou.
Sixx comparou o Mötley Crüe com outras bandas. “Estávamos nos tornando quatro caras com ideias diferentes. Você tem uma banda como o Metallica, quatro caras com a mesma ideia. Mesmo que tenham feito alguns discos pirados, eles caíram na real. E para nós, cair na real era: ‘vamos deixar nosso legado como está'”, afirmou o músico, que diz não ter ressentimentos com relação ao que aconteceu.