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Com Scott Stapp, Art Of Anarchy é melhor do que com Scott Weiland

Resenha: Art Of Anarchy – “The Madness” (2017)

Em sua concepção, o Art Of Anarchy parecia ser um projeto promissor. Criado em 2011, o supergrupo contava com o guitarrista Rom “Bumblefoot” Thal, então integrante do Guns N’ Roses, o baixista John Moyer, do Disturbed, e os irmãos gêmeos Jon e Vince Votta na guitarra e na bateria, respectivamente.

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Scott Weiland foi convocado para os vocais e, aparentemente, sua situação pessoal confusa também se entrelaçou com o grupo. Depois de ter gravado um disco com a banda, autointitulado, que foi lançado em 2015, Weiland disse que nunca esteve no Art Of Anarchy. “Foi algo que fiz quando não estava fazendo nada. Fui convidado a compor e cantar, mas não estou dentro”, afirmou.

Talvez pelo tom despretensioso que Scott Weiland deu ao projeto, o primeiro disco do Art Of Anarchy não é bom. Soa pouco inspirado, como um projeto genérico de post-grunge. Infelizmente, Weiland faleceu no fim de 2015 – ou seja, o último trabalho de sua discografia é um tanto dispensável.

Em maio de 2016, Scott Stapp, do Creed, foi anunciado como vocalista do Art Of Anarchy. Embora tenha trajetória semelhante à de Scott Weiland, tanto musicalmente quanto pessoalmente – problemas com os vícios e implosão da própria banda de origem -, Stapp ofereceu um diferencial ao grupo: mergulhou de cabeça no projeto, em vez de tratá-lo com distanciamento.

O resultado orgânico dessa dedicação é exposto em “The Madness”, segundo disco de estúdio do Art Of Anarchy. Esse álbum é bem melhor que o primeiro e Scott Stapp fez bem ao grupo – o que não indica necessariamente que ele seja melhor do que Scott Weiland, mas, sim, que se encaixou melhor na banda.

Co-escrita por David Draiman (vocalista do Disturbed), a faixa de abertura “Echo Of A Scream” é pesada. Vai direto ao ponto. É a música que o Art Of Anarchy precisava lançar em algum momento para se provar ao mundo. “1000 Degrees” tem linhas vocais que lembram as de Scott Weiland em seus bons tempos. Scott Stapp parece entregar tudo de si nos vocais.

“No Surrender” começa leve, mas logo cresce e conta com um refrão intenso. Stapp, novamente, canta muito aqui. “The Madness”, divulgada como single, é o típico hard rock alternativo/contemporâneo que emplacaria nos Estados Unidos. “Won’t Let You Down” e “Changed Man” se aproximam mais dos momentos calmos do Creed, especialmente em melodia, enquanto o peso é retomado em “A Light In Me”.

A semi-balada “Somber”, menos inspirada que as demais, abre alas para a ótima “Dancing With The Devil”, de peso e cadência singulares. “Afterburn” encerra o disco de forma um pouco mais experimental, com vocais mais clean de Stapp e mais efeitos na guitarra de Bumblefoot.

Sinto força e sinceridade nas músicas de “The Madness”. Os vocais renovados de Scott Stapp são, sem dúvidas, os destaques por aqui. Stapp canta como nunca nesse disco. O instrumental o acompanha com êxito, em especial Bumblefoot, que mostra, aqui, o que nunca pôde apresentar nos tempos de Guns N’ Roses. O repertório inspirado e a solidez da cozinha de John Moyer, que sabe como fazer som pesado, e Vince Votta também são elementos a serem citados. Esse disco tende a ser um dos melhores de 2017.

Nota 9

Scott Stapp (vocal)
Ron “Bumblefoot” Thal (guitarra solo)
Jon Votta (guitarra rítmica)
John Moyer (baixo)
Vince Votta (bateria)

1. Echo Of A Scream
2. 1000 Degrees
3. No Surrender
4. The Madness
5. Won’t Let You Down
6. Changed Man
7. A Light In Me
8. Somber
9. Dancing With The Devil
10. Afterburn

* Escrevi esse texto originalmente para o Whiplash.Net Rock e Heavy Metal.
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Ouvi umas cancoes do A.O.A. e achei impressionantes! Especialmente as com Scott Stapp. Muitos tem uma implicancia com ele, por causa do Creed num passado recente, banda muito veiculada nas radios e midia. Preconceito absurdo!! Pois muitas otimas bandas tambem foram excessivamente tocadas nas radios (leia-se Pearl Jam, Alice In Chains e Soundgarden) e isso nunca foi um demerito de sua qualidade. O Creed eh uma banda melodica e pesada, e que tambem teve uma super-exposicao na MTV e radiofonica. Sempre achei que Stapp tem vocais muito poderosos, suaves nos momentos mais calmos e furiosos em partes adequadamente pesadas. Excepcional! Grande vocalista, muito mal visto e subestimado pelo publico da musica pesada…

    Jah o Bumblefoot, tambem adorei sua performance no GNR, com solos fantasticos e riffs marcantes. Um guitarrista virtuoso e tecnico tambem pouco valorizado no métier roqueiro.

    Esse super-grupo se mostrou extraordinario mesmo, especialmente com sua 2a formacao. Sem falar dos demais integrantes, otimos musicos e compositores. Infelizmente, a uniao com Stapp flopou. Bem que merecia durar… agora é Jeff Scott Soto quem assume os vocais. Ainda nao ouvi, mas espero que esse novo projeto vingue, pois a essencia da banda eh muito boa, tem que ser mantida e levada adiante, mesmo com a saida do grande Stapp. Enfim, longa vida ao Art Of Anarchy!!

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Em sua concepção, o Art Of Anarchy parecia ser um projeto promissor. Criado em 2011, o supergrupo contava com o guitarrista Rom “Bumblefoot” Thal, então integrante do Guns N’ Roses, o baixista John Moyer, do Disturbed, e os irmãos gêmeos Jon e Vince Votta na guitarra e na bateria, respectivamente.

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Scott Weiland foi convocado para os vocais e, aparentemente, sua situação pessoal confusa também se entrelaçou com o grupo. Depois de ter gravado um disco com a banda, autointitulado, que foi lançado em 2015, Weiland disse que nunca esteve no Art Of Anarchy. “Foi algo que fiz quando não estava fazendo nada. Fui convidado a compor e cantar, mas não estou dentro”, afirmou.

Talvez pelo tom despretensioso que Scott Weiland deu ao projeto, o primeiro disco do Art Of Anarchy não é bom. Soa pouco inspirado, como um projeto genérico de post-grunge. Infelizmente, Weiland faleceu no fim de 2015 – ou seja, o último trabalho de sua discografia é um tanto dispensável.

Em maio de 2016, Scott Stapp, do Creed, foi anunciado como vocalista do Art Of Anarchy. Embora tenha trajetória semelhante à de Scott Weiland, tanto musicalmente quanto pessoalmente – problemas com os vícios e implosão da própria banda de origem -, Stapp ofereceu um diferencial ao grupo: mergulhou de cabeça no projeto, em vez de tratá-lo com distanciamento.

O resultado orgânico dessa dedicação é exposto em “The Madness”, segundo disco de estúdio do Art Of Anarchy. Esse álbum é bem melhor que o primeiro e Scott Stapp fez bem ao grupo – o que não indica necessariamente que ele seja melhor do que Scott Weiland, mas, sim, que se encaixou melhor na banda.

Co-escrita por David Draiman (vocalista do Disturbed), a faixa de abertura “Echo Of A Scream” é pesada. Vai direto ao ponto. É a música que o Art Of Anarchy precisava lançar em algum momento para se provar ao mundo. “1000 Degrees” tem linhas vocais que lembram as de Scott Weiland em seus bons tempos. Scott Stapp parece entregar tudo de si nos vocais.

“No Surrender” começa leve, mas logo cresce e conta com um refrão intenso. Stapp, novamente, canta muito aqui. “The Madness”, divulgada como single, é o típico hard rock alternativo/contemporâneo que emplacaria nos Estados Unidos. “Won’t Let You Down” e “Changed Man” se aproximam mais dos momentos calmos do Creed, especialmente em melodia, enquanto o peso é retomado em “A Light In Me”.

A semi-balada “Somber”, menos inspirada que as demais, abre alas para a ótima “Dancing With The Devil”, de peso e cadência singulares. “Afterburn” encerra o disco de forma um pouco mais experimental, com vocais mais clean de Stapp e mais efeitos na guitarra de Bumblefoot.

Sinto força e sinceridade nas músicas de “The Madness”. Os vocais renovados de Scott Stapp são, sem dúvidas, os destaques por aqui. Stapp canta como nunca nesse disco. O instrumental o acompanha com êxito, em especial Bumblefoot, que mostra, aqui, o que nunca pôde apresentar nos tempos de Guns N’ Roses. O repertório inspirado e a solidez da cozinha de John Moyer, que sabe como fazer som pesado, e Vince Votta também são elementos a serem citados. Esse disco tende a ser um dos melhores de 2017.

Nota 9

Scott Stapp (vocal)
Ron “Bumblefoot” Thal (guitarra solo)
Jon Votta (guitarra rítmica)
John Moyer (baixo)
Vince Votta (bateria)

1. Echo Of A Scream
2. 1000 Degrees
3. No Surrender
4. The Madness
5. Won’t Let You Down
6. Changed Man
7. A Light In Me
8. Somber
9. Dancing With The Devil
10. Afterburn

* Escrevi esse texto originalmente para o Whiplash.Net Rock e Heavy Metal.
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Ouvi umas cancoes do A.O.A. e achei impressionantes! Especialmente as com Scott Stapp. Muitos tem uma implicancia com ele, por causa do Creed num passado recente, banda muito veiculada nas radios e midia. Preconceito absurdo!! Pois muitas otimas bandas tambem foram excessivamente tocadas nas radios (leia-se Pearl Jam, Alice In Chains e Soundgarden) e isso nunca foi um demerito de sua qualidade. O Creed eh uma banda melodica e pesada, e que tambem teve uma super-exposicao na MTV e radiofonica. Sempre achei que Stapp tem vocais muito poderosos, suaves nos momentos mais calmos e furiosos em partes adequadamente pesadas. Excepcional! Grande vocalista, muito mal visto e subestimado pelo publico da musica pesada…

    Jah o Bumblefoot, tambem adorei sua performance no GNR, com solos fantasticos e riffs marcantes. Um guitarrista virtuoso e tecnico tambem pouco valorizado no métier roqueiro.

    Esse super-grupo se mostrou extraordinario mesmo, especialmente com sua 2a formacao. Sem falar dos demais integrantes, otimos musicos e compositores. Infelizmente, a uniao com Stapp flopou. Bem que merecia durar… agora é Jeff Scott Soto quem assume os vocais. Ainda nao ouvi, mas espero que esse novo projeto vingue, pois a essencia da banda eh muito boa, tem que ser mantida e levada adiante, mesmo com a saida do grande Stapp. Enfim, longa vida ao Art Of Anarchy!!

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