Como foi o fim do Creed e o início do Alter Bridge

O Alter Bridge deixou claro, com o passar dos anos, que não era uma continuação do Creed sem o vocalista Scott Stapp. Aliás, desde o primeiro álbum, “One Day Remains” (2004), essa intenção ficou evidente: o guitarrista Mark Tremonti, o baixista Brian Marshall e o baterista Scott Phillips queriam vida nova com Myles Kennedy no microfone.

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A caminhada do trio até a formação do Alter Bridge contou com turbulências relacionadas ao Creed, uma banda de enorme sucesso comercial, mas, ao mesmo tempo, diversos problemas. Ainda que Scott Stapp fique como o principal vilão da história – tendo em vista que o cantor passou perto de endoidar nos últimos anos -, ele não foi o único culpado pelo fim do grupo.

A derrocada pessoal do Creed começou a ocorrer logo quando a banda desfrutava do sucesso de “Human Clay” (1999), o disco de maior repercussão do grupo. E começou com o baixista Brian Marshall, que foi rendido pelo vício em álcool. Ele chegou a ameaçar Mark Tremonti de agressão, passou a faltar de suas obrigações com a banda e ofendeu Scott Stapp em mais de uma ocasião.

Após ter recusado se internar em uma clínica de reabilitação, Brian Marshall concedeu uma curiosa entrevista à rádio KNDD, em 2000, onde fez críticas ao Pearl Jam – banda a qual o Creed era bastante comparado, graças à voz de Scott Stapp. Na ocasião, Marshall disse que Stapp era melhor compositor do que qualquer um no Pearl Jam, cujas músicas, segundo ele, “não tinham ganchos”.

Scott Stapp precisou ir à público para se desculpar pela declaração de Brian Marshall. Ainda que os músicos neguem, a imprensa divulgou, na época, que essa situação foi a gota d’água para que o baixista deixasse o Creed. Os integrantes diziam, ainda, que Brian saiu de forma amigável, mas isso também não parece refletir a realidade. Ele foi substituído nas turnês por Brett Hestla, enquanto Mark Tremonti ficou responsável pela função no álbum “Weathered” (2001).

Depois que Brian Marshall saiu, os problemas passaram a ser causados, de forma majoritária, por Scott Stapp. Ele também acabou se tornando um alcoólatra e, em 2002, após ter sofrido um acidente de carro, desenvolveu vício em analgésicos enquanto se recuperava de uma concussão e de lesões na coluna vertebral.

Em 29 de dezembro de 2002, um show na Allstate Arena em Rosemont, Illinois, colocou um ponto final ao Creed. Graças a uma péssima performance de Scott Stapp, a apresentação foi tão ruim que quatro fãs processaram a banda. A acusação dizia que Scott Stapp “estava tão drogado ou medicado que não conseguia cantar as letras de uma música sequer”.

O Creed permaneceu o ano de 2003 inteiro inativo e, em junho de 2004, foi anunciado que o grupo havia encerrado suas atividades. Mark Tremonti e Scott Phillips estavam cansados da situação, especialmente porque brigavam muito com Scott Stapp, que, cada vez mais entregue aos vícios, não conseguia compor algo que fosse minimamente utilizável em um possível disco seguinte.

Dois meses depois do fim do Creed, o Alter Bridge já lançava seu primeiro disco de estúdio, “One Day Remains”. Ou seja: a antiga banda já havia acabado há um bom tempo, visto que ninguém forma outro grupo, consegue um contrato com gravadora e registra um disco em 60 dias.

Fato é que o Alter Bridge começou a ser projetado por Mark Tremonti ainda em 2003. A ideia dele era contar com Scott Phillips e ainda resgatar Brian Marshall para esse novo projeto. Para os vocais, uma escolha inusitada: o pouco conhecido Myles Kennedy, que cantava no The Mayfield Four, grupo que Tremonti era fã e que havia encerrado suas atividades em 2002.

Em entrevista ao site da MTV, concedida em 2004, Mark Tremonti conta que decidiu ligar para Brian Marshall para conversar, porque ele se encaixava no projeto. “Liguei para Brian em outubro de 2003 e conversamos como velhos amigos. Tivemos testes para vocalistas e Myles simplesmente brilhou em comparação aos demais. Ele tinha paixão em sua voz e queria aquilo tanto quanto nós”, afirmou o músico, que revelou que não conversava com Brian desde a demissão dele do Creed, em agosto de 2000.

Myles Kennedy, então, conta como foi o convite. “Aparentemente, eles eram meus fãs quando o Mayfield Four abriu para o Creed em 1998. Não nos conhecíamos bem ou algo do tipo, então, Mark me ligou por volta de novembro de 2003. Ele me enviou algumas músicas e eu cantei por cima delas. Aparentemente ele gostou, já que estou sentado aqui agora”, disse o cantor, que citou “Down To My Last” como a sua preferida do primeiro disco do Alter Bridge.

Ainda que nunca tenha conquistado o mesmo sucesso comercial do Creed, o Alter Bridge parece ser o lugar certo para Mark Tremonti, Brian Marshall e Scott Phillips – além, é claro, de Myles Kennedy. A banda nunca teve nenhuma rixa pública, nem encerrou suas atividades desde então.

Enquanto isso, o Creed se reuniu em 2009, mas acabou em 2012, com apenas um disco lançado (“Full Circle”, de 2009) e novas farpas atiradas no relacionamento entre Tremonti e Scott Stapp, que, neste período, foi ao fundo do poço graças às drogas e, por sorte, acabou retomando sua sobriedade a tempo. Hoje, Stapp integra o Art Of Anarchy, substituindo o posto deixado pelo falecido Scott Weiland.



– Veja também: Myles Kennedy revela os 10 discos que mudaram a vida dele

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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