Há 55 anos, nascia Axl Rose, o polêmico vocalista do Guns N’ Roses

Por ser um sujeito recluso e avesso à mídia, Axl Rose, dificilmente, é lembrado como pessoa. O seu ethos “superstar” é o que sempre vem à mente de grande parte do público e até da imprensa.

Devido a isso, o vocalista do Guns N’ Roses desperta reações incrivelmente mistas. Quando se trata de Axl, é “ame ou odeie”. Oito ou oitenta. Canoniza-se ou crucifica-se o cantor.

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Contudo, atrás do astro, há um ser humano de trajetória complicada, mesmo após ter conquistado fama e fortuna. É imprescindível falar disto para entender cada polêmica em que Axl Rose se envolveu – incluindo as questões criminais.

William Bruce Rose Jr nasceu em 6 de fevereiro de 1962, na pequena cidade de Lafayette, Indiana, nos Estados Unidos. Concebido sob uma gravidez não-planejada, o pai de Axl, descrito como um “delinquente local”, se separou da mãe, Sharon Elizabeth Lintner, quando o futuro cantor tinha apenas dois anos de idade.

Axl Rose ao lado da mãe, Sharon

Afirma-se que, antes de desaparecer de Lafayette, o pai de Axl Rose supostamente o sequestrou e o molestou. Desde então, ele nunca mais foi visto por Axl e acabou assassinado em 1984, na cidade de Marion, Illinois.

Ainda na década de 1960, a mãe de Axl Rose se casou com Stephen Bailey. O novo padrasto mudou o nome de Axl para William Bruce Bailey. E, novamente, há acusações de abuso sexual: Stephen é acusado de molestar tanto a ele quanto à sua irmã, Amy.

Axl Rose ao lado da irmã, Amy

Posteriormente, Axl Rose atribuiu a misoginia presente em algumas de suas composições a este conturbado passado. “Descobri que tenho ódio pelas mulheres. Basicamente, fui rejeitado pela minha mãe desde bebê. Ela preferiu meu padrasto a mim desde sempre e via quando ele me espancava. Não fazia nada na maior parte do tempo, a não ser que a coisa ficasse muito ruim”, disse à Rolling Stone, em 1992.

A família de Axl Rose, curiosamente, era bastante conservadora e religiosa. Ele era obrigado a ir à igreja entre três e oito vezes por semana. Também à Rolling Stone, Axl disse que seu padrasto jogou uma televisão fora porque achava que ela era “obra de Satanás”. Revelou, ainda, que não era autorizado a ouvir música, pelo mesmo motivo.

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A misoginia também prejudicou, futuramente, a vida amorosa de Axl Rose. Ele foi acusado de violência doméstica por sua ex-mulher, Erin Everly, e a ex-namorada Stephanie Seymour.

Axl Rose e Erin Everly

Em 1994, Erin Everly processou Axl Rose sob tal alegação. Ela disse que que Axl Rose a despiu, amarrou suas mãos aos tornozelos, tapou seus olhos e sua boca e a deixou trancada por horas em um armário. Ainda segundo ela, ao retirá-la do local, Axl acabou por estuprá-la. O processo foi arquivado – possivelmente, após um acordo extrajudicial.

Sem a mesma riqueza de detalhes, sabe-se que Stephanie Seymour acusou Axl Rose do mesmo delito. Ambos trocaram processos na justiça, mas a situação se resolveu, também, depois de acordos fora dos tribunais.

Axl Rose e Stephanie Seymour

Aliado a diagnósticos de transtorno bipolar, psicose e outras doenças mentais, este passado conturbado potencializou a figura problemática que se tornou Axl Rose. O cantor, que foi preso pela primeira vez logo aos 18 anos, tem uma extensa ficha criminal que envolve desde o incidente em St. Louis, em 1991, a uma detenção após causar tumulto em um aeroporto, em 1998.

E tudo isto se refletiu, é claro, no Guns N’ Roses. A “banda mais perigosa do mundo” teve problemas desde a sua concepção, com uma rotina regada a drogas. A demissão de Steven Adler, a insatisfação e saída de Izzy Stradlin, as questões relacionadas à posse do nome Guns N’ Roses, as debandadas de Slash, Duff McKagan e Matt Sorum, os períodos de confusão entre o meio da década de 1990 e o fim dos anos 2000… não dá para dissociar todos esses fatos do background pessoal de Axl Rose.

Há, ainda, os problemas com a mídia e com empresários. Por exemplo, o manager que cuidou do Guns N’ Roses nos primórdios, Alan Niven, é tido como “inimigo” de Axl Rose. E as polêmicas de Axl Rose com a imprensa são tão corriqueiras que, desde o início da década de 1990, o cantor evita dar entrevistas.

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Mais de cinco décadas depois, Axl Rose parece, enfim, se comportar melhor. É dono de uma rotina peculiar. Não se casou e não tem filhos – teria com Erin Everly, mas ela sofreu um aborto espontâneo que o teria deixado “devastado”. Mesmo na estrada, comporta-se de forma peculiar – compensa a reclusão convencional com ocasionais momentos de simplicidade, como a vez em que foi visto bebendo cerveja num boteco de Belo Horizonte, no Brasil.

Ao falar-se de Brasil, inclusive, há de se destacar a relação que Axl Rose tem o país. O cantor mora com uma família de brasileiros há duas décadas. Beta Lebeis trabalha com Axl desde os anos 1990, quando foi babá de Dylan, filho de Stephanie Seymour. Com o tempo, conquistou a confiança do vocalista e se tornou a sua secretária pessoal.

Protagonista de uma história irregular, com derrapadas pessoais e acertos artísticos, Axl Rose vive, atualmente, sua melhor fase como um todo. O retorno de Slash e Duff McKagan ao Guns N’ Roses, no início de 2016, ajudou. E muito.

A rusga que Axl tinha, especialmente, com Slash parecia travá-lo. Sempre que o Guns N’ Roses parecia engrenar com uma nova formação, algo dava errado e shows eram cancelados. Desde o início dos anos 1990, Rose não passa tanto tempo em turnê como esteve por agora.

Nesse meio-tempo, ainda substituiu o vocalista Brian Johnson em uma de suas bandas favoritas, o AC/DC. Convenceu e foi elogiado por grande parte do público em geral. Praticamente só fez shows lotados com Angus Young e seus asseclas.

A leveza do “novo” Axl Rose se explicita em uma extensa coletiva de imprensa que ele concedeu no primeiro semestre de 2016. Apesar da data, as palavras de Rose ainda soam atuais e refletem o bom momento que o cantor vive. Tão visceral quanto sua voz, o estado emocional de Rose precisa estar em equilíbrio para que ele siga a ocupar o posto de um dos grandes nomes do rock – algo que ele pôs em jogo tantas vezes.

Em extensa entrevista, Axl Rose fala de Guns N’ Roses, AC/DC e mais

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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