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Led Zeppelin quase fez turnê pelo Brasil em 1975

O ano era 1975. Foi, de fato, o último momento de verdadeiro auge do Led Zeppelin, que imperou como, possivelmente, a maior banda de rock da primeira metade da década de 1970. E, no ano em questão, o Zeppelin quase tocou no Brasil.

O Led Zeppelin era conhecido no Brasil. Nada comparado à beatlemania, segundo relatos, mas era um grupo famoso entre roqueiros daqueles tempos. Era difícil obter algum disco dos caras naquele período, seja pela indústria musical ainda estar em expansão ou pelo governo ditatorial que o país vivenciava no momento. Ainda assim, muitos sabiam – e gostavam – do Zeppelin.

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Não tão gigante quanto o Led Zeppelin, Alice Cooper veio ao Brasil em 1974. O nome ainda correspondia à banda capitaneada pelo vocalista de mesmo nome e não a seu projeto solo. Foi, segundo diversos relatos, o primeiro show internacional de rock no país.

O Alice Cooper – uma atração grande, mas não imensa – reuniu, pelo menos, 80 mil pessoas no Salão de Exposições do Anhembi, em São Paulo (SP), no dia 30 de março de 1974. A lotação foi, inclusive, um problema naquele dia. O empurra-empurra fez com que muitas pessoas no gargarejo subissem ao palco para que não fossem esmagadas pela multidão logo atrás.

Outros quatro shows de Alice Cooper ocorreram na sequência. Dois foram em São Paulo, também no Anhembi, nos dias 31 de março e 1° de abril. Os outros dois aconteceram na cidade do Rio de Janeiro, no Canecão e Maracanãzinho, respectivamente nos dias 5 e 6 de abril.

O Alice Cooper abriu alas para que outros artistas, lentamente, começassem a pensar no Brasil como um local para se apresentarem. E, segundo registros, o Led Zeppelin foi a próxima banda de rock a se lembrar do país.

A visita em 1975

Em 1975, o empresário Peter Grant esteve no Brasil. Ele foi ao Rio de Janeiro com o intuito de marcar uma turnê do Led Zeppelin pelo país ou até pelo continente – dependeria da proposta que seria feita.

O Led Zeppelin, como dito anteriormente, desfrutava de seu último período de auge. Em fevereiro de 1975, a banda lançou “Physical Graffiti”, seu sexto álbum de estúdio. O trabalho teve bom desempenho comercial e segue como referência na discografia do Zeppelin.

Peter Grant chamou a responsabilidade de aparecer para a imprensa, além de, é claro, tomar a frente na negociação dos shows. Em entrevistas a veículos brasileiros, Grant disse que era quase certo que o Zeppelin viria.

Veja também:
– “II”, a síntese de poder e visceralidade do Led Zeppelin

Segundo Peter Grant, o Led Zeppelin viria ao Brasil em outubro de 1975 para shows em São Paulo (Anhembi), Rio de Janeiro (Maracanãzinho), Brasília (local não especificado) e, talvez, outras capitais. Grant afirmou, à revista Pop, que queria trazer o grupo ao Brasil desde 1972, mas não conseguia vir até aqui para negociar. E garantiu, na época, que a apresentação seria “padrão gringa”.

“Uma coisa quero deixar bem clara: seja nos Estados Unidos, em Londres ou no Brasil, não permito uma baixa na qualidade de nossas apresentações. O Led Zeppelin não é uma máquina caça-níqueis e sim um grupo que tem o maior respeito pelo seu público. […] Usaremos uma tela gigantesca para projeção de filmes, slides, efeitos de raio laser, trovões, etc. Não viremos ao Brasil para enganar a garotada e botar dinheiro no bolso. Não precisamos deste tipo de coisas”, disse Grant.

Para se ter noção dos gastos, Peter Grant revelou a estrutura necessária. “Só para o transporte dos instrumentos, aparelhagem de som, luz e efeitos especiais, temos que fretar um avião. Contando com hospedagem, passagens para vinte pessoas, etc, fica em torno de US$ 250 mil (2 milhões de cruzeiros)”, afirmou.

Por que não rolou

Ninguém em sã consciência pelo mundo se arriscaria a rejeitar um show do Led Zeppelin naquele período a não ser por não conseguir pagar o cachê da banda. Não seria um problema no Brasil, visto que uma apresentação daquele porte traria um público até maior que o Alice Cooper conseguiu reunir no ano anterior.

Não foi o que os organizadores de eventos brasileiros pensaram. Todos acreditaram que o Led Zeppelin não era suficientemente conhecido no Brasil e que o público simplesmente não compareceria.

Curioso que isto parecia ser algo “pessoal” com o Led Zeppelin. O já mencionado Alice Cooper lotou seus shows por aqui; o festival Hollywood Rock, de 1975, obteve boa resposta; e bandas/artistas como Made in Brazil, Patrulha do Espaço, Casa das Máquinas e Sá, Rodrix & Guarabyra, entre outras, já faziam ou começavam a fazer sucesso por aqui, além dos consolidados Mutantes e os dissidentes Arnaldo Baptista e Rita Lee. Havia público, mas não para o Zeppelin?

Não há muitas informações sobre a recusa de empresários brasileiros ao Led Zeppelin além disso. Peter Grant disse, na entrevista à revista Pop, que manteve contato com o importante empresário Marcos Lázaro. Falecido em 2003, Lázaro também intermediou as negociações dos shows de Alice Cooper no Brasil, mas nunca falou sobre a situação que envolveu o Zeppelin.

O Led Zeppelin acabou por não vir ao Brasil nos anos seguintes de suas atividades – o grupo encerrou seus trabalhos em 1980, após a morte do baterista John Bonham. Somente em 1994 um ex-integrante da banda viria ao Brasil para se apresentar. No caso, era Robert Plant, que divulgava o disco “Fate Of Nations”. Ele voltou com Jimmy Page em 1996 e em outras ocasiões de sua carreira solo no futuro.

Veja também:
A entrevista de Peter Grant para a revista Pop
Alice Cooper: o primeiro show internacional de rock no Brasil

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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