Bon Jovi: os 30 anos do radiofônico “Slippery When Wet”


Bon Jovi – “Slippery When Wet”
Lançado em 18 de agosto de 1986

Antes de “Slippery When Wet”, o Bon Jovi era uma boa banda de hard rock. Tinha seus momentos, mas, no geral, o grupo fazia um tipo de som não tão comercial. Por vezes melódico demais, o quinteto apostou, em seus dois primeiros discos, em passagens manjadas e produções oitentistas demais, com teclado na linha de frente e músicas de trabalho indefinidas.

O diferencial do Bon Jovi só veio em “Slippery When Wet”, lançado em 18 de agosto de 1986. E não foi apenas em função dos músicos envolvidos: o produtor Bruce Fairbairn e o compositor Desmond Child fizeram a diferença em todo o processo. Ambos os profissionais deram a orientação pop que o grupo precisava para atingir o objetivo de estourar mundialmente.

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Conscientes de que a medida poderia transformar a banda em uma potência do rock, os músicos do Bon Jovi não economizaram em empenho. Com Desmond Child, o grupo compôs 30 músicas e as tocou para adolescentes de Nova Jersey e Nova York. A ideia era ter a opinião deles, que, até então, formavam a base de fãs.

Com um norte mais definido, a banda intensificou os trabalhos e chegou ao resultado final, com 10 hits em potencial. Parece exagero, mas não é: em “Slippery When Wet”, todas as canções poderiam ser lançadas como single.

A evolução do Bon Jovi em “Slippery When Wet” não acontece só no repertório, como também na execução. Jon Bon Jovi usa melhor a própria voz, Richie Sambora passa a desenvolver ganchos e riffs de guitarra como ninguém – além de aparecer mais como backing vocal principal -, David Bryan parece aprender os momentos ideais para que seu teclado apareça e tanto o baixista Alec John Such quanto o baterista Tico Torres fazem o que uma cozinha deve fazer: dar sustentação.

Após uma introdução climática de quase um minuto, com guitarra e teclados, a pesada “Let It Rock” abre o disco. A faixa não resume a proposta de “Slippery When Wet”, justamente por ser a mais densa da tracklist em pegada, performance e tonalidade. Boa música.

Na sequência, o hino arena rock “You Give Love A Bad Name” mostra o diferencial da presença de Desmond Child. A canção, feita por ele originalmente para Bonnie Tyler, chegou a ser lançada com versos diferentes e o título “If You Were a Woman (And I Was a Man)”. Não fez sucesso. Nas mãos do Bon Jovi, a música parece ter se encontrado – e o próprio Bon Jovi, aqui, encontrou a sua fórmula ideal, que é trabalhar o hard rock no limite aceitável do pop.

O mega-hit “Livin’ On A Prayer”, que vem a seguir, quase não entrou no disco. Jon Bon Jovi não estava convencido de que a música era boa o suficiente, mas Richie Sambora insistiu que a canção deveria entrar. Entrou e fez história, pois é o single de maior sucesso da história do grupo.

As duas próximas faixas destacam Richie Sambora. Enquanto a boba/divertida “Social Disease” evidencia a pegada de Sambora na guitarra, a climática “Wanted Dead Or Alive” mostra como o músico é preciso no violão. Apesar de ter se tornado um dos momentos de Sambora nos palcos, a canção foi feita em boa parte por Jon Bon Jovi, que admitiu, durante um show em 2008, que se inspirou bastante em “Turn The Page”, de Bob Seger, durante o processo de composição.

“Raise Your Hands” reúne todos os clichês possíveis em sua letra e, ainda assim, é divertida. O riff principal, o refrão pegajoso e o instrumental do solo de guitarra se destacam por aqui. Guiada pelos teclados de David Bryan, a semi-balada “Without Love” poderia ter um refrão melhor, mas é uma boa canção.

Arena rock de primeira, “I’d Die For You” é o momento que mais remete aos dois primeiros discos do Bon Jovi, especialmente por ser comandada pelos acordes cheios de David Bryan. Na sequência, a arrastadíssima balada “Never Say Goodbye” e a grudenta “Wild In The Streets” dão um fim tipicamente oitentista a “Slippery When Wet” – são duas músicas claramente datadas, mas ainda assim atraentes.

“Slippery When Wet” foi um disco planejado para seu fim: fazer muito sucesso. O trabalho chegou ao topo das paradas de sete países, incluindo os Estados Unidos, onde mais de 12 milhões de cópias foram vendidas até os dias de hoje. Estima-se que o número mundial de comercializações gire em torno de 30 milhões. Foi o início da construção de uma potência no rock.

Em uma década de excessos, o Bon Jovi mostrou, com “Slippery When Wet”, que a fórmula do sucesso não muda – e ela não aborda os virtuosismos instrumentais/vocais que algumas bandas de hard rock daquela época apresentavam. Por mais que este álbum reproduza clichês à exaustão, basta saber como fazer boas músicas. Será difícil não agradar dessa forma.

Jon Bon Jovi (vocal, guitarra, violão)
Richie Sambora (guitarra, violão)
Alec John Such (baixo)
Tico Torres (bateria)
David Bryan (teclados)

1. Let It Rock
2. You Give Love A Bad Name
3. Livin’ On A Prayer
4. Social Disease
5. Wanted Dead Or Alive
6. Raise Your Hands
7. Without Love
8. I’d Die For You
9. Never Say Goodbye
10. Wild In The Streets

Veja também:

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10 músicos que cantam tão bem quanto os vocalistas de suas bandas
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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Bon Jovi – “Slippery When Wet”
Lançado em 18 de agosto de 1986

Antes de “Slippery When Wet”, o Bon Jovi era uma boa banda de hard rock. Tinha seus momentos, mas, no geral, o grupo fazia um tipo de som não tão comercial. Por vezes melódico demais, o quinteto apostou, em seus dois primeiros discos, em passagens manjadas e produções oitentistas demais, com teclado na linha de frente e músicas de trabalho indefinidas.

O diferencial do Bon Jovi só veio em “Slippery When Wet”, lançado em 18 de agosto de 1986. E não foi apenas em função dos músicos envolvidos: o produtor Bruce Fairbairn e o compositor Desmond Child fizeram a diferença em todo o processo. Ambos os profissionais deram a orientação pop que o grupo precisava para atingir o objetivo de estourar mundialmente.

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Conscientes de que a medida poderia transformar a banda em uma potência do rock, os músicos do Bon Jovi não economizaram em empenho. Com Desmond Child, o grupo compôs 30 músicas e as tocou para adolescentes de Nova Jersey e Nova York. A ideia era ter a opinião deles, que, até então, formavam a base de fãs.

Com um norte mais definido, a banda intensificou os trabalhos e chegou ao resultado final, com 10 hits em potencial. Parece exagero, mas não é: em “Slippery When Wet”, todas as canções poderiam ser lançadas como single.

A evolução do Bon Jovi em “Slippery When Wet” não acontece só no repertório, como também na execução. Jon Bon Jovi usa melhor a própria voz, Richie Sambora passa a desenvolver ganchos e riffs de guitarra como ninguém – além de aparecer mais como backing vocal principal -, David Bryan parece aprender os momentos ideais para que seu teclado apareça e tanto o baixista Alec John Such quanto o baterista Tico Torres fazem o que uma cozinha deve fazer: dar sustentação.

Após uma introdução climática de quase um minuto, com guitarra e teclados, a pesada “Let It Rock” abre o disco. A faixa não resume a proposta de “Slippery When Wet”, justamente por ser a mais densa da tracklist em pegada, performance e tonalidade. Boa música.

Na sequência, o hino arena rock “You Give Love A Bad Name” mostra o diferencial da presença de Desmond Child. A canção, feita por ele originalmente para Bonnie Tyler, chegou a ser lançada com versos diferentes e o título “If You Were a Woman (And I Was a Man)”. Não fez sucesso. Nas mãos do Bon Jovi, a música parece ter se encontrado – e o próprio Bon Jovi, aqui, encontrou a sua fórmula ideal, que é trabalhar o hard rock no limite aceitável do pop.

O mega-hit “Livin’ On A Prayer”, que vem a seguir, quase não entrou no disco. Jon Bon Jovi não estava convencido de que a música era boa o suficiente, mas Richie Sambora insistiu que a canção deveria entrar. Entrou e fez história, pois é o single de maior sucesso da história do grupo.

As duas próximas faixas destacam Richie Sambora. Enquanto a boba/divertida “Social Disease” evidencia a pegada de Sambora na guitarra, a climática “Wanted Dead Or Alive” mostra como o músico é preciso no violão. Apesar de ter se tornado um dos momentos de Sambora nos palcos, a canção foi feita em boa parte por Jon Bon Jovi, que admitiu, durante um show em 2008, que se inspirou bastante em “Turn The Page”, de Bob Seger, durante o processo de composição.

“Raise Your Hands” reúne todos os clichês possíveis em sua letra e, ainda assim, é divertida. O riff principal, o refrão pegajoso e o instrumental do solo de guitarra se destacam por aqui. Guiada pelos teclados de David Bryan, a semi-balada “Without Love” poderia ter um refrão melhor, mas é uma boa canção.

Arena rock de primeira, “I’d Die For You” é o momento que mais remete aos dois primeiros discos do Bon Jovi, especialmente por ser comandada pelos acordes cheios de David Bryan. Na sequência, a arrastadíssima balada “Never Say Goodbye” e a grudenta “Wild In The Streets” dão um fim tipicamente oitentista a “Slippery When Wet” – são duas músicas claramente datadas, mas ainda assim atraentes.

“Slippery When Wet” foi um disco planejado para seu fim: fazer muito sucesso. O trabalho chegou ao topo das paradas de sete países, incluindo os Estados Unidos, onde mais de 12 milhões de cópias foram vendidas até os dias de hoje. Estima-se que o número mundial de comercializações gire em torno de 30 milhões. Foi o início da construção de uma potência no rock.

Em uma década de excessos, o Bon Jovi mostrou, com “Slippery When Wet”, que a fórmula do sucesso não muda – e ela não aborda os virtuosismos instrumentais/vocais que algumas bandas de hard rock daquela época apresentavam. Por mais que este álbum reproduza clichês à exaustão, basta saber como fazer boas músicas. Será difícil não agradar dessa forma.

Jon Bon Jovi (vocal, guitarra, violão)
Richie Sambora (guitarra, violão)
Alec John Such (baixo)
Tico Torres (bateria)
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3. Livin’ On A Prayer
4. Social Disease
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6. Raise Your Hands
7. Without Love
8. I’d Die For You
9. Never Say Goodbye
10. Wild In The Streets

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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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