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Para Caetano Veloso, funk carioca e sertanejo universitário são a nova Tropicália

Caetano Veloso exaltou o funk carioca, o sertanejo universitário e os restos da axé music como uma “Tropicália a ser explorada”. O cantor deu a sua opinião sobre os estilos musicais em questão durante uma entrevista para um documentário da BBC, intitulado “Tropicália – Revolution in sound”.

No bate-papo, Caetano Veloso destacou, principalmente, o trabalho que tem sido feito no funk carioca. “O funk no Brasil hoje é uma coisa totalmente brasileira. E as letras, que às vezes são muito obscenas, ou ligadas ao narcotráfico e à bandidagem, ficaram cada vez mais criativas. Os efeitos sonoros também”, disse.

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O cantor de MPB também destacou o talento de Anitta, considerada um dos nomes de maior destaque da atual fase do funk. “Ontem fui ver um show da Anitta. Ela é muito boa, muito afinada”, afirmou Caetano, que disse, também, que o funk é “muito brasileiro” por modificar o gênero Miami Bass, colocando “uma batida que vem da umbanda e do maculelê”.

Para Caetano Veloso, o sertanejo universitário traz representatividade para o Centro-Oeste do Brasil no quesito cultural. “[O sertanejo universitário] É uma música vulgar e sentimental, e você acha que é bobagem. Mas eles são tão afinados. E o próprio fato de que a música do Centro-Oeste hoje está presente na região costeira do país, isso é um fato cultural que revela muito sobre o que o Brasil se tornou. Ou pode se tornar”, disse.

Tropicália 

Durante o documentário, Caetano Veloso fala sobre a concepção da Tropicália, movimento que tinha como objetivo unir influências da música estrangeira, como o rock, com a sonoridade brasileira. “Queríamos usar tudo o que tínhamos aprendido, de onde quer que tivesse vindo. Porque essas coisas eram nossas, faziam parte da nossa vida desde a nossa infância. Nós queríamos um outro tipo de nacionalismo. Queríamos ter a coragem suficiente de afirmar quem nós realmente éramos”, afirmou.

Apesar da relevância do movimento, Caetano Veloso foi preso, com Gilberto Gil, outro nome importante do gênero musical em questão, em função da censura aplicada pelo regime militar vivido no país na época. O motivo? Uma denúncia, falsa, de que eles teriam rasgado uma bandeira do Brasil durante um show da dupla. Apesar da repressão, Caetano acredita que o estilo deixou marcas na música brasileira.

“Ela teve consequências e são irreversíveis. Mas recentemente, tenho sentido uma coisa muito forte quando toco (a canção) Tropicália nesses shows que estou fazendo com o Gil. É como se a música falasse sobre o que está acontecendo, sobre o Brasil como ele realmente é. É uma experiência nova, que transformou essa turnê que estou fazendo com o Gil em algo muito maior”, disse.

A entrevista completa, com detalhes sobre a Tropicália, pode ser conferida no site da BBC Brasil.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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