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Em entrevista revivida na web, cantor do Raça Negra fala sobre jabá de rádios: “sem-vergonhice”

Um trecho de uma entrevista feita com a banda Raça Negra tem sido bastante visualizado e compartilhado nas redes sociais desde a semana passada. O fragmento foi retirado de um episódio do programa “Entrevista Record Música”, exibido em novembro de 2010, no canal de TV Record News.

Durante a atração televisiva, o apresentador Marco Camargo perguntou se o samba e o pagode têm sofrido com o excesso de cantores e grupos no meio. O vocalista Luiz Carlos disse que, assim como acontece no sertanejo atualmente, o pagode/samba contou, ainda na década de 1990, com uma série de artistas que montavam projetos e pagavam para ter circulação de suas músicas no rádio. “O que o cara faz? Ele pega um amigo e vai cantar. Um faz segunda, o outro faz terceira, quarta, quinta… parece marcha de carro. O perigo é isso: tem muita gente boa, mas tem muita gente ruim, e às vezes o cara tem um dinheirinho, o pai tem e o cara que tem talento, não tem espaço porque tem que pagar”, afirmou.

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De acordo com Luiz Carlos, as estações de rádio cobram jabás (valores em dinheiro em troca de reprodução de músicas) até de artistas iniciantes. “Chega no rádio, o cara tá com o disquinho dele, fez aquilo com um sacrifício danado, e o cara-de-pau do rádio tem coragem de cobrar R$ 60 mil reais do cara, para tocar [a música dele por] três meses. Coitada da mãe e da família do cara, ligando [para a rádio] todo dia, [porque] se não houver pedido, para. Como que o cara que está começando tem que pagar?”, disse.

O cantor do Raça Negra revelou uma conversa que teve com Jorge Aragão, na qual destacaram a importância da renovação do cenário artístico. “Ele disse isso, que não tem renovação, e a renovação é importantíssima, para a música, para a cultura, ter coisas novas e boas. Mas hoje não é o cara que tem talento. É muito triste falar isso, mas a matéria-prima do rádio é o artista e eles estão pisando em cima do artista, pedindo dinheiro. Então acho de uma sacanagem e sem-vergonhice tremenda. Quando o cara já tem um nome, ele faz um show, dá para a rádio, tem como se virar. Mas o cara está começando e já se pede dinheiro para ele. Agora, quem tem dinheiro, o pai do menino tem, o cara é bonitinho, não canta porcaria nenhuma, vai lá, paga e o cara toca”, afirmou.

Apesar de ter sido exibido em 2010, o trecho do programa foi compartilhado na semana passada por uma página na rede social Facebook e, desde então, registrou mais de 385 mil visualizações e 4,8 mil compartilhamentos. Confira:


Luiz Carlos Soltou O Verbo, Rádios !!
Publicado por Resenha do Samba em Sexta, 12 de fevereiro de 2016

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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