Descanse em paz: Tommy Ramone, histórico por acaso e influente por talento

 
O rock atingiu patamares inimagináveis e inigualáveis quando foi despretensioso. E talvez a última vez em que o estilo teve essa característica de verdade foi quando os Ramones surgiram.
 
Por acaso, Tommy Ramone teve um papel de protagonismo nessa história. O húngaro Thomas Erdelyi, na verdade, seria o empresário dos Ramones, que seria um trio, com Dee Dee Ramone nos vocais e no baixo, Joey Ramone na bateria e Johnny Ramone na guitarra. Mas Dee Dee não conseguia cantar e tocar ao mesmo tempo e o bizarro Joey, que não conseguia acompanhar o ritmo com as baquetas, ocupou o lugar que deveria ser dele desde o início: o pedestal do microfone. Tommy Ramone, então, assumiu as baquetas.
 
RINGO RAMONE
 
Gosto de comparr Tommy a Ringo Starr. O baterista dos Beatles não era genial. Mas compreendeu o conceito que a banda queria apresentar à época. Mesmo caso de Tommy, que tocava de forma ágil e agressiva, assim como Johnny com a palheta na mão. Thomas Erdelyi é talentoso como Richard Starkey.
 
 
O punk se formalizou com os Ramones, apesar do ensaio ter começado na década de 1960, com o MC5, e ter passado perto de se concretizar nos anos 1970, com os Stooges. Em alguns momentos, em faixas como “I Wanna Be Your Boyfriend”, os Ramones queriam ser Beatles. Em outros, como “Blitzkrieg Bop”, era uma mistura de Steppenwolf com MC5. Tem até um pouco de New York Dolls nos primeiros discos do quarteto, também de Nova Iorque.
 
Tommy tocou nos três primeiros discos dos Ramones e deixou uma marca no punk rock, que se perpetuou com trabalhos posteriores na produção. Ele deixou o banco da bateria para Marky Ramone, que imitou religiosamente o padrão já estabelecido por ele anteriormente, e passou a trabalhar como empresário, além da co-produção de discos como “Road To Ruin” e “Too Tough To Die”. Tommy também foi produtor de bandas como The Replacements e Redd Kross. E, mais recentemente, formou um projeto com a esposa, chamado Uncle Monk.
 
“NORMAL”
 
Integrante mais normal dos Ramones, Tommy tinha a confiança de Johnny, que controlava a banda com punhos de ferro. O guitarrista não suportava os problemas psicóticos de Dee Dee (com transtorno bipolar) ou emotivos de Joey (com transtorno compulsivo obsessivo). No final das contas, os três eram loucos e o baterista, produtor e empresário colocava ordem na casa.
 
 
Não para sempre. O final dos Ramones foi precoce, pelo lado produtivo. A banda tinha mais para oferecer. Por outro, demorou para acabar: os problemas internos eram gravíssimos, jamais seriam resolvidos.
 
Obviamente, a banda jamais poderá se reunir. Especialmente a formação clássica. Joey por um linfoma, Johnny por um câncer de próstata, Dee Dee por uma overdose de heroína e, agora, Tommy, por um câncer nas vias biliares. É a única banda de rock com todos os integrantes da formação clássica já mortos, se não me falha a memória.
 
Mas o legado permanece. A influência dos Ramones é imensurável. Do punk, estilo o qual estabeleceram as regras, ao hardcore, evolução natural do gênero anterior, além do heavy metal e do grunge. Até mesmo o técnico baterista Mike Portnoy, do Dream Theater, cita o simplório quarteto de Nova Iorque como inspiração. Provavelmente, por culpa de Tommy.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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