Genérico, novo álbum do Gotthard não empolga

Gotthard: “Bang!” [2014]

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Os integrantes do Gotthard tinham todos os motivos do mundo para encerrarem as atividades do grupo após a trágica e prematura morte de Steve Lee, em 2010. Corajosos, os integrantes preferiram encarar a possível rejeição do público e começar uma nova versão da banda com Nic Maeder nos vocais.
“Firebirth”, lançado em 2012, foi o primeiro com a nova formação e garantiu um saldo positivo para o quinteto. A banda se saiu bem sem Steve Lee. Mas a falta do cantor ainda era sentida. Especialmente as últimas faixas do registro deixam a impressão de que apenas a presença da voz de Lee poderia melhorar algumas faixas.
O sucessor, “Bang!”, chegou às lojas no início deste mês e voltou a apresentar a sensação descrita no parágrafo anterior. O problema é que a fraqueza do material apresentado é bem mais geral. O trabalho soa genérico e sem nenhum elemento diferencial – que, antes, era a voz de Steve Lee, além das boas composições.
A faixa título, que abre o registro, conta com um ritmo atraente e o refrão fica na cabeça, mas a composição e os riffs não são atrativos. “Get Up N’ Move On” traz aceleração, mas é muito genérica. “Feel What I Feel”, mais melódica, apresenta um instrumental mais elaborado. Nic Maeder apresenta outro timbre vocal, mais grave, em partes da canção. Ficou ótimo, mesmo dando uma identidade diferente. O mesmo acontece em “C’est La Vie”, balada um pouco melancólica que traz o acréscimo de acordeão como a característica mais peculiar, além da participação da cantora Melody Tibbets.
“Jump The Gun”, pesada, também soa genérica. Faltou um refrão interessante e uma performance vocal com mais identidade. “Spread Your Wings”, mais arrastada, tem um instrumental interessante. A produção poderia ter dado maior destaque ao baixo nessa canção, visto que o groove a orienta. “I Won’t Look Down” apresenta uma orquestra de fundo que é decisiva para dar o clima adstringente da canção. “My Belief”, típico hard com influências setentistas, tem riffs e performance vocal pouco destacada. Filler.
“Maybe” volta a contar com a cantora Melody Tibbets em dueto com Nic Maeder. Linda balada. “Red On A Sleeve” é quase heavy. Se não fossem os momentos em que os teclados roubam a cena, seria uma música mais chata. “What You Get” retoma alguns elementos orquestrados, mas também não cheira nem fede, assim como a roqueira “Mr. Ticket Man”. O encerramento conta com provavelmente a faixa mais longa do Gotthard: “Thank You” tem quase 11 minutos de duração. Com exceção dos bons solos de guitarra, a música é muito exagerada. Para se fazer algo tão longo, é necessário, ao menos, mudar o andamento. Caso contrário, fica maçante e enjoativo – como ficou aqui.
O Gotthard pecou pela mesmice em “Bang!”. Apesar de algumas faixas interessantes, o registro é fraco e genérico em seu conjunto. Não é marcante. Talvez o Gotthard tenha sido salvo em outros momentos da carreira pela voz de Steve Lee – tenho a sensação de que gosto de algumas canções do grupo, em especial dos últimos registros antes da morte, só pela voz dele. Além disso, a ausência de Lee nas composições é sentida. Os suíços precisam encontrar uma nova alternativa, ou vão cair no esquecimento após alguns lançamentos.

Nota 5

Leo Leoni (guitarra)
Freddy Scherer (guitarra)
Marc Lynn (baixo)
Hena Habegger (bateria)
Nic Maeder (vocal, guitarra)

Músico adicional:
Melody Tibbets (vocal em 4 e 9)

01. Bang!
02. Get Up N’ Move
03. Feel What I Feel
04. C’est La Vie
05. Jump The Gun
06. Spread Your Wings
07. I Won’t Look Down
08. My Belief
09. Maybe
10. Red On A Sleeve
11. What You Get
12. Mr. Ticket Man
13. Thank You

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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