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O único músico que metia medo em Ritchie Blackmore

Conhecido pela personalidade difícil, guitarrista revelou sentir pavor de artista com quem colaborou na década de 1960: "tinha certeza que ele ia me bater"

Ritchie Blackmore é conhecido por sua personalidade complicada. Não faltam relatos sobre seu temperamento difícil e atitudes arrogantes — inclusive episódios curiosos envolvendo o guitarrista aqui no Brasil. No entanto, havia um músico em particular que, curiosamente, o deixava intimidado e na defensiva.

O artista fez a revelação em entrevista à Guitar Player em 1996. Durante o bate-papo, ele contou que sentia muito medo do saudoso Jerry Lee Lewis, com quem colaborou por volta de 1963.

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Segundo Blackmore, o problema era a reputação do “chefe”, de quem considerava-se fã. À época, o guitarrista, com recém-completados 18 anos, ouviu boatos sobre a impaciência e agressividade de Lewis, que, por consequência, geraram certa insegurança, como relembrou: 

“Toda vez que Jerry Lee Lewis vinha para a Inglaterra, eu era contratado como guitarrista dele. A primeira vez que toquei com ele, eu tinha acabado de fazer 18 anos, e a gente supostamente teria uma semana de ensaios. Mas ele não apareceu na semana anterior à turnê. Dois dias antes da estreia, ainda nada. A gente ia começar em Birmingham e ele só apareceu na tarde do show. Eu estava me borrando de medo, porque tinha ouvido de várias bandas que, se você tocasse uma nota errada, o Jerry te descia a porrada — dava um soco na sua cara. Eu era muito fã, mas também morria de medo dele.”

Especificamente em relação ao mencionado show de Birmingham, na Inglaterra, Blackmore relatou que Lewis não só faltou aos ensaios, como apareceu no local da performance apenas uma hora antes de subirem ao palco. Sem saber o que fazer, Blackmore começou a “suar frio” e a esperar pelo pior enquanto rapidamente treinavam no backstage: 

“Cerca de uma hora antes do show, Jerry aparece, senta ao piano e começa a tocar um pouco. Eu estava apavorado. Não fazia ideia do que ele ia tocar e estávamos prestes a fazer um show grande, num teatro lotado. Ele toca a introdução e então se vira pra gente e diz quais notas deveríamos tocar. Aí ele sai do piano e começa a andar na minha direção. Eu entrei em pânico total, só esperando o soco. E então ele fala: ‘toca, garoto’, naquele sotaque sulista bem carregado. Eu começo o solo, suando frio. Tinha certeza que ele ia me bater. Ele está ali parado, com as mãos na cintura, me encarando. Quando terminei o solo, ele estendeu a mão e disse: ‘bom, garoto’. A única coisa que eu sentia era alívio por ele não ter me batido.”

Depois do ocorrido, nas palavras do guitarrista, os dois viraram “grandes amigos”. Jerry queria levá-lo para Memphis, no Tennessee, nos Estados Unidos, para que continuassem tocando juntos, mas não foi possível devido à pouca idade de Blackmore. Numa postagem homenageando o artista em 2022, ele afirmou a respeito da experiência:

“Lá em 1963, toquei com Jerry Lee. Tocamos por toda a Europa. Eu estava em uma banda chamada The Outlaws. Jerry Lee nunca nos dizia exatamente o que ia tocar… ele só indicava a tonalidade. Foi uma experiência de aprendizado incrível. Vamos sentir sua falta.”

Sobre Jerry Lee Lewis 

Na década de 1950, quando “tudo ainda era mato”, o então jovem rock and roll teve seus pioneiros e desbravadores. Um deles foi Jerry Lee Lewis, dono de hits do porte de “Whole Lotta Shakin’ Goin’ On” e “Great Balls of Fire” e responsável por performances incendiárias. Não à toa, o cantor conhecido como “The Killer” formava com Johnny Cash, Elvis Presley e Carl Perkins o chamado Million Dollar Quartet.

Acompanhado do piano, Lewis é lembrado por apresentações enérgicas e grandes sucessos antes de sua carreira entrar em declínio, em meados da década de 1960. O cantor se envolveu em polêmica ao se casar com uma prima de apenas 13 anos de idade, o que causou uma enorme queda de popularidade.

A partir daí, migrou para o country, flertando também com a música gospel em alguns momentos. Embora continuasse fazendo shows e lançando discos, nunca mais conseguiu retomar o estrelato. Foi o último sobrevivente do Million Dollar Quartet e da chamada “Class of ‘55”, que incluía também Roy Orbison.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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