O uso do nome “Rhapsody” gera confusão há tempos. Acompanhe a linha do tempo:
- Em 2006, a banda italiana que havia se consagrado no segmento power metal ainda no fim do século 20 mudou seu nome para Rhapsody of Fire;
- Com a saída do guitarrista Luca Turilli em 2011, surgiu, inicialmente, o Luca Turilli’s Rhapsody;
- Passada meia década, após o rompimento com o vocalista Fabio Lione, nasceu o Turilli/Lione Rhapsody, mas que de início se chamava somente… Rhapsody;
- Mais recentemente, Luca e Fabio montaram o Rhapsody with Choir and Orchestra, que, como o nome indica, executa canções do grupo junto de orquestra;
- Em meio a tudo isso, o Rhapsody of Fire seguiu em atividade, tendo apenas o tecladista Alex Staropoli como fundador remanescente.
Quem vem ao Brasil neste fim de ano é o Rhapsody of Fire, para shows em São Paulo (Carioca Club – 14/12) e Brasília (World Brasília – 16/12). Além de Staropoli, a formação atual conta com Roberto De Micheli na guitarra, Alessandro Sala no baixo, Paolo Marchesich na bateria e Giacomo Voli nos vocais.
Em entrevista ao site IgorMiranda.com.br, Giacomo — que integra a banda deste 2016, mas estreou no Brasil somente no ano passado — abordou temas diversas. Adiantou o que podemos esperar das apresentações no país, projetou o futuro do grupo e até respondeu a uma declaração crítica de Lione a respeito de como, em sua visão, seu estilo não se encaixa à proposta musical.
Em relação às datas marcadas no Brasil, Voli demonstrou empolgação por seu retorno. Apesar da promessa de celebrar o 25º aniversário do álbum “Dawn of Victory” — com destaques como a faixa-título, “Triumph for My Magic Steel” e “Holy Thunderforce” —, a execução não será na íntegra. O repertório contemplará outras canções, das clássicas às atuais.
“Nesse momento, tocar um álbum inteiro, mesmo que como celebração, seria impossível. Tomaria tempo demais do setlist. Temos cerca de 1h40 de show, então tocaremos mais ou menos seis músicas desse disco, o que já é uma boa parte de todo o repertório. Fizemos isso algumas vezes na Europa e em outros lugares e foi muito legal. Também tocaremos muitos clássicos, pois respeitamos e celebramos muito o passado. Não queremos trair o que os fãs esperam desse nome, que tem um grande passado. Mas também tocaremos sons mais recentes. Temos muito orgulho do que fazemos agora. Fico muito feliz de ver as pessoas cantando junto ‘I’ll Be Your Hero’ ou ‘Rain of Fury’.”
Giacomo garante ter se sentido acolhido durante a visita anterior ao Brasil, que contou com data única em São Paulo (no mesmo Carioca Club, em maio). “Espero que estejamos ainda melhores agora”, complementa.
Futuro do Rhapsody of Fire
Com seu álbum mais recente, “Challenge the Wind” (2024), o Rhapsody of Fire pretendia fechar o ciclo da saga “The Nephilim Empire” enquanto uma trilogia, iniciada por “The Eighth Mountain” (2019) e complementada também por “Glory for Salvation” (2021). Entretanto, ao que tudo indica, os planos mudaram.
Os italianos já têm ideias para novas histórias e até spin-offs dentro desse universo que criaram. Voli comenta:
“Estávamos prometendo fazer três partes da saga ‘The Nephilim Empire’, mas estamos pensando em fazer mais, pois há formas de contar sobre personagens secundários, ou de ir um pouco para frente e até para trás na história. Temos muitas ideias de como continuar isso para uns dois álbuns ainda nesse tema. Estamos realmente gostando de estar dentro dessa história.”
Resposta às declarações de Fabio Lione
Em recente entrevista à Roadie Crew, o antecessor de Giacomo Voli no Rhapsody of Fire, Fabio Lione, teceu críticas veladas a seu sucessor. Na ocasião, Lione — também notório pela parceria recém-encerrada com o Angra — definiu Voli como “tecnicamente muito bom”, mas “não é o que precisa”. Ele destacou que músicas como “Lamento Eroico” “nunca foram executadas por nenhuma outra encarnação” da banda e exemplificou: “se colocar o Steven Tyler no Manowar, ou Eric Adams no Aerosmith, não dá certo”.
Em pergunta a respeito dos comentários, Giacomo deu a entender que não se importa muito. Entretanto, respondeu com certa acidez. Inicialmente, declarou:
“Não respondi a isso até agora pois não tenho interesse nessa forma de tratar pessoas, de falar m*rda delas. Não quero me rebaixar a esse nível, pois não me importo. Não sei bem o que dizer, mas o que tenho a dizer — não exatamente respondendo a isso — é: se algum dia eu não puder mais cantar, eu teria muito prazer em dizer para algum dos meus amigos: ‘Por favor, pegue meu lugar! Por favor, faça o que eu não posso mais fazer, pois estou com problemas’.”
Na sequência, complementou, destacando que existem outros cantores ótimos no mundo todo:
“Respeito todo mundo, tem muitos vocalistas fazendo grandes trabalhos. Posso citar alguns, como Roberto Tiranti (ex-Labyrinth), vários que tive o prazer de conhecer ao longo de vida. Esse é o meu jeito de ver outros músicos. Se houver respeito à música, eu ficaria muito feliz em falar: ‘Venha! Pois eu não posso mais’. É meu jeito de viver a música e a vida. De outra forma, tudo se torna tão egoísta. Sei o que posso fazer, o que consigo compor e cantar, sei quais são meus pontos altos, mas sei que há outros ótimos cantores com suas próprias vozes e personalidades — e eu respeito demais isso.”
Representatividade LGBTQIAPN+ no power metal
Raro nome do metal abertamente não heterossexual, Giacomo Voli se apresenta publicamente nas redes como pansexual (orientação sexual onde a pessoa se sente atraída por outras pessoas independentemente do seu gênero ou identidade de gênero) e com identidade não binária (não se identificando com gênero masculina ou feminina). Ao abordar o tema, diz que sempre foi muito bem aceito dentro do meio da música pesada, embora “uma ou outra” pessoa já tenha comentado coisas ruins sobre ele por esse motivo.
“Nunca vi isso como algo que limitou minha carreira. Há sempre uma ou outra pessoa por aí que fala m*rda, mas sinto apenas pena delas, pois simplesmente isso é a realidade. Se uma pessoa entre dez não é heterossexual, não consigo entender por que isso seria um problema, pois é apenas ciência, e ciência existe de qualquer forma. Eu não escolhi ser assim, uma pessoa pansexual, ou bissexual, ou como quiser chamar.”
Voli ainda mencionou artistas grandiosos que não são heterossexuais, a exemplo de Freddie Mercury, George Michael e Elton John. No fim das contas, isso nada tem a ver com sua performance vocal.
“Não diz nada sobre quem sou cantando ou compondo. Apenas pense em Freddie Mercury, que era abertamente gay [nota: Freddie era bissexual] e também pense em sua música preferida ser do Elton John! O mundo inteiro curtindo e cantando essa música, mas talvez essa canção foi dedicada a um homem. Ou então, quando todos cantam ‘Careless Whisper’ por aí. É algo tão bonito que não importa se foi composta para um homem, ou uma mulher. É isso que mais amo na música. Muitos cantores que todos amamos são abertamente LGBT+, e isso não quer dizer nada. Eu me importo com a música.”
*O Rhapsody of Fire vem ao Brasil para shows em São Paulo (Carioca Club – 14/12) e Brasília (World Brasília – 16/12). Clique no nome de cada cidade para compra de ingressos.
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