Não há dúvidas de que o Rock in Rio 1985 entrou para a história. Para o Iron Maiden, o festival marcou a primeira visita da banda ao Brasil e proporcionou o momento emblemático de Bruce Dickinson cantando “Revelations” com o rosto ensanguentado. Já nos bastidores, o evento ainda testemunhou o único e curioso encontro entre o vocalista e Freddie Mercury, que cantou na mesma data ao lado do Queen como headliner.
O momento deu-se numa festa antes de subireem ao palco no dia 11 de janeiro. Durante participação em 2021 no podcast Psycho Schizo Espresso (via Rock and Roll Garage), Dickinson mencionou a rápida e estranha conversa entre ambos, destcando:
“A única vez que eu vi o Freddie foi em 1985, no Rock in Rio. Foi numa festa antes do show, e havia muita cocaína circulando por todo lado. O Freddie chegou vestindo algo como um casaco de pele, veio até mim e me deu um grande abraço, dizendo: ‘ah, querido, que bom te ver’. Depois foi até o baixista e disse: ‘Vocês deveriam se livrar daquele cantor. Se livrem dele rápido’ [risos]. Em poucas palavras, foi isso.”
Dickinson relembrou a experiência no festival na autobiografia “Para que serve esse botão?” (2017). No livro, o cantor especificamente relatou o caos instaurado no backstage, escrevendo em trecho:
“Ainda não éramos headliners; a honra pertencia ao Queen, que tocaria depois de nós. Mesmo assim, era claro que havia grande expectativa pelo Maiden. A área do festival em si estava tomada pelo caos. Os ânimos e a tensão estavam acirrados no backstage. Mal se tinha uma percepção de ordem, e a sensação era de que a qualquer momento a desordem poderia irromper.”
Após a apresentação da Donzela de Ferro, Bruce resolveu assistir ao set do Queen. Em depoimento concedido para o livro “Brian May: The Definitive Biography” (2007), de Laura Jackson, o vocalista contou que viu Mercury em lágrimas depois de encerrar a performance devido à reação do público em “I Want to Break Free”. Ele disse:
“Eles começaram a tocar ‘I Want to Break Free’ e o público não gostou de ver o Freddie vestido com roupas femininas, mas, obviamente, o Freddie não entendia o que havia de errado. Quando o Queen saiu do palco, Freddie imediatamente caiu em lágrimas. Ele simplesmente não fazia ideia de por que o público havia reagido daquela forma. Alguém rapidamente explicou a ele que ‘I Want to Break Free’ era considerada uma música sobre liberdade ali. Eles haviam se ressentido de ele ironizar a canção, mas ele ficou muito chateado.”
Vale destacar que a morte de Mercury em 1991 influenciou diretamente a composição de “Fear is the Key”, música presente no disco “Fear of the Dark” (1992). Dickinson também considerava-se um fã do trabalho do Queen, especificamente de uma canção, como afirmou à Classic Rock em 2006:
“Eu adoro ‘Who Wants to Live Forever’ simplesmente por causa da bela melodia vocal, pela forma como a música continua a se elevar à medida que avança. Na primeira vez que ouvi essa canção, ela me fez chorar.”
Iron Maiden atualmente
Em maio, o Iron Maiden deu início em território europeu à sua turnê comemorativa de 50 anos, intitulada “Run for Your Lives”. Na excursão, o grupo só toca músicas do período entre o álbum homônimo de estreia, de 1980 e “Fear of the Dark” (1992). A expectativa é de que tragam o giro para a América do Sul em 2026.
Um livro visual será lançado também como forma de celebrar o 50º aniversário. “Iron Maiden: Infinite Dreams — A História Visual Oficial” chegou ao mercado nacional em 31 de outubro por meio da Belas Letras. A tradução é de Marcelo Vieira, colaborador do site IgorMiranda.com.br.
Além disso, haverá um documentário comemorando o marco. A obra deve sair em breve, com data a ser confirmada.
Criado em parceria com o Universal Pictures Content Group, o filme é descrito como “uma jornada emocionante pelos 50 anos de história do Iron Maiden contada da perspectiva da banda e de alguns de seus seguidores mais devotados”. Além de superfãs de longa data, nomes como Javier Bardem, Lars Ulrich (Metallica) e Gene Simmons (Kiss) concederam depoimentos.
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