Às vésperas de sua apresentação única no Brasil, que encerra a edição 2025 do festival Setembro Negro em São Paulo com um set de clássicos do Celtic Frost, Tom G. Warrior concedeu uma entrevista exclusiva (também disponível em vídeo) a Marcelo Vieira, jornalista e colaborador do site IgorMiranda.com.br.
No papo, o músico suíço falou sobre um dos capítulos mais controversos de sua carreira: o álbum “Cold Lake” (1988), até hoje visto como o “patinho feio” da discografia de sua antiga banda, quando abandonaram o metal extremo para flertar com o glam metal.
Sem rodeios, Warrior classificou o trabalho como “catastrófico”. Todavia, destacou que a experiência foi fundamental para sua evolução artística e pessoal:
“Na minha opinião, foi um álbum catastrófico — e eu assumo responsabilidade por isso. Mas, por outro lado, devo dizer que fomos honestos conosco mesmos quando percebemos o que havíamos criado. Precisei admitir para mim mesmo que, não, não era um bom álbum. Isso me obrigou a amadurecer como músico, a evoluir artisticamente.”
Ele completa:
“Também me levou a olhar para frente e me questionar: por que isso aconteceu? O que há de errado nesse trabalho? O que devo evitar no futuro? Meu controle de qualidade é suficiente ou preciso ser muito mais rigoroso quando gravo um álbum? (…) Percebi ainda que havia cedido controle demais a outros músicos ou ao produtor. Jurei a mim mesmo que isso nunca mais aconteceria, porque, no fim das contas, é o meu nome que está no álbum.”
Resistência ao relançamento
Mesmo sabendo que há demanda dos fãs por um relançamento, Warrior se mostra irredutível quanto à ideia de disponibilizar “Cold Lake” outra vez. Ele justifica:
“Seria um desperdício de matéria-prima — e já desperdiçamos recursos demais neste planeta. A simples fabricação de CDs, por exemplo, consome petróleo e gera poluição. Para mim, seria um gasto inútil.”
Mas acrescenta, dizendo que a decisão não depende só dele:
Além disso, não possuo os direitos de ‘Cold Lake’. O material inicial do Celtic Frost pertence à gravadora, e atualmente os direitos estão com a BMG, em Londres. Se a BMG um dia decidir relançá-lo, não terei como impedir. Tenho certeza de que isso vai acontecer, no máximo, quando eu morrer. (…) Até hoje, eles respeitaram meu pedido de não relançar o álbum. Mas, cedo ou tarde, tenho certeza de que o farão, porque os direitos são deles. É simplesmente a realidade do mercado.”
Celtic Frost e “Cold Lake”
Quarto álbum de estúdio do Celtic Frost, “Cold Lake” representou uma guinada polêmica na carreira da banda suíça, marcada pela tentativa de adotar elementos do glam metal em meio ao auge da cena hollywoodiana. Gravado após a saída do guitarrista Reed St. Mark, o disco contou com Oliver Amberg na guitarra e Curt Victor Bryant no baixo, ao lado de Stephen Priestly na bateria. Rejeitado pela maior parte da base de fãs e pela crítica, tornou-se o trabalho mais controverso do grupo e permanece até hoje como um ponto dissonante em sua discografia.
Triptykon no Brasil
Apresentando um repertório composto inteiramente por clássicos do Celtic Frost, o Triptykon encerra a edição 2025 do Setembro Negro Festival, no Vip Station, em São Paulo, neste domingo (7), quando também se apresentam Candlemass, Power Trip, Varathron e outros. Às vésperas do show, Tom G. Warrior não poupou elogios ao público brasileiro:
“Vindo da Suíça, sinto que o público no Brasil é extremamente enérgico e entusiasmado. Na Suíça, as pessoas são mais frias, contidas, conservadoras — faz parte da nossa cultura. Mas na América do Sul, e especialmente no Brasil, o público é mais caloroso, mais receptivo, muito mais intenso. Não têm medo de demonstrar entusiasmo, de suar, de bater cabeça, de se entregar completamente à música.”
Serviço – Setembro Negro Festival 2025
- Data: 5 (sexta-feira), 6 (sábado) e 7 (domingo) de setembro
- Abertura da casa: 17h30 (dia 5), 13h30 (dia 6) e 12h30 (dia 7)
- Showtime: 18h30 (dia 5), 14h30 (dia 6) e 13h30 (dia 7)
- Local: Vip Station
- Endereço: Rua Gibraltar, 346 – Santo Amaro
- Ingressos: site Clube do Ingresso
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